quinta-feira, 27 de maio de 2021

A VIDA NÃO É, NEM PODE SER REDUZIDA A UM RELES LEVANTAMENTO CONTÁBIL DOS HAVERES E DEVERES FINANCEIROS! – 2

(continuação deste post)
As crianças enjauladas da Era Trump...
O que faz com que pessoas (principalmente jovens) que atravessam a nado o ponto mais extremo da África com relação à costa europeia espanhola sejam presas e rejeitadas por clandestinidade migratória?

O que leva o governo dos Estados Unidos a tratar a pontapés os emigrantes, expulsando os que já estão lá e impedindo os que tentam ingressar – e isto não só sob o republicano Donald Trump, que separou crianças dos seus pais numa espécie de jaula, mas também sob o democrata Joe Biden, que acaba de deportar brasileiros exatamente como o fizera o democrata Barack Obama –, senão o fato de que seus critérios de cidadania são baseados em mesquinhos aspectos econômicos contributivos?

É que a cidadania democrática burguesa, em qualquer país dito civilizado e rico, somente funciona para quem tem dinheiro; e se for grana alta, o candidato poderá até receber o green card, ainda que tenha sido um criminoso em seu país de origem.  

O mundo que se pretende civilizado (mas demonstra não o ser) há muito deveria ter superado um tipo de relação social que se baseia em critérios de produção de valor monetário, simplesmente por que ele é desumano; e precisa fazê-lo antes que a vida se torne inviável no estágio do limite interno de reprodução de sua própria substancia funcional, o dinheiro. 

Quando disse isto a uma que considera acordar dia após dia para ganhar dinheiro algo tão natural como tomar água ou satisfazer as suas necessidades fisiológicas, ela contrapôs ser impossível as pessoas se conscientizarem por elas mesmas de que devem prescindir do vil metal, adotando um novo modo de vida; noutras palavras, insinuou que sou um mero sonhador.  
...eram iguaizinhas às da Era Obama.

Mas, sabendo que ela está desempregada, sem grana para pagar a faculdade (daí ter trancado a matrícula) e nem mesmo para custear outras despesas pessoais, expliquei que a cada vez mais acentuada falta de dinheiro, que ora a atinge, vai provocar empiricamente uma exigência de formas alternativas de relação social.

E fui além: isto ocorrerá tenhamos ou não consciência teórica da conveniência do combate à negatividade implícita nas relações sociais capitalistas.

Não foi o sentimento humanitário que aboliu a escravidão direta dos negros no Brasil, mas a necessidade capitalista de absorção dos negros no mercado produtor de valor via trabalho abstrato (ainda que a hipócrita consciência civilizatória o tivesse exigido); trabalho abstrato que, paradoxalmente, agora lhes é em grande parte negado. 

O processo dialético social é que impõe revolucionariamente as transformações sociais, a posteriori; e não a consciência teórica, a priori. 

Há fatos absolutamente imprevisíveis que contribuem para a explicitação da irracionalidade capitalista e se agregam subsidiariamente às crises. Um deles é o surgimento de uma pandemia que assola os continentes e a humanidade, cujos levantamentos extraoficiais já apontam para cerca de 10 milhões de óbitos, um número mais condizente com guerras mundiais. 
A desigualdade social é mais chocante numa pandemia

É evidente que um modo de produção social fora do mercado possibilitaria uma racionalização da produção e distribuição de objetos servíveis e indispensáveis ao consumo (excluindo as quinquilharias capitalistas desnecessárias), bem como a efetivação de serviços presenciais adaptados a uma realidade pandêmica, principalmente na era da tecnologia eletrônica de comunicação. 

Ao mesmo tempo, a produção de vacinas sem o critério da comercialização e custos de produção que proíbe os países pobres de compra-las (já há um apartheid pandêmico, com os países ricos vacinando suas populações em percentagens bem mais expressivas do que os países pobres) certamente possibilitaria um controle sanitário profilático verdadeiramente humanitário. 

A depressão econômica anteriormente já em curso encontrou na pandemia continental um inimigo que o capitalismo não pôde colocar na cadeia como terrorista subversivo, ainda que certos farsantes o designem como comunavírus, numa alusão à China, que, inocente dessa imputação asnática, é, contudo, quem hoje pratica o capitalismo mais selvagem do planeta, poluindo a atmosfera (é, com os Estados Unidos, com quem disputa a hegemonia da exploração capitalista, o maior emissor da CO²) e escravizando o milenar povo chinês. 

Caminhamos, pois, para o momento de saturação definitiva do modelo capitalista cambaleante, seja por agressão ecológica, pandemia, desemprego estrutural, dívida pública impagável, colapso iminente de todo o sistema financeiro, concentração da riqueza, e tantos outros fenômenos próprios à incorretamente denominada modernidade social.

Será que vamos aprender e nos reinventar, evoluindo para um estágio superior de civilização, ou nos destruiremos num processo autofágico?
     (por Dalton Rosado)  

Um comentário:

SF disse...

Responder perguntas retóricas é função do comentador do blogspot.

Será que vamos aprender e nos reinventar, evoluindo para um estágio superior de civilização, ou nos destruiremos num processo autofágico?

Como não vamos evoluir, Dalton!?

Existe um cara que tem dois blogs falando de sua experiência de mais de 15 anos sem usar dinheiro.

zerocurrency.blogspot.com/
e
https://sites.google.com/site/livingwithoutmoney/

Estão em inglês, mas o tradutor do google evoluiu muito e os textos são totalmente traduzíveis e compreensíveis.

O Suelo é meio místico, vou avisando.
***

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