thaís oyama
O PT OFERECE A CABEÇA DE GLEISI DE
OLHO NA DE LULA, MAS PODE SER TARDE
Menos de 48 horas depois de as urnas revelarem a fragorosa derrota do PT para siglas de direita, centro-direita, centro-esquerda e esquerda também, expoentes do partido vieram a público dizer em alto e bom som o que há tempos já sussurravam nas coxias.
"O Lula já deu muito para o partido. É hora de abrir espaço", disse Alberto Cantalice, do diretório nacional do PT.
O senador Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, foi mais claro: "A gente não pode ficar refém. Eu sou amigo irmão do Lula, mas vou ficar refém dele a vida inteira? Não faz sentido".
Há 40 anos, o PT não dá um passo sem a bênção de seu caudilho. Nenhuma aliança vinga sem a aprovação do ex-presidente. Toda estratégia emana da sua voz.
Nas eleições municipais, partiu de Lula o comando para a sigla lançar o maior número de candidatos no país, em vez de apoiar outras legendas em cidades estratégicas onde as chances da esquerda eram boas.
A presidente do PT, para quem Lula é destituído da característica da falibilidade, apenas executou o plano – que nada tinha de novo.
Entre vencer o adversário do campo oponente (mas no papel de coadjuvante) e correr o risco de perder (mas no figurino de líder da oposição), o PT sempre preferiu o segundo caminho.
Age, assim, à imagem e semelhança de seu presidente eterno.
Entre abrir espaço para o crescimento de novos nomes e fortalecer o partido e a esquerda, ou manter o seu como única opção, mesmo com prejuízo do partido e da esquerda, Lula sempre escolheu ficar ao lado dele mesmo.
Foi assim quando queimou Eduardo Suplicy em 2002, depois que o então senador ousou disputar prévias internas com ele.
Foi assim quando aplicou mais de uma rasteira em Ciro Gomes, o ex-aliado do PDT a quem prometera dar as mãos.
Foi assim com Jaques Wagner, por ele preterido para as eleições de 2018, e foi assim com Fernando Haddad, cuja oficialização da candidatura naquele ano Lula só liberou a 20 dias das eleições –muito tempo depois de até as paredes da cela que o abrigavam na Polícia Federal estarem conformadas com a impossibilidade legal de ele disputar o pleito.
Agora, diante da pior surra eleitoral da sua história, o PT planeja oferecer a cabeça de sua presidente num ritual de sacrifício destinado a preservar, ao menos simbolicamente, a do artífice da derrota.
Correntes minoritárias do partido já se articulam para abreviar o mandato de Gleisi Hoffman, que vai até 2023. Lideram o movimento a Articulação de Esquerda e a Novos Rumos. A corrente majoritária no PT é a Construindo um Novo Brasil.
A cabeça de Gleisi não vale uma missa. Mas talvez seja tarde demais para cortar a de Lula.
Há 40 anos, o PT é refém do ex-presidente. Agora, como disse Wagner, quer se libertar dessa prisão. A questão é o que sobrará do partido se conseguir. (por Thaís Oyama)
Um comentário:
O bolsolulismo é uma religião evangélica fundamentalista.
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