sábado, 25 de abril de 2020

O PAPEL DE SERVIS ADMINISTRADORES DO CAOS CAPITALISTA CONDIZ CONOSCO? – 2

(continuação deste post)
Pandemia = comunavírus. O energúmento garante!
Incapaz de, apesar de todos os instrumentos institucionais que lhe são fornecidos e da ajuda dos ricos beneficiários privados, dar viabilidade mínima à ordem social capitalista, a direita procura transferir a responsabilidade pelo caos social que ela administra. É o que lhe resta como desculpa. 

Ainda nesta semana, o energúmeno ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou sem corar, que a crise sanitária é um fenômeno comunavírus, como se um microrganismo virótico (como tantos outros que vêm afligindo a humanidade através dos tempos) fizesse opções ideológicas! Os terraplanistas e exotéricos de plantão zurraram sua concordância. Desse jeito estamos bem arrumados... 

O que ele não diz, mas está no subtexto de sua nota oficial repudiada pelos diplomatas do Itamaraty e demais seres pensantes, é que o coronavírus está a explicitar a ingovernabilidade a partir de critérios de uma relação social fundada na riqueza abstrata paralisada. 

O contrário dessa ingovernabilidade é a produção social sob critérios humanitários e de solidariedade que se contraponham à ilogia do capital, sendo este  o temor que faz com que governantes. tanto os mais ortodoxos quanto os mais flexíveis, optem por expor a sociedade à morte para dar vida ao capital agonizante. 
"as genocidas diretrizes sanitárias do Bolsonaro"

A confirmação de que somente poderemos sobreviver dentro de critérios de solidariedade humana e de uma produção social livre das amarras limitadas da produção baseada no lucro e não na satisfação das necessidades humanas – eis o que mais preocupa os donos da política, parte dos donos do saber e, principalmente, os donos do dinheiro.

O que atemoriza os submissos servos da ordem capitalista e seus beneficiários é a possibilidade de o povo acordar da letargia e engodo representados pela aceitação como justo daquilo que é injusto pelo direito natural (não o direito codificado), começando pelo instituto da propriedade.

Os critérios do direito de posse, com a necessidade de uso dos bens socialmente produzidos prevalecendo sobre a acumulação desses bens como mercadorias visando à multiplicação do capital, são completamente diferente do pretenso direito de propriedade, nada além de uma tentativa de convencer a todos dos benefícios de uma relação social maléfica, na qual a igualdade de acesso ao patrimônio e às oportunidades é inexiste.

Aos anticapitalistas cabe contestarem e confrontarem diariamente tais conceitos, mesmo sendo um processo de esclarecimento demorado e de difícil compreensão por parte de uma população majoritariamente empobrecida e com pouca ou nenhuma instrução escolar (muitos sequer sabem ler). 
"bolsonaristas e seus aliados de aluguel batem cabeça"
Em contrapartida, tal procedimento embute a certeza da dignidade de propósitos e do sucesso de longo prazo.

Isto não significa que devamos assistir passivamente à autodestruição do capitalismo por seus próprios fundamentos. Pelo contrário, há inúmeras atitudes que podem ser tomadas para acelerar tal processo, fora dos governos e parlamentos, desde que o norte das ações anticapitalistas seja o correto. 

Ao invés, p. ex., de lutar-se pela melhora dos salários (como fazem os sindicatos nestes tempos de desemprego estrutural) ou clamarmos por maior oferta de empregos com o reaquecimento da economia (uma unanimidade política, inclusive na esquerda), devemos mobilizar a todos, principalmente os 12 milhões de desempregados, para a ocupação de fábricas falidas e viabilização de atividades produtivas fora da lógica do lucro. 

A bandeira do Fora, Bolsonaro é correta. Contra ela se posicionam figuras como Roberto Jefferson e outros da mesma laia, remanescentes do mensalão, aos quais se aliou amoralmente o PT em nome da governabilidade sob o capitalismo. Aliás, o partido está nos devendo até hoje uma autocrítica desses desvios, que causaram estupefação e vergonha nos que acreditaram um dia que o PT fosse  capaz de conduzir a classe operária ao paraíso.

Os bolsonaristas e seus aliados de aluguel  (como era mesmo aquele blablablá sobre dar-se um fim à velha política?) batem cabeça mais do que nunca e, após a saída do Mandetta e do Moro,  é dado como certo o afastamento também do Paulo Guedes, antes de o governo desabar de fez.  
A remoção do Bozo não se deverá à esquerda

Sua defesa, atualmente, se restringe a grupelhos de políticos. Aspirantes à posição antes ocupada nas mídias sociais pela hoje dissidente Joice Hasselsemann pregam a transferência das responsabilidades pelo caos para o Congresso Nacional e os governadores que resistem às genocidas diretrizes sanitárias do Bolsonaro.
  
Mas, ainda que o impeachment venha a acontecer brevemente (o que é possível e desejado), ele resultará mais da abissal incompetência do insignificante deputado pinçado no baixo clero para fazer o serviço sujo requerido por empresários e políticos conservadores e por uma classe média insatisfeita e formadora de opinião, sendo então conduzido à presidência da República mediante uma inaudita manipulação eleitoral via internet, com o uso e abuso da falaciosa bandeira do combate à corrupção. 

A esquerda, que quase sempre se manteve como mera espectadora dos acontecimentos, chegou até a negar o imperativo da remoção do Bolsonaro, só se dando conta da insustentabilidade de tal posição agora em abril.

A direita não tem o menor pejo em demonizar os seus representantes no momento em que eles se mostram incapazes de cumprir a função que lhe foi designada, principalmente quando sua serventia era apenas momentânea, com prazo de validade previamente estipulado, como é o caso do Boçalnaro, o ignaro

A nós cabe engrossarmos essa torrente pró impeachment que cada vez mais se avoluma, mas sem nenhuma pretensão ao exercício do poder no aparelho de Estado, por tudo de deplorável que ele sempre representou e exacerba agora, no seu estágio de sobrevivência por aparelhos. (por Dalton Rosado)

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