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A forte gripe dos últimos dias e os transtornos por ela causados às minhas atividades diárias já me levavam a deixar para a noite a publicação de algum post, quando percebi que era obrigatório apresentar, o quanto antes, um balanço final da turbulenta e fracassada greve dos PMs cearenses.
Então, por falta de opção melhor nas atuais circunstâncias, estou publicando abaixo o do Reinaldo Azevedo, com o qual basicamente concordo, tendo excluído alguns trechos desnecessários.
reinaldo azevedo
ACABA GREVE NO CE. CAMILO CRESCE; BOLSONARO ENCOLHE; MORO HONRA A COVARDIA
A greve criminosa de policiais militares do Ceará chegou ao fim. Duas figuras se sobressaíram nessa crise: uma por suas virtudes e coragem e outra por seu oportunismo pusilânime.
Está de parabéns o governador Camilo Santana, do PT, que não tergiversou nem deu piscadelas para a desordem mesmo quando o governo federal, por atos e omissões, resolveu se juntar a bandidos amotinados. A covardia asquerosa é mesmo a de Sergio Moro, ministro da Justiça.
Não haverá aumento salarial além da oferta originalmente feita pelo governador. Santana também não cedeu à pressão para anistiar os grevistas.
Comprometeu-se, nem poderia ser diferente, com a garantia ao amplo direito de defesa. Sim, é verdade: terão amplo direito de defesa aqueles que largaram a população à mercê de bandidos. Ela não tinha como se defender.
Os que, por sua desídia, irresponsabilidade e militância política, concorreram para a morte de 198 pessoas terão um julgamento justo. Uma Comissão Externa será criada para acompanhar os processos, integrada por membros da OAB, do Exército, da Defensoria Pública e do Ministério Público.
Continuarão fora de serviço e da folha de pagamentos os 230 policiais que foram afastados por 120 dias e que respondem a processos administrativos. Firmada a sua culpa, serão expulsos da corporação. Com acerto, o juiz Roberto Soares Bulcão Coutinho, da 17ª Vara Criminal de Fortaleza, decretou na sexta passada a preventiva de 43 policiais presos em flagrante.
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BOLSONARO – O presidente Jair Bolsonaro, como resta evidente, solidarizou-se, por meio de silêncios e palavras, com os policiais. Não deu seu apoio explícito à greve, mas também não a censurou. Numa live na quinta retrasada, preferiu atacar o senador Cid Gomes, o doidão – sim! – da retroescavadeira. Ocorre que ele ainda traz duas balas alojadas no corpo.
Onyx Lorenzoni, na tal transmissão pela Internet, estimulado pelo presidente, chamou os tiros disparados por amotinados de legítima defesa. Ou seja, crime de responsabilidade de Bolsonaro e Onyx.
O presidente investiu no caos, mas acabou colaborando, sem querer, para pôr fim à greve. Ao ameaçar na quinta passada, não renovar o decreto de Garantia da Lei e da Ordem, disparou um alerta que soou na mesa de todos os governadores.
Ao sugerir que poderia retirar as Forças Armadas do Ceará, deixando a população à mercê de bandidos, ouviu-se um alarido silencioso: "Isso vale para todos nós".
E não! Bolsonaro não poderia proceder segundo a ameaça porque existe a Lei Complementar 97, que disciplina o que dispõe o caput do Artigo 142 da Constituição. As Forças Armadas podem ser chamadas a atuar como auxiliares na segurança pública a pedido de qualquer um dos Poderes. É o que dispõe também a lei.
O presidente, de fato, é quem dá a autorização formal, mas ele não pode dizer não a uma decisão do STF. Chegaram a seus ouvidos um recado oriundo de Santana e outro do Supremo. Caso decidisse pôr fim à ação das Forças Armadas, o governador iria ao tribunal. E este imporia a continuidade da operação de Garantia da Lei e da Ordem.
Os grevistas acharam melhor pôr fim à patuscada, apesar do apoio informal do presidente. Ele ficou, então, sabendo que, conforme dispõem Constituição e lei, ele não teria como fazer o que lhe desse na telha.
MORO – A greve dos policiais militares revelou, sem chance para leitura alternativa, a natureza politicamente pusilânime de Sergio Moro. Ele faz corar até a falta de vergonha. O ministro recorreu ao Twitter para publicar esta pérola:
"Recebo com satisfação a notícia sobre o fim da greve dos policiais no Ceará. O Gov Federal esteve presente, desde o início, e fez tudo o que era possível dentro dos limites legais e do respeito à autonomia do Estado. Prevaleceu o bom senso, sem radicalismos. Parabéns a todos".
Como? Quase 200 homicídios no período do motim, dois tiros disparados contra um senador, fardados armados e amotinados, e o ministro dá parabéns a todos, incluindo os grevistas?
O ministro só se manifestou sobre o caráter da greve neste sábado. Afirmou que ela era ilegal, mas que "o policial não pode ser tratado de maneira nenhuma como um criminoso".
Segundo a Constituição e a lei, que o ministro deveria respeitar, o grevista é criminoso, sim! Quando se amotina, aterroriza a população e depreda patrimônio, pior.
Só para lembrar: a greve já estava em declínio quando Moro foi ao Ceará. Ao chegar com a sua conversa mole em favor do entendimento — com bandidos amotinados, reitero —, o movimento recrudesceu.
O doutor manda um recado a outras PMs que eventualmente queiram botar fogo no parquinho: podem seguir adiante. Moro, o extremista de direita, o Mussolini de Maringá, não expressará um só muxoxo de reprovação, pregará o entendimento e depois dará parabéns a todos.
Já os roqueiros, desenhistas e chargistas que se cuidem. Com essa turma, ele é de uma coragem fabulosa. (por Reinaldo Azevedo)
Talvez o balanço final da greve nem fosse necessário. Bastaria esta música...
2 comentários:
Pronta recuperação nestes dias de tormenta cada vez mais frequentes nesta época do ano, e um abraço do Hebert.
Obrigado, Hebert, mas em São Paulo tem chovido todos os dias e não é sempre que posso evitar sair à rua. Aí não há jeito de sarar...
Um abração!
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