Uma explicação plausível (mas, nem por isto, necessariamente correta) para a crise do foda-se foi dada por Tales Faria, colunista do UOL:
"Por telefone, já na 3ª feira de Carnaval, o presidente do Senado conversou com o próprio Bolsonaro e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do STF, Dias Toffoli.
A todos pediu moderação para tentar costurar um acordo visando esfriar a manifestação do dia 15. O acordo envolve a votação dos vetos do presidente a Lei Orçamentária Anual de 2020 aprovada pelo Congresso. Especialmente no que se refere à execução de emendas do relator-geral.
Todos negarão publicamente um acordo. O presidente da República, porque diz não ter, nem exercer poder sobre a manifestação do dia 15. Alcolumbre, Maia e Toffoli, porque não querem admitir que estariam cedendo a uma pressão dos bolsonaristas.
Mas em conversas reservadas, todos têm restrição ao excesso de poder para o relator-geral do Orçamento.
A LOA aprovada no Congresso tornou impositivas as emendas do relator, deputado Domingos Neto. São cerca de R$ 30 bilhões que ele distribuiria entre os parlamentares, ficando o governo obrigado a liberar a verba sob pena de criminalização jurídica do gestor que não assinar a liberação".
Trocado em miúdos, Bolsonaro teria acionado suas milícias das redes sociais para erguerem o espantalho de uma manifestação fascista em que suas hordas hostilizariam publicamente o Congresso, mas seu verdadeiro objetivo seria tão somente o de chantagear os parlamentes, fazendo-os recuar de sua pretensão de apropriarem-se de um quinhão maior do queijo disputado por todos os ratos.
É óbvio que o informante do Tales Faria não virá a público confirmar que sussurrou isto no ouvido do jornalista. Mas, pela minha experiência com tais situações, há grande chance de ser esta a verdade verdadeira. Uns noventa por cento do que circula a boca pequena nos palácios do poder procede, mas não se pode provar.
E, mesmo quando um Intercept da vida o prova da maneira mais cabal e irrefutável possível, de nada adianta, porque as verdades inconvenientes dificilmente geram no Brasil as devidas consequências legais (caso contrário, ao invés de exercerem cargos públicos, Sergio Moro e Deltan Dallagnol estariam ocupando cadeias públicas).
Eis o croqui que o próprio Bolsonaro desenhou do atentado por ele tramado nos anos 80 |
Particularmente, vejo nesta versão alternativa a vantagem de colocar Jair Bolsonaro num papel mais condizente com suas limitações e propensões. Tratando-se de quem outrora pretendia mandar reservatórios de água pelos ares para obter aumento do soldo e agora estimula as PMs a colocarem governadores contra a parede com os assassinatos aumentando a cada minuto que elas permanecem com os braços cruzados, mais esta chantagem faria todo sentido.
Já como um autêntico revolucionário ultradireitista não consigo vê-lo, causa-me sempre a impressão de um farsante desempenhando um papel para ter o apoio aguerrido dos brasileiros mais desinformados e descerebrados (os únicos que o seguiriam).
Alguém consegue imaginar Mussolini entregando sua arma e sua moto para bandidos e indo embora com o rabo entre as pernas? Eu não. (por Celso Lungaretti)
Alguém consegue imaginar Mussolini entregando sua arma e sua moto para bandidos e indo embora com o rabo entre as pernas? Eu não. (por Celso Lungaretti)
Nenhum comentário:
Postar um comentário