david emanuel
de souza coelho
A ESQUERDA INSTITUCIONAL SE FINGE DE MORTA
Já foi revelado que Bolsonaro quase caiu em maio. Naquela ocasião, manifestações massivas dos estudantes e professores tomavam as ruas do Brasil. A economia continuava afundando e mesmo a reforma da Previdência tinha seu avanço ameaçado. Foi a entrada em cena do Toffoli que garantiu a sobrevivência do presidente bunda suja. O presidente do STF, no entanto, é amplamente tido como um representante do PT na corte suprema. Por isso, embora ainda não tenha sido revelado, é pouco provável que sua ação não haja tido o dedo da alta cúpula do partido.
Mas, qual seria o interesse do lulopetismo na continuidade de Bolsonaro à frente da presidência? O motivo me parecer ser o mesmo que move Ciro Gomes, outro representante da oposição institucional à esquerda: aguardar o desgaste do governo para faturar em 2022.
Salta aos olhos a incrível incapacidade política, administrativa e mesmo racional do presidente da República. Seu mundo é basicamente ele mesmo e sua família; no máximo, também suas ligações milicianas.
Cumpre fielmente as determinações da plutocracia financista – encarnada em Paulo Guedes – por tratar-se do seu único pilar de sustentação, não tendo partido, base parlamentar, apoio do povo ou mesmo agrupamentos paramilitares que consigam suporta-lo na cadeira. Seu fiador é Guedes e o sistema financeiro.
No entanto, a situação do país se degringola a cada dia, com o empobrecimento massivo da população e a deterioração das condições de vida de todas as classes, exceto a alta burguesia. Neste cenário, a derrocada do presidente nos índices de popularidade – de amplitude inédita para o primeiro ano de qualquer presidente – apenas revelam a erosão de apoio de Bolsonaro entre o povo comum, aquele que não fatura cem milhões de reais ao mês.
Ao mesmo tempo, a promessa bolsonaresca de saneamento moral do país vai se revelando um conto de fadas aos olhos até do mais ingênuo e desavisado cidadão. Suas ações para salvar o filho primogênito mostram quão pouco o mandatário se importa com o discurso de renovação moral, aceitando até mesmo firmar pactos com a velha raposa Gilmar Mendes, o campeão das negociatas políticas do judiciário.
Por último, sua demagogia de nova política não durou uma votação de reforma, com o presidente gostosamente abrindo os cofres para comprar os votos necessários no Congresso e, assim, aprovar a espoliação das aposentadorias dos trabalhadores.
Tampouco ficou ele vexado ao desencadear uma guerra no seu próprio partido para apossar-se dos cerca de R$ 1 bilhão do fundo partidário, dinheiro capaz de transformar a ele e seus filhos em mandarins da política nacional.
Tampouco ficou ele vexado ao desencadear uma guerra no seu próprio partido para apossar-se dos cerca de R$ 1 bilhão do fundo partidário, dinheiro capaz de transformar a ele e seus filhos em mandarins da política nacional.
Tudo isso, somado ao defeito de fabricação de seu governo, redundou numa tempestade perfeita para erodir seu mandato. À oposição, bastaria encontrar um motivo qualquer – entre dezenas disponíveis – e arrancar o neofascista do Palácio do Planalto. Mas ela não deseja isto.
Ciro Gomes passa o tempo fazendo pregações legalistas e demonizando o impeachment, como se não soubesse que a legalidade é só um instrumento do poder.
Já o PT aposta em negociações de bastidores para permitir a soltura de Lula e manter a hegemonia na esquerda. Ambos visam 2022 e jogam parados, apostando no erro do adversário.
Na verdade, é como se o jogo fosse mais propriamente uma partida de truco. A oposição conta com a mão ruim e a falta de perícia do adversário para faturar no final.
A ideia não é trucar Bolsonaro de uma vez e terminar a partida, mas, ao invés, ir faturando pouco a pouco, tento a tento, até sair vitoriosa graças à série de cartas ruins do presidente. Vencer sem correr riscos.
A ideia não é trucar Bolsonaro de uma vez e terminar a partida, mas, ao invés, ir faturando pouco a pouco, tento a tento, até sair vitoriosa graças à série de cartas ruins do presidente. Vencer sem correr riscos.
A grande questão que fica, diante do cenário atual e futuro, é que talvez o jogo não vá nesta gradação até as próximas eleições. A tendência é uma grande virada de jogo no processo, seja por uma insurreição popular, seja pela própria demissão por parte da burguesia de seu funcionário presidencial.
Apostando no banho maria até 2022, a oposição institucional corre o risco de ser atropelada pela História e, mais uma vez, acabar ficando para trás. (por David Emanuel de Souza Coelho)
Um comentário:
Caro, DESC
"Apostando no banho maria até 2022, a oposição institucional corre o risco de ser atropelada pela História e, mais uma vez, acabar ficando para trás."
Infelizmente, está tudo dominado, inclusive a suposta oposição fofinha, traíra lesa-pátria.
O brazil virou uma peça muito importante no xadrez geopolítico dos istêits.
Em troca da soberania e riquezas nacionais, os milicos apostaram em receber apoio tecnológico para implantar na terra brasilis uma verdadeira "Stasi", em que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) vai tentar controle total sobre as vidas dos cidadãos.
Estamos caminhando para um stalinismo de direita, mas igualmente sufocante, com perspectivas sombrias...
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