domingo, 11 de agosto de 2019

CULTO DE BOLSONARO A BRILHANTE USTRA TORNA IMORAL SUA CONTINUIDADE NO CARGO, AFIRMA ELIO GASPARI

elio gaspari
INSPIRAÇÕES PARA BOLSONARO
O governo providencia a criação de 108 escolas militarizadas, para início de ambicioso programa. O plano não é original, nem o era nas primeiras referências ainda na campanha eleitoral. Foi uma criação decisiva para a infiltração, ao longo dos anos 1930, do nazismo e do culto ao ditador na vida da Alemanha. O voluntariado de multidões jovens para a guerra simultânea do nazismo a dez países europeus, em 1939-40, foi obra do ensino militarizado.

A hostilidade de Bolsonaro à cultura artística oficializou-se já na entrega do ministério próprio a um conservador radical e sem contato com o ramo.

A anticultura mostrou-se toda na identificação do cinema nacional ao que Bolsonaro, seu ministro e seus pastores imaginam do filme Bruna Surfistinha, nem visto pelo primeiro. 

Esse combate à cultura artística é usual nos governos autoritários, e se volta em especial contra percepções sexuais quando o poder é militarizado ou de submissão religiosa. 

O combate ao que foi chamado de arte degenerada, na Alemanha hitlerista, também não começou pela censura explícita. Usou por bom tempo o arrocho financeiro e outras dificuldades, até dominar toda a arte. É o que começa aqui.

As verbas federais destinadas aos estados estão submetidas por Bolsonaro a novo critério: “os do Nordeste não vão ter nada”. São de oposição a Bolsonaro. 

O critério depois abriu uma brecha, porém a depender de uma exigência: “Se eles quiserem receber (...), eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro”. Eles são os governadores, as vítimas são as populações. 
A condição punitiva e personalista, para o direito a verbas públicas, contraria a Constituição. E foi o primeiro recurso administrativo contra o oposicionismo regional na Alemanha e na Itália fascista, assim como é comum nos poderes que buscam o autoritarismo.

Os ataques de retaliação à imprensa, a deportação sumária e sem tempo para defesa, a desmontagem da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos são, todos, repetição do primeiro estágio de ascensão ao poder ditatorial por nazistas e fascistas.

A investida contra os índios, para a tomada exploratória de suas terras, tem semelhança com o extermínio dos ciganos dados como inúteis e viciosos pelos nazistas. 

Ensaio de extermínio, já anunciada por Bolsonaro as mortes de gente como baratas, por balas de impunidade assegurada. 

As similaridades vão longe, à disposição dos atentos. Mas é intransferível o registro de mais uma.

A repetição por Bolsonaro, sob a dignidade da Presidência da República, da qualificação de “herói nacional” para um torturador e responsável por pelo menos 45 mortos e desaparecidos sob sua guarda, é um desacato à Constituição. No mínimo. 

O coronel Carlos Brilhante Ustra foi condenado pelo que o texto constitucional define como crimes imprescritíveis. A transgressão de Bolsonaro, dirigida também à Presidência, é, por si só, suficiente para tornar imoral a sua continuidade no cargo. No mínimo. (por Elio Gaspari)

Um comentário:

Anônimo disse...

"Ensaio de extermínio, já anunciada por Bolsonaro as mortes de gente como baratas, por balas de impunidade assegurada."

Não duvido que o 1% bilionário brazileiro, guiados pelos 1% bilionários estrangeiros, tenham chegado ao "veredicto" de que é preciso exterminar os pobres miseráveis, marginalizados pelo sistema capitalista.

A começar por deixá-los à própria sorte, sem nenhuma assistência do Estado, isto é, sem saúde, sem educação, sem aposentadoria, sem vacinas...

Enquanto isso, desemprego em alta e a economia do país em ladeira abaixo e as manchetes de que o "Lucro dos 4 maiores bancos sobe 21,3% no 2º trimestre e atinge R$ 20,5 bi"...

Há quem acredite que deus é brasileiro...

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