(continuação deste post)
"...a perspectiva mais realista... |
O BC chinês, por sua vez, afirma que “a culpa pelas medidas tomadas recai sobre o unilateralismo dos Estados Unidos em tomar medidas de protecionismos comerciais e a imposição de tarifas ampliadas [de 10% para 25%] sobre os produtos chineses”.
A China vem lentamente perdendo força no crescimento do seu PIB, o qual, embora continue sendo elevado relativamente ao dos países grandes produtores, já não é mais tão vigoroso, necessitando manter os níveis de crescimento (o que é matematicamente impossível), sob pena de se tornar insolvente e provocar a falência do sistema de crédito mundial).
Teria, ainda, de evitar o aumento do nível de desemprego, pois seria catastrófica a volta ao status quo ante grande parte de sua imensa população ter-se urbanizado, beneficiada pelo processo de desenvolvimento industrial capitalista promovido desde que Deng Xiaoping assumiu a liderança suprema do país em 1978.
Teria, ainda, de evitar o aumento do nível de desemprego, pois seria catastrófica a volta ao status quo ante grande parte de sua imensa população ter-se urbanizado, beneficiada pelo processo de desenvolvimento industrial capitalista promovido desde que Deng Xiaoping assumiu a liderança suprema do país em 1978.
Os acordos solenes que EUA e China celebraram são unilateralmente revogados diante do impasse causado pelo fato de que a lógica de reprodução da valor em seu limite interno de expansão não permite comportamento suasório.
...é a de que morram abraçados" |
E isto se dá porque a essência da dinâmica do capitalismo é a guerra na qual cada mercadoria tenta se impor perante as outras com menor valor (e preço, que é categoria diferente de valor), e isto somente se consegue num processo autofágico, socialmente destrutivo e autodestrutivo de sua própria forma.
Se a China começa a sofrer com o limite expansionista do capitalismo que adotou, baseado em endividamento de sua produção para uma urbanização industrial acelerada (o que a torna vulnerável aos juros dessa dívida e dependente do crescimento do consumo internacional de mercadorias, pouco provável), os Estados Unidos também passam a ver-se às voltas com os efeitos deletérios de uma economia mundial em recessão.
Eles estão de tal forma atrelados e dependentes do capitalismo mundial que a perspectiva mais realista é a de que morram abraçados.
Paul Krugman, neste consistente artigo sobre a era Trump, denuncia o fracasso iminente das políticas do presidente destrumpelhado.
Diz ele que a política costuma ser desmentida pela economia. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (o Banco Central dos EUA), baixou as taxas de juros, sabedor que é das nuvens tenebrosas a ameaçarem a economia dos Estados Unidos aparentemente saudáveis aos olhos do público externo, e, implicitamente, detona o discurso triunfalista de Donald Trump.
Fanfarrão empedernido, o presidente dos Estados Unidos, diante da repercussão negativa decorrente de qualquer asneira anti-civilizacional por ele cometida (tal qual o seu discípulo submisso e incondicional do Brasil), logo saca sua arma predileta: o crescimento da economia estadunidense, uma das últimas ainda existentes no mundo. Mas os dados econômicos denunciam que ela não está tão sólida assim.
O fanfarrão e seu discípulo submisso: igualados nas asneiras |
Segundo Krugman:
— a redução dos impostos não conseguiu alavancar o crescimento da economia estadunidense nos níveis prometidos e desejados, ao mesmo tempo em que fez aumentar expressivamente os níveis de sua dívida pública;
— o protecionismo direcionado para a China (do qual falamos acima) não reanimou a economia interna, vez que a importação de mercadorias, que tanto prejudica sua balança comercial, apenas mudou para outros fornecedores, indo para países como Vietnã e Índia;
— a incerteza da política estadunidense, a partir de impulsos arrogantes e imprudentes (tais quais as do seu similar brasileiro), apenas gerou incertezas políticas incompatíveis com a confiabilidade que gostam de ter os investimentos industriais;
— a proibição de importação de determinados produtos elevou os custos de produção internos de mercadorias, gerando um efeito inverso na balança comercial (as importações aumentaram) e pressão inflacionária.
A notícia mais recente desses mecanismos de reserva de mercado é a reedição para a América Latina da Doutrina Monroe [Lembram? Aquele da América para os americanos...], visando o combate ao comércio bilateral com a China que vem aumentando na região. Não é por menos que políticos alinhados aos Estados Unidos recebem apoios eleitoral, comercial e militar explícitos. A guerra de mercado nunca foi tão mundial como o é agora.
De volta à Doutrina Monroe?! |
A conclusão inevitável é a de que a grande nau do capitalismo mundial faz água e está a clamar por outro modo de produção, uma vez que matar gente para alavancar o crescimento (como ocorreu na 2ª Guerra Mundial) não é mais medida tão factível assim, num momento em que muitos países têm capacidade destrutiva de aniquilamento total da humanidade, o que desequilibra a balança da imposição da vontade do mais forte militarmente.
Não seria melhor assumirmos a necessidade de discussão de um pacto emancipacionista, que nos permitisse viver civilizadamente? (por Dalton Rosado)
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