quinta-feira, 30 de maio de 2019

OS POLÍTICOS ESTÃO TODOS ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA – 1

dalton rosado
O CAOS SOCIAL E O PACTO DA GOVERNABILIDADE OPRESSORA
O capitalismo mundial está mal; o capitalismo brasileiro vai de mal a pior; a realidade social é trágica. 

Só nesses últimos dias, mais uma matança rotineira nos presídios de Manaus, com dezenas de presos trucidados; ela veio somar-se a tantas outras, pois as ocorrências de chacinas de grupos de pessoas nas cidades brasileiras são igualmente rotineiras. 

As vãs promessas de campanhas de candidatos empunhando armas para o combate à criminalidade se demonstram falaciosas diante de uma população perplexa. 

Ao invés de uma linha de pacificação social vemos uma proposta governamental de armamento da população como autodefesa diante da impotência estatal e da eternização de uma relação social conflituosa, marcada por uma autofagia competitiva (todos se tornam adversários de todos) e falimentar.

O próprio governador de Manaus afirmou que vai rescindir um contrato de administração de presídio privado segundo o qual um preso custa R$ 4 mil mensais, afora os gastos com policiais militares, veículos e transporte de presos, juízes, promotores, funcionários do judiciário, gastos de manutenção, material de expediente, edificações e conservação de prédios, etc., etc., etc.   

Conclusão: o custo da manutenção de um único preso excede em muito o valor da remuneração de um professor, ainda mais agora que as verbas para a educação estão sendo reduzidas. 

A criminalidade provocada por um contrato social capitalista falido é insuportável. Precisamos ter sabedoria para detectar as causas de base e podermos superar tudo isto. 
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SOBRE O PACTO DA GOVERNABILIDADE — Noticiou-se nesta 3ª feira (28) à ocorrência de uma reunião dos representantes dos três poderes do Estado para a celebração de um pacto da governabilidade, tendo em vista o acirramento das tensões populares açuladas pela crise econômica brasileira e pelo déficit crescente das contas públicas. 

É que as finanças públicas estão cada vez mais debilitadas e com endividamento crescente, de vez que a saúde de erário depende das relações econômicas capitalistas em declínio. 

Tal fato se agrava em razão dos inevitáveis gastos com as incumbências constitucionais do governo e do tradicional assalto ao chamado dinheiro da viúva (pago pelo povo) por parte de políticos, empreiteiras, agiotas nacionais e internacionais, parasitas disfuncionais, privilegiados da casta governamental com salários muito acima da média nacional, etc., etc., etc.

Tal é a importância do Estado para a manutenção da ordem econômica segregacionista do capital que, diante da possibilidade de agravamento da ingovernabilidade declarada, juntam-se os representantes dos poderes institucionais para fazer um pacto da governabilidade e enfiar goela abaixo do povo tudo que é restrição de direitos adquiridos.

Tenta-se convencer as vítimas (o povo) de que o apertar dos cintos é necessário para uma prometida e futura barriga cheia; trata-se de uma balela que, no Brasil, já dura 519 anos.  

É notória a consensualidade dos donos do poder político em obediência às ordens ditatoriais do capital, decorrente de um instinto de sobrevivência política e sistêmica desenvolvido ao longo dos séculos. 

Mas, como no capitalismo tudo é contraditório, tal tal pacto da governabilidade, cujo escopo final é a manutenção da opressão, tem um lado difícil de se sustentar: o cumprimento da promessa da retomada do desenvolvimento econômico num país que tem leis de 1º mundo e economia de 3º mundo, tratado como primo pobre pelo capitalismo internacional, ainda mais no atual quadro de recessão econômica mundial. 

Eis uma comprovação de quão falaciosa é a promessa de que uma retomada do crescimento econômico nos conduzirá ao paraíso: mesmo nos tempos de PIB elevado (como o de 5,1% nos idos de 2008, quando ocorreu aquilo que o então presidente Lula supunha ser apenas uma marolinha econômica, sem a mínima noção dos efeitos que dela adviriam posteriormente), os índices de desigualdade social no Brasil já eram inaceitáveis e alarmantes.

As contradições entre as exigências da governabilidade a partir de critérios econômicos e o discurso político-eleitoral continuam a aguçar-se, evidenciando aos olhares mais atentos a inconsistência das manobras políticas que tentam dar sustentação àquilo que é cada vez mais insustentável por sua própria natureza lógica. 
É que as manipulações das consciências têm pernas curtas. Por mais que o poder econômico influa nas eleições no processo dito democrático do capitalismo liberal, há sempre o desejo dos políticos de se manterem minimamente acreditados perante o seu eleitorado. 

Assim, como são sabedores de que, mais cedo ou mais tarde, ditos eleitores compreenderão a falácia das restrições de direitos ora propostas pelo governo em nome de uma futura melhora de vida, as reformas tendem a sofrer reduções no parlamento naquilo que forem flagrantemente prejudiciais ao eleitorado. Eles estão todos entre a cruz e a caldeirinha. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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