sábado, 29 de dezembro de 2018

AVISO AOS RECALCITRANTES: A CRISE ECOLÓGICA NÃO É SELETIVA!

"Convém evitar uma concepção mágica do mercado, que tende a pensar que os problemas se resolvem apenas com o crescimento dos lucros das empresas ou dos indivíduos. 

Será realista esperar que quem está obcecado com a maximização dos lucros se detenha a considerar os efeitos ambientais que deixará às próximas gerações?" (papa Francisco)
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Incêndio de proporções jamais vistas na Califórnia. 

Degelo nos polos norte e sul, elevando o nível dos oceanos e ameaçando ilhas e regiões costeiras.

Chuvas torrenciais nas monções da Índia (e até no Oriente Médio!).

Poluição do ar insuportável na China.

Calor intenso e insuportável em várias regiões do planeta, alternado com nevascas congelantes em regiões do extremo norte e sul. 

Secas prolongadas e intermitentes no nordeste do Brasil, com desertificação de vastas áreas. 

Desabamentos de encostas provocadas pelas fortes chuvas que atingem os moradores em situação de risco, por absoluta falta de poder aquisitivo das mercadorias terra e habitação em áreas seguras.
Mais dia, menos dia, elevação do nível dos oceanos submergirá Veneza

Erupção vulcânica que provocou um tsunami e tremores de terra na região de Palu, na Indonésia, deixando até agora cerca de 2 mil mortos e uns 500 mil desabrigados.

Erupção do vulcão Etna, na região italiana da Sicília, concomitante a um terremoto de 5.0. 

Isso para ficarmos apenas nos últimos episódios, dentre tantos outros fenômenos climáticos inquietantes que têm pipocado pelo mundo.

A crise ecológica não é seletiva (como o é a apropriação da riqueza), ameaçando indistintamente pobres e ricos; estes últimos têm recursos para resolver momentaneamente os seus problemas, mas terminarão sendo também atingidos, mais cedo ou mais tarde, de um modo ou de outro. 

A insistência dos governantes estadunidenses e chineses em desconhecer o aquecimento global causado pela emissão de monóxido de carbono (CO²) está ligada à lógica ditatorial do fetichismo da mercadoria, que os obriga a uma ininterrupta fuga para a frente, sob pena de verem ruir todo o frágil alicerce sobre o qual erguem as suas irracionais vidas sociais. 
Donald Trump e Xi Jinping: exterminadores do futuro 

O que mais os preocupa é o fato de que tal fuga para a frente (a intensificação da produção de mercadorias) bate de frente com um mercado que tem na capacidade de consumo humana mundial e na perda global do poder aquisitivo um limite impeditivo da continuidade de seu poder, alicerçado numa forma de relação social e exaurida.

A crise ecológica se soma à crise econômica; elas têm uma causa comum.  

Por todos os lados o capitalismo faz água, e é devido às suas contradições internas que se verificou na quinzena passada uma queda de 6,9% na bolsa estadunidense, a maior desde o tsunami do subprime em 2008, sinalizando a preocupante volatilidade no valor dos ativos empresariais.  

As medidas protecionistas dos Estados Unidos e de seu destrumpelhado presidente têm, como um bumerangue, evidenciado aquilo que está encoberto aos olhos desatentos da maioria das pessoas: a economia estadunidense se sustenta artificialmente, e às custas da crença internacional na sua moeda emitida sem lastro e da emissão volumosa dos seus títulos da dívida pública a juros baixos. 

O capitalismo tem uma lógica matemática autotélica que apenas usa as necessidades de consumo para existir, sem nenhum compromisso com essa necessidade em si, do ponto de vista ecológico e social. 
Poluição das águas pelo despejo de itens não degradáveis 

Tal lógica torna obrigatória a reprodução aumentada do valor global em circulação. A extração predatória dos recurso da natureza está diretamente ligada à insensibilidade dessa prática, razão pela qual a poluição de lagoas, rios, mares, etc., bem como  a emissão de gás carbônico na atmosfera, estão acima de qualquer possibilidade de convivência social ecologicamente saudável. 

A reprodução aumentada do valor pelo lucro e extração de mais-valia é pressuposto superior a qualquer compromisso com a preservação do habitat que possibilita a existência de homens, animais e plantas.

A agressão ecológica, portanto, se funda em três formas convergentes:
— a poluição do solo por infiltração de substâncias tóxicas em aterros sanitários precarizados, bem como de de resíduos industriais;
— a poluição de lagoas, rios e mares pelo despejo de substâncias tóxicas, plásticos, dejetos humanos e outros itens não degradáveis;
—  a emissão de gás carbônico que provoca o efeito-estufa na camada de ozônio, daí resultando um processo de aquecimento do Planeta Terra que os cientistas conhecedores do assunto consideram de extrema gravidade para o futuro de nossa espécie. 

O alheamento de governantes de direita (e até de esquerda) com relação a isto tudo não é pura ignorância científica, mas crime doloso e impulsionado pela lógica a que servem e que os submete. 
Bolsonaro sacrificará até a última árvore aos ruralistas
O estado, previsivelmente, tem sido impotente no combate a tais agressões (chegando até mesmo a induzi-las conscientemente em vários casos): é que, como instância política-institucional reguladora da vida mercantil e, portanto, parte indissolúvel e dependente desse modo de relação social, não pode voltar-se contra a sua própria natureza abstrata, mesmo que, com isto, atinja a natureza biossistêmica. 

Assim, os poderes Judiciário, Executivo e Legislativo, instâncias que servem como pilares de sustentação do organismo estatal, são incapazes de coibir eficazmente tais agressões; e a sociedade, mesmo que sofra as consequências das perdas e danos ecológicos, não tem consciência de sua origem causal, quando muito questionando apenas o não cumprimento de algumas regras comezinhas de comportamentos ecologicamente saudáveis legalmente determinados.  

Aliás, falta à sociedade civil instrumentos e canais de combate à estupidez estatal a serviço do capital, mormente agora, quando se revigora o discurso de que os poucos organismos sociais independentes (como as ONG’s específicas) são nocivos à boa administração pública. Demonizam-nos como fonte de corrupção política, qualificando seus defensores de de eco-xiitas

Que se louve o heroísmo dos defensores do meio ambiente, mesmo que existam exageros, deturpações e eventuais desvios de conduta (que estão muito longe de representarem regra geral de comportamento).  
"que se louve o heroísmo dos defensores do meio ambiente"

Aliás, está na moda satanizar-se quaisquer virtudes pela contaminação dos desvios, como forma de condená-las integralmente ao fogo dos infernos e se praticar retrocessos civilizatórios impunemente.

O capital tem suas artimanhas e sabe como é manipulável a opinião pública sub-repticiamente conduzida.  

Os tripulantes desta astronave conhecida como Planeta Terra correm perigo. A própria astronave corre perigo. Daí o questionamento que se impõe: quem promove tal navegação de risco?

São os seres humanos, agindo inconscientemente sob o comando hipnótico e impositivo de uma relação social fetichista, destrutiva e autodestrutiva (porque contraditória na sua essência, cujo sujeito é uma pura forma, o valor).

Valor que tem como objeto teleológico a sua própria sustentação pelo auto-crescimento contínuo, tendente ao infinito, limitado por sua base veicular, o mercado. Estamos, portanto, diante de uma contradição endógena irresolúvel sob seus próprios conceitos, destituída de conteúdo virtuoso e que nos conduz celeremente ao abismo.

A crise ecológica é cria da forma-valor; somente com a sua superação poderemos pensar numa vida social ecologicamente compatível, com aquilo que a mãe natureza tão generosamente nos oferece. 
Que os destrumpelhados e ignaros frutos dessa lógica possam ser desmascarados num futuro breve, para que possamos construir um caminho ambientalmente saudável e de produção social equânime! (por Dalton Rosado)

Obs. clique aqui para escutar Ecocídio, composição do Dalton que tem tudo a ver com o assunto deste post.

2 comentários:

Cezar disse...


Tem gente que contesta a questão do CO2 como responsável pelo aquecimento.https://youtu.be/CMecSb3dDnY

https://youtu.be/TQsdKqXbthw

https://youtu.be/_bCrYKVWcps

Anônimo disse...

***
Um dia, um cara que trabalha com pesquisa me confidenciou que não sabe o que seja sustentável.
Ele defendia a atual tecnologia de produção e concomitantemente a lógica de reprodução do capital.
Obviamente, eles nunca conseguem dizer como farão a perfeita reciclagem dos resíduos de sua produção artificial.
Ignoram e tergiversam este assunto central que seria a única justificativa para a continuidade de muitos processos da dita civilização.
Fogem porque não tem resposta que abone o seu comportamento suicida.
E, como pirralhos birrentos, teimam em peitar a sabedoria da natureza, que levou quatro bilhões de anos para chegar ao lampejo de consciência que é uma vida humana.
Ocorre, que existe uma tal seleção natural que manda para vala evolutiva qualquer espécie que não se adapte as condições do meio.
E é para onde irá esta espécie caso não se torne sábia o suficiente.



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