Por Dalton Rosado |
(ou: princípios que devem nortear a
construção de uma nova sociedade)
Projetar uma nova forma de organização social, dentro da complexidade que envolve populações urbanas cada vez mais concentradas em megalópoles a partir de um modelo industrial produtor de mercadorias manufaturadas induzidas pela lógica de acumulação crescente e segregacionista do capital (sem o qual ele desaparece como abstração que é, virando fumaça), não se constitui numa tarefa fácil, mas é urgente e inadiável.
Devemos entender, primeiramente, quais as mazelas que nos afligem, para, a partir de suas superações, podermos pensar em formatar uma organização social horizontalizada com a produção dos bens indispensáveis à existência humana.
Mas uma coisa não pode preceder a outra, ou seja, não podemos conviver com as categorias capitalistas tentando dar-lhes uma feição humanizada. Haveremos de superá-las para, sobre os seus escombros construir o novo; e este novo, fora das categorias superadas, não deve ser pensado como uma receita de bolo, mas construído a partir de vivências que serão viabilizadas dentro de critérios verdadeiramente humanistas.
Devemos entender, primeiramente, quais as mazelas que nos afligem, para, a partir de suas superações, podermos pensar em formatar uma organização social horizontalizada com a produção dos bens indispensáveis à existência humana.
Mas uma coisa não pode preceder a outra, ou seja, não podemos conviver com as categorias capitalistas tentando dar-lhes uma feição humanizada. Haveremos de superá-las para, sobre os seus escombros construir o novo; e este novo, fora das categorias superadas, não deve ser pensado como uma receita de bolo, mas construído a partir de vivências que serão viabilizadas dentro de critérios verdadeiramente humanistas.
Se a tarefa é árdua, pior do que as dificuldades da luta é a passividade da inércia que nos faz sentir impotentes diante de um inimigo abstrato (o capital, enquanto sujeito automático [Marx] é quem dita ordens até para o capitalista, ou seja, é uma abstração criada pelo ser humano, mas que passou a comandar o seu criador). Nesse sentido, há duas categorias de indivíduos sociais:
- os que tentam viver e conviver ignorando o iminente naufrágio, seja para dele tirar algum partido, caso dos intransigentes defensores do capital, ou por mero desconhecimento de alternativas, caso dos trabalhadores explorados, que assim toleram a exploração; e
- os que não aceitam o iminente naufrágio e tentam salvar a todos e a si próprio. Cabe a nós escolhermos em que grupamento nós nos situamos.
Já é mais que evidente a inconsistência de que vivemos a exaustão de um modo de produção fundado nessa coisa estranha e com dupla personalidade chamada mercadoria, com seu valor de uso e valor de troca, no qual o segundo aspecto se sobrepõe ao primeiro, causando a incompreendida negatividade social que agora toma contornos de impasse intransponível de funcionalidade.
É igualmente sabido que as formas político-institucionais que dão suporte ao modo de produção mercantil sucumbem juntamente com o objeto a que servem, sem que seus protagonistas sequer cogitem em formas alternativas, presos que estão à submissão da lógica abstrata da forma valor, sem soberania de vontade, e da qual dependem. A continuar com isso caminharemos celeremente para o naufrágio social e ecológico.
É igualmente sabido que as formas político-institucionais que dão suporte ao modo de produção mercantil sucumbem juntamente com o objeto a que servem, sem que seus protagonistas sequer cogitem em formas alternativas, presos que estão à submissão da lógica abstrata da forma valor, sem soberania de vontade, e da qual dependem. A continuar com isso caminharemos celeremente para o naufrágio social e ecológico.
A partir do que devemos superar podemos ter pistas sobre o que fazer na sequência. Consideremos, inicialmente, duas proposições importantes e básicas.
Se o modelo político-institucional está absolutamente corrompido, é decadente e impotente no encaminhamento de soluções viáveis à crise, então só nos resta negá-lo.
O voto é um engodo na medida em que você é chamado para escolher sobre o que já foi escolhido dentro de determinada forma e o conteúdo, ou seja, você é chamado a confirmar o sistema e legitimar o mandatário que lhe representa (manipulação econômica que desvirtua a já controlada vontade popular, teoricamente livre) dentro de uma institucionalidade opressora, porque posta a serviço de uma forma de relação social que lhe é anterior e igualmente opressora, numa interação de nexo causal que ora se exaure por sua própria inconsistência contraditória.
Ao não votar o indivíduo social nega a legitimação de uma institucionalidade que é força auxiliar da opressão mercantil, e mesmo que isso não signifique, ipso facto, a eliminação do Estado, é uma expressiva forma de protesto na qual você deixa de ser um inocente útil. A primeira proposição, portanto, é: NÃO VOTE!
Se o trabalho abstrato produtor de valor, outra abstração, é a substância primária da existência do capitalismo, negar o trabalho abstrato (que está longe de significar a ontológica interação metabólica do ser humano com a natureza no sentido de prover o seu sustento material) é fazer ruir todo o edifício das sociedades mercantis; é abolir a escravidão da mais-valia. A ruptura com esse modo de produção tem dificuldades de natureza subjetiva e objetiva (que não são facilmente superáveis), assim conceituadas:
- a dificuldade subjetiva decorre da circunstância de que nós temos uma matriz cultural que foi inculcada nas nossas mentes durante séculos, positivando, falaciosamente, um absurdo conceito de nobreza do subtrativo trabalho abstrato (e isso foi protagonizado por capitalistas liberais, nazistas, comunistas tradicionais, e até pelos anarquistas, além de pensadores de todos os tempos). Aliás, sobre isso disse o Presidente Temerário do Brasil: “não vamos falar em crise, vamos trabalhar”; demonstrou desconhecer que o desemprego estrutural, mundo afora, resulta da própria contradição do capitalismo que ele defende (ou, o que seria pior, simplesmente estava tentando nos enganar).
- a dificuldade objetiva decorre do fato de que toda mediação social é feita pelo dinheiro, somente possível de ser obtido através do trabalho abstrato, uma imposição coercitiva da vida mercantil introduzida e desenvolvida ao longo da história. Não se paga a conta de luz; o consumo de água; de alimentos; de vestimenta; de habitação (um dos itens mais precários sob o capitalismo), etc., senão com a mercadoria das mercadorias, o dinheiro, e por isso, estamos todos submetidos, gostemos ou não, à lógica de sua ditadura absolutista.
Assim a superação paulatina ou abrupta da categoria capitalista trabalho abstrato, e sua substituição por outra forma de produção de bens indispensáveis à vida, é a única forma de nos livrarmos dos grilhões da opressão mercantil, fonte irremediável da segregação social hoje existente. Destarte, repetindo a frase escrita nos muros de Paris em maio de 1968 pelos situacionistas, dizemos: NÃO TRABALHE JAMAIS!
A negação do voto e do trabalho abstrato são duas das mais consistentes medidas de luta contra a opressão que se pode tomar, pois a primeira visa criar as bases para uma nova e horizontal organização social, e a segunda fere de morte toda a lógica de acumulação segregacionista, socialmente destrutiva, intrinsecamente autodestrutiva, e ecologicamente suicida do capitalismo.
2 comentários:
Se voce manjar dos paranaue de viver sem trabalhar me explique. O que realmente escraviza na questao do trabalho e que se vc nao acumular dinheiro pra aposentadoria, vc provavelmente vai se lascar na velhice dependendo financeiramente dos outros. se a sociedade garantisse boa saude publica e um lugar pra dormir me dava por satisfeito, nao trabalhava muito e ficaria satisfeito.
Pobres coitados comunistas. Suas ideias postas em prática jamais resultaram na supressão do capital. O máximo que puderam criar foi o malévolo capitalismo estatal à moda stalinista. O sonho revisionista esquerdista de luta mais parece com o desejo quixoteano de lutar contra os moinhos de vento. Tudo isso nao passa de fantasias.
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