BALANÇO POSITIVO DE FIM DE ANO
Chegamos ao fim do ano com boas notícias.
Uma é nacional: o início prático do processo dos chefes golpistas, depois de já ter sido julgada e condenada uma parte dos seus fanáticos seguidores, autores dos atos de vandalismo nos prédios da praça dos Três Poderes, no 08.01.2023.
O ano 2025 deverá monopolizar a atenção da imprensa na sequência do indiciamento do primeiro escalão dos articuladores de um golpe com assassinatos, envolvendo militares de alto escalão e autoridades do governo passado, podendo incluir, ao que tudo indica, o ex-presidente Jair Bolsonaro, embora ele mesmo e seus filhos, apostem numa pressão contrária pelos Estados Unidos, com novo governo no dia 20 de janeiro.
A consumação da condenação e prisão de Bolsonaro parece um filme policial da série Columbo, no qual não há suspense, pois, desde o começo, todos já sabem quem é o culpado.
Viveremos o retorno ao passado de intervenções diretas ou indiretas do governo estadunidense no Brasil? Elon Musk e Donald Trump poderão criar condições favoráveis a um impeachment de Lula e Alexandre de Moraes?
Improvável, pois Trump estará empenhado num acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, numa normalização no Médio Oriente e no fim de uma ameaça nuclear pelo Irã.
Ao contrário, o julgamento do ex-presidente Bolsonaro, preso ou solto, criará condições para o indiciamento, por incitação ao golpe, de juristas que aderiram à interpretação falaciosa do artigo 142 da Constituição, tentando legalizar a intervenção militar.
É bem provável que esteja chegando a vez de serem processados os idealizadores do gabinete do ódio, com suas redes sociais especializadas em fake news. Sem esquecer dos guias espirituais evangélicos pregadores e justificadores do golpe com o uso do Velho Testamento bíblico e da chamada teoria do domínio.
Outra notícia auspiciosa, também recente, é a queda do ditador sírio Bashar al-Assad, deposto pelo grupo HTS, de Abu Mohammad al-Jolani (um movimento islamista sui generis, contrário à aplicação da truculenta lei da charia e, até agora, disposto a aceitar a presença de cristãos na Síria).
Algumas redes sociais brasileiras de esquerda lamentam a queda do ditador al-Assad, de longe muito pior que um Brilhante Ustra. Mas foi gratificante ler o seguinte num texto de Fernando Gabeira: "Considero-me feliz por ter passado um fim de semana colado à TV, vendo o fim de uma longalonga ditadura, as pessoas festejando nas ruas de Damasco, os presos saindo das masmorras, bandeiras, gritos, exilados preparando a volta".
A ONU e alguns países da União Europeia já vão encontrar-se com o chefe Jolani do HTS para avaliarem a situação na Síria e se certificarem da implantação pacífica do novo governo islamita, sem criação de uma nova ditadura teocrática na região.
Como a do Irã, apoiadora da ditadura de al-Assad, para a qual este fim-de-ano é negativo. Um debate no canal francês Arte discute se, depois da Síria, não será a vez da teocracia iraniana, que apoiava al-Assad e apoia o Hamas e o Hezbollah, e cuja expectativa de ter a bomba nuclear poderá ser impedida por Trump. (por Rui Martins)
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