Atuando com os odiados Sérgio Fleury e cel. Erasmo Dias, o Romeu Tuma conseguia não se queimar... |
Nas últimas décadas os jornalões cada vez mais preferiram trocar um profissional de alto gabarito por três meramente medianos cujos ganhos somados equivaliam ao do bambambã descartado.
Só que, no caso, um era muito mais do que três, porque experiência e perspicácia valem ouro no jornalismo.
O certo é que se tornaram frequentes as notícias bisonhas como esta de hoje (18) no Estadão: filho de ex-chefe do Dops que prendeu Lula na ditadura fez parte da equipe médica do presidente.
Deveria provocar estranheza o fato de que "Romeu Tuma, pai de Rogério Tuma, foi chefe de órgão da ditadura militar que investigou o então metalúrgico e líder sindical, em abril de 1980"?!
Uma rápida pesquisa nos arquivos do Estadão, que eram ótimos quando eu trabalhei lá no século passado, revelaria que nunca houve antagonismo nenhum entre Lula e Tuma, muito pelo contrário.
Romeu Tuma era um delegado que dançava conforme a música, sempre evitando cair em desgraça com os poderosos. Comandando o Deops em plena ditadura militar, não deixou suas digitais impressas em nenhuma tortura ou execução, sendo posteriormente apontado apenas como responsável por esquemas para dar sumiço nos restos mortais de militantes assassinados e falsear as informações a respeito do destino que tiveram.
Que lindo: duas famílias unidas pelos laços da amizade! |
Mais: Romeu Tuma Jr. depois revelou que o pai, encerrado o expediente, levava Lula consigo para casa, a fim de que pudesse tomar um bom banho, receber uma refeição caprichada, dormir com os anjos. E voltavam juntos na manhã seguinte.
Romeu Tuma era tão diferente de delegados sanguinários como o Sérgio Fleury que, quando o Plano Cruzado foi lançado pelo Governo Sarney em 1986, foi ele o escolhido para xerife do congelamento de preços, incumbido de posar para a imprensa autuando comerciantes que desrespeitavam os valores máximos determinados pela equipe de Dilson Funaro.
Como poderia um filho do Romeu Tuma, médico ainda por cima, prejudicar de alguma forma o Lula?
Duvido que algum dos bons editores com os quais trabalhei no Estadão passasse batidos por essa ridicularia. (por Celso Lungaretti)
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