quinta-feira, 9 de novembro de 2023

EDUCADORES (?) DO GOVERNO CATARINENSE BISAM OS CENSORES DA DITADURA MILITAR

Lembram do Weintraub, que o escritor Ignácio de Loyola Brandão qualificou de ministro da Educação sem educação, grosso, horrendo, nojento? Ele deixou seguidores.

Os muares do governo de Santa Catarina acabam de zurrar o banimento de nove livros das escolas do Estado. Eis o ofício da Secretaria da Deseducação, vertido para a linguagem humana: 
"Determinamos que as obras listadas sejam retiradas de circulação e armazenadas em local não acessível à comunidade escolar. Em breve enviaremos novas orientações".
Por que, ao invés de armazená-los, não queimam os livros em público, como faziam os nazistas? 

Pode ser também uma homenagem ao clássico Fahrenheit 451, o filme de 1966 dirigido por François Truffaut, que adaptou para as telas o livro escrito por Ray Bradbury em 1953, quando grassava o macartismo nos EUA...
Para quem não se lembra ou nunca viu, é sobre bombeiros de um estado totalitário que localizam e carbonizam aquele que é um dos grandes diferenciais entre bípedes humanos e quadrúpedes energúmenos.

Dos livros colocados no index escolar catarinense, os mais conhecidos são A Coisa (It) do Stephen King, Laranja Mecânica do Anthony Burgess, Coração Satânico do William Hjortsberg e Donie Darko do Richard Kelly. Todos viraram filmes. 

Os demais proscritos são A química entre nós, de Larry Young e Brian Alexander; Ed Lorraine Warren: demonologistas, de Gerald Brittle; Exorcismo, de Thomas B. Allen; Os 13 porquês, de Jay Ascher; e O diário do diabo, de Robert K. Wittman e David Kinney

Eu aprecio particularmente três desses livros/filmes. No do Stephen King, faço a ressalva de que o autor parecia estar recebendo US$ 1 milhão por página, de tanto que encompridou a narrativa. 

Seu principal mérito foi ter inserido na receita de terror ingredientes de bullying e de rito de passagem. O telefilme de 1990 deu o devido destaque ao que era inovador, enquanto o blockbuster de 2017 quis mais é aplicar os $u$to$ de sempre. 

A parábola de Burgess contra o totalitarismo é imperdível e imprescindível, um dos marcos da era da contracultura. Arrasa como livro e como filme (do Stanley Kubrick, 1971). Chocou-se com o moralismo rançoso dos censores da ditadura militar e, agora, com seus herdeiros travestidos de educadores.

Um paliativo então adotado foi a de cobrir com bolinhas pretas os pênis dos atores, numa sequência em que se movimentavam o tempo todo. O resultado acabou sendo hilário, pareciam bolinhas de pingue-pongue saltitando pela tela.

Coração Satânico, do Alan Parker (1987) é uma história de terror inteligente como dificilmente se vê nos filmes de hoje e tem um Lúcifer inesquecível, interpretado por Robert De Niro.

De resto, a obsessão dessa horda descerebrada com o restabelecimento de dogmas medievais em matéria de religião e de sexo tem um aspecto positivo: evita que tais primatas causem danos muito maiores com atentados terroristas e tentativas de putschs(por Celso Lungaretti)

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