quarta-feira, 8 de novembro de 2023

ANTONIO GUTERRES EM UMA SINUCA DE BICO

 


A
ntónio Guterres em busca do tom certo ou, se achar melhor, sentado num barril de pólvora!

O socialista António Guterres, secretário geral da ONU reeleito e cujo mandato irá até 2027, tinha se investido na questão da prevenção da mudança climática, cuja consequências serão danosas para muitos países. Mas seu segundo mandato se transformou, desde o ataque do Hamas no dia 7 de outubro, na difícil "procura do tom certo para ajudar Gaza sem irritar Israel", como comenta o semanário Expresso, de Lisboa.

Membro durante 10 anos do Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Guterrez logo se sensibilizou com a situação dos palestinos em Gaza, em meio aos bombardeios, e tentou obter um cessar fogo para a entrada de ajuda humanitária. Mas nem todos os países concordaram com sua proposta humanitária, pois para eles Israel ainda tem o direito de se defender, não sendo ainda o momento de se falar em contenção. Com esse aval, Israel pode continuar com seu ataque terrestre e invadir os subterrâneos de Gaza, onde estão as estruturas do Hamas, seus arsenais e os israelenses capturados na invasão de Israel há um mês.

Não é fácil para Guterres encontrar um equilíbrio e o tom certo nessa questão, que há meio século envenena o Oriente Médio. Ainda no Expresso, o historiador Lourenço Pereira Coutinho diz que "Antonio Guterrez está do lado do humanismo, não do terrorismo", sendo possível encontrar uma análise equilibrada da situação: Guterrez "sabe que os palestinos são mantidos em campos de refugiados pelos países árabes, que lhes recusam cidadania, e vivem em permanente tensão com os israelenses na Cisjordânia onde, a partir de 1967, estes estabeleceram colonatos"

Esse é um aspecto importante da questão, porém, o texto continua, Guterres "sabe também que Israel é continuamente ameaçado por organizações fanáticas que pretendem a sua destruição".

Guterres, cuja vida política está ligada a conquistas obtidas pelo Partido Socialista em Portugal, tem diante de si um desafio, bem além das contendas partidárias nacionais: o da gestão do fim da guerra.

 Destruído o inimigo que pregava a destruição de Israel, assim que passar o ódio gerado pela guerra, não será o momento de Guterrez  repensar na ONU a criação efetiva do Estado palestino, com o apoio de Mohmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, que não é amigo do Hamas? Sem a adoção dessa solução para os palestinos, já decidida desde o fim da Segunda Guerra Mundial, nunca haverá paz na região.

Missão impossível? (por Rui Martins) 

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