"A CEF tem mais poder, dinheiro, ramificação e força eleitoral do que grande parte, talvez até a maioria, dos ministérios. Em 2022, seu patrimônio líquido era de R$ 122 trilhões e seu lucro líquido bateu em R$ 9.2 bilhões.
No primeiro trimestre deste ano, sua carteira geral de crédito chegou a R$ 1 trilhão. Um canhão, inclusive na guerra político-eleitoral.Espalhada pelo país inteiro, mesmo em pequenos municípios, a CEF oferece crédito para pessoas físicas e jurídicas, habitações populares, casas e apartamentos da classe média e de alto padrão e chega ao topo, o agronegócio. Ou seja, atinge todos os patamares eleitorais, dos mais pobres aos mais ricos. Só para a carteira do agro – calcanhar de Aquiles de Lula –, foram R$ 47 bilhões no primeiro trimestre, 125,5% a mais do que no mesmo período do ano passado.Já imaginaram o centrão botando a mão nisso tudo? Além da presidência, quer todas as vice-presidências e diretorias da Caixa, inclusive a de habitação, joia da coroa. É a tal porteira fechada, [ou seja, está entregando] os cargos de cabo a rabo...
A rainha Eizabeth II, do além, mandou esta mensagem ao Lula: "Eu sou você amanhã". |
...Nunca o Congresso esteve tão empoderado como depois de Bolsonaro dar (...) o governo, as decisões e o orçamento secreto para o centrão.
O resultado é que nenhum presidente escaparia da armadilha, mas para Lula ela é muito mais perigosa, ameaçadora, depois de mensalão, Lava Jato e prisão.
Um fator decisivo para essa implosão foi o fatiamento da Petrobras entre partidos aliados e gulosos – inclusive o PP de Lira. Com esse fantasma rondando, qualquer denúncia de corrupção em estatal e banco público ganhará uma dimensão explosiva para Lula, governo e PT".
Resumo da ópera: tendo se resignado a, cada vez que precisa aprovar algo relevante na Câmara, invariavelmente ceder às chantagens do centrão (ao invés de resistir a ele, como seria obrigatório caso fosse um presidente de esquerda), o Lula garante a governabilidade no curto prazo, mas semeia tempestades terríveis em médio e longo prazos.
Virou um Ali Babá às avessas, ao consentir que os 40 ladrões estejam roubando tudo que ainda sobra nas cavernas do governo.
Só não sabemos se, quando completar a limpa, o centrão permitirá que o Lula continue usando a faixa presidencial, mesmo que reduzido a uma rainha da Inglaterra. Seria mais apropriada a coroa.
E, claro, não está excluída a hipótese de um novo impeachment de presidente petista e de uma nova temporada na prisão para Lula.
Aguardem os próximos e nada emocionantes capítulos. Afinal, enredo em que um lado só bate e o outro lado só apanha não tem graça, é previsível demais.
Tão previsível que o sempre mordaz Ricardo Kotscho já sugere um slogan para a campanha na qual será escolhido o sucessor de Lula, em 2026: Chega de intermediários, Lira para presidente. (por Celso Lungaretti)
4 comentários:
Celso, como erguer muros contra essa horda?
Não existe fórmula mágica, companheiro. O capitalismo se tornará cada vez mais nocivo para a humanidade, favorecendo o advento da barbárie. Estamos incubando uma terrível crise financeira e o agravamento incessante do aquecimento global. A sobrevivência da humanidade vai depender de como enfrentaremos tais crises, que tendem a chegar ao ápice a passarem a se alimentar mutuamente lá por meados do século atual.
O que podemos fazer é compenetrarmo-nos de que precisamos reagir aos problemas, ao invés de continuarmos acreditando que eles se resolverão por si sós. Não vão. Pelo contrário, a tendência é piorarem.
O PT é desmobilizador, receia o povo na rua, não quer as pessoas unidas para defender seus interesses contra a institucionalidade burguesa. Temos de ir exatamente na direção contrária, reaprendendo que os Poderes do capitalismo não estão aí para nos representarem, mas sim para, no frigir dos ovos, perpetuarem a dominação de classe e a realização do lucro.
Se recriarmos uma esquerda revolucionária, ainda assim nada garante que evitaremos o pior. Talvez já seja tarde demais e, por exemplo, as alterações climáticas tenham se tornado inevitáveis e irreversíveis.
Mas, pessoalmente preferirei morrer lutando contra as adversidades do que como um cordeiro imolado no altar de sacrifícios. Se mais não fosse, porque tenho filhas jovens (15 e 21 anos) e a obrigação de tentar legar-lhes um mundo melhor, não um inferno agônico.
Que é isto, Celso?
Pegamos uma conjuntura muito pior e demos nosso jeito.
Cada geração, a sua maneira, descobre o que é a vida.
Atualmente a única coisa diferente é o volume do alarido, do rumor.
Temos muito mais recursos de progresso hoje em dia.
Viver está bem mais cômodo.
Avante!
Avante para o baile da Ilha Fiscal?!
A economia não decola, a crise não tem fim, o Lula não governa (entregar a CEF "de porteira fechada" ao Centrão foi o fim da picada!). Então, logo, logo a ultradireita estará mordendo de novo os nossos calcanhares.
E não vai ser a anta do Bolsonaro, recordista absoluto de rejeição, mas sim alguém mais ladino como o Lira, alguém que não vai passar o tempo todo se desmoralizando como covarde e desconstruindo a si próprio.
O Bolsonaro está politicamente morto, ponto final. Mas a ultradireita continua bem viva.
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