terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

2022 ESTÁ NO INÍCIO, MAS NÓS JÁ ESCOLHEMOS A CHARGE DO ANO


Dá um baita alívio perceber que, afinal, não sou o único comentarista político que mantém suas convicções mesmo quando a esmagadora maioria está contra, seja por credulidade com relação às versões oficiais, seja por medo de as confrontar.

Muito cedo percebi que havia algo de podre, não no reino da Dinamarca, mas sim no episódio da suposta facada que decidiu a eleição presidencial de 2018 em favor de um indivíduo que não tinha sequer condições mentais para ocupar tal cargo e que, se não houvesse encontrado uma justificativa para fugir dos debates eleitorais, teria sido neles destruído, como quase foi pelo Guilherme Boulos no segundo deles e indiscutivelmente o foi pela Marina Silva no terceiro.

A ignorância crassa que ele cansa de exibir como presidente teria sido fatal para o candidato. A única salvação era tirá-lo do alcance de quem lhe atirasse na cara, ao vivo e em cores, o quanto carecia dos mais elementares conhecimentos sobre tudo que não fossem as lições de malandragem aprendidas nas ruas onde reinam as milícias e do parasitismo característico do baixo clero (que foi o único saldo  de suas três décadas de atuação fisiológica no Legislativo).

Facada encenada, com erros gritantes e furos maiores do que crateras de vulcões, a imprensa não a investigou. Como? Por quê? Era a farsa dos sonhos de qualquer jornalista investigativo que se prezasse.

Por um destino insólito, a VPR fez de mim, em 1969, quando eu tinha apenas 18 anos, o primeiro comandante de Inteligência de uma organização guerrilheira no Brasil. Militante dedicado, tratei de, a duras penas, ir aprendendo o ofício que jamais cogitara exercer. 

Depois, como jornalista, pude observar os bastidores da nossa política na condição de espectador privilegiado, completando meu aprendizado.

Então, em 2018 não tive a mais remota dúvida de que a cortina de silêncio que baixou sobre o episódio se devia à pura e simples intimidação fardada. Não consigo imaginar nenhum outro motivo que fizesse os colegas da grande imprensa engolirem sapo tão descomunal.

Mas, objetam alguns simplórios que ainda acreditam na lisura da democracia burguesa, se facada não houve e médicos dela trataram (ou fizeram qualquer outra cirurgia, aquela sim necessária), como uma patranha dessas teria passado batida?

Ora, tudo é permitido depois que a democracia estadunidense, cantada em prosa e verso como um modelo de perfeição, quis fazer-nos crer que:
— 
um presidente assassinado num fogo cruzado teria sido vítima de um único atirador (o homem de borracha daquelas HQs antigas?); e
— que um notório suspeito de ligações com a máfia teria conseguido entrar armado num estacionamento lotado de policiais e balear um prisioneiro que se constituía num arquivo vivo capaz de provocar um tsunami político, e isto sem que nenhum dos agentes o impedisse. 

Então, saúdo o Jota Carneiro que, com sua genial charge, mostrou-me que nem tudo está perdido no trem fantasma brasileiro.

Resistir é preciso, viver não é preciso. (por Celso Lungaretti) 

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