paula bianchi
OS DOIS INGREDIENTES QUE PODEM DERRUBAR BOLSONARO
A comprovação de que foi mesmo ele o pai das rachadinhas rachou ainda mais seu prestígio |
Quero puxar alguns fios dessa meada para dizer como podemos arregaçar as mangas e ajudar a escrever um final menos triste para essa história.
Para haver impeachment, alguns elementos são necessários:
— crime de responsabilidade do presidente;
— altos índices de reprovação do governo;
— pressão popular massiva e constante;
— imprensa crítica e independente.
Mesmo antes da CPI, que vem desenterrando evidências do lamaçal bolsonarista, dezenas de possíveis crimes de responsabilidade de Jair Bolsonaro já eram amplamente conhecidos.
Para citar alguns:
— atos de hostilidade contra nação estrangeira;
— ameaça de dissolver o Congresso Nacional;
— tentativa de atrapalhar investigações;
— violação do direito à vida dos cidadãos na pandemia;
— incitação de militares à desobediência à lei e muitos outros.
A história do Brasil tem caso de impeachment sem crime de responsabilidade, então é sempre assustador que tantos prováveis ilícitos não tenham levado a algo cabal.
Calúnia! os Irmãos Metralha tentavam roubar a fortuna do Tio Patinhas, não eram meros ladrões de galinhas... |
Sobre a avaliação do governo, é importante destacar que a pesquisa mais recente (a da CNT/MDA) revelou que a reprovação popular de Bolsonaro subiu de 51,4%, em fevereiro, para 62,5% em julho. O índice já se aproxima da desaprovação dos governos Collor (68%) e Dilma (71%) durante seus processos de impeachment.
Portanto, possíveis crimes de responsabilidade e reprovação popular já temos.
Desde maio, mesmo com a pandemia, grandes manifestações tomaram as ruas de todo o país – e do mundo. Maiores metrópoles do país, São Paulo e Rio de Janeiro tiveram suas artérias-avenidas Paulista e Presidente Vargas apinhadas de gente de diversas colorações políticas gritando Fora, Bolsonaro! em uníssono. Pressão na rua é mais um fator que não falta para essa conta fechar.
Também não é novidade que a imprensa vem trabalhando pesado, investigando e publicando denúncias importantes. É claro que há diversos interesses em jogo, mas o que importa para nossa conversa aqui é o resultado disso. O jornalismo – sobretudo o independente – está de olho e não tem dado descanso para o governo.
Então, por que o ex-capitão não cai?
Na verdade, ele já está, sim, 100% morto em termos políticos, com prestígio destruído e governo agonizante |
Bom, embora a reprovação seja algo a se comemorar, a aprovação de Bolsonaro ainda é alta. Segundo a pesquisa CNT/MDA: 33,8% de aprovação.
Outro fator é a articulação no Congresso Nacional. No dia 30 de junho, a oposição (partidos e diversas entidades) entregou um calhamaço de 270 páginas, apelidado de superpedido de impeachment. Mas 76% da Câmara e o presidente da casa, Arthur Lira, estão firmes com o mandatário.
Ou seja, por mais que a oposição esteja agindo, não terá força sozinha.
Por conta desses dois fatores é muito importante aumentar a pressão com o objetivo de criar o clima de agitação nacional necessário para derrubar Bolsonaro.
E como fazemos isso? Ora, com gente na rua e a imprensa que não teme em ir pra cima. (por Paula Bianchi, editora do Intercept Brasil)
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