POLITIZADAS, FORÇAS ARMADAS MORDEM A
CPI E ASSOPRAM AS FARDAS SOB SUSPEIÇÃO
Na CPI da Covid, quando alguém menciona numa rodinha de conversa o envolvimento de militares no escândalo das vacinas é impossível mudar de assunto.
Pode-se, no máximo, mudar de suspeito. Entre oficiais da ativa e da reserva, frequentam o rol dos encrencados meia dúzia de patentes: um general, três coronéis e dois tenentes-coronéis.
Incomodado com o surgimento de fardas ineptas ou com fins lucrativos, o presidente da CPI, Omar Aziz, lastimou:
"Os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo".
Abespinhados, o Ministério da Defesa e os comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica disseram que Aziz atacou as Forças Armadas de forma vil, leviana, infundada e, sobretudo, irresponsável.
Em nota oficial, a cúpula militar escreveu: "As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano..." A resposta é tardia, desonesta e presunçosa.
A reação chega tarde porque o silêncio das Forças Armadas diante da perversão já havia consolidado a sensação de cumplicidade com oficiais que grudaram na farda um código de barras.
É desonesta porque desconsidera o apreço de Aziz pelo pedaço limpo das forças militares:
"Quando a gente fala de alguns oficiais do Exército, é lógico, nós não estamos generalizando. De forma nenhuma nós estamos entrando aqui no mérito que as Forças Armadas têm".
A nota da cúpula militar é presunçosa porque ameaça o Legislativo:
"As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano..."
Isto fez no pressuposto de que a democracia brasileira aceitaria desaforos, mas o presidente da CPI foi à tréplica:
"Pode fazer 50 notas contra mim, não me intimida".
Não podendo estacionar seus tanques na entrada do Congresso, fariam um bem a si mesmos e às corporações que representam se utilizassem sua ira para condenar quem enlameia a farda.
A alternativa seria aderir à retórica do capitão, que chama os rivais da CPI de pilantras, patifes, picaretas...
Depois, bastaria pendurar uma placa na entrada dos quarteis: Diretório do PMB – Partido dos Militares do Bolsonaro.
Não resolveria o problema. Mas diminuiria a taxa de cinismo. (por Josias de Souza)
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