terça-feira, 13 de abril de 2021

GENERALIZA-SE A AVALIAÇÃO QUE ESTE BLOG FOI DOS PRIMEIROS A FAZER: DO JEITO COMO ESTÁ, O BRASIL NÃO AGUENTARÁ ATÉ 2022!

guilherme boulos
CPI DO GENOCÍDIO E IMPEACHMENT
O Senado deverá instalar a CPI da Pandemia

Pandemias costumam ser investigadas em comitês científicos, não em comissões parlamentares. Mas o Brasil é ponto fora da curva. 

Temos um governo que recusou vacinas, boicotou medidas sanitárias, desinformou o povo com falsos remédios. Por isso, somos há meses o país em que mais morre gente por Covid no mundo. 

A CPI se tornou necessária. O mais justo seria entrar para a história como a CPI do Genocídio.

O Congresso brasileiro tem um histórico de abertura de CPIs. Duas delas levaram a impeachment de presidentes: a do PC, em 1992, e a da Petrobras, em 2015. 

Collor foi derrubado pelo esquema PC Farias. Dilma caiu pelo patético pretexto das pedaladas fiscais. Não há paralelo possível com a carnificina de Bolsonaro. Por isso mesmo, não seria inesperado que a CPI funcionasse como gatilho para novo impeachment.

A tese de que Bolsonaro estaria blindado com a eleição de Arthur Lira na Câmara é cada vez mais duvidosa. O próprio Lira deu o aviso há duas semanas. 

O governo está no seu pior momento, com popularidade abaixo de 30%, colhendo os frutos da condução desastrosa da pandemia e da economia. 

O descaminho em que Bolsonaro enfiou o Brasil não tem saída com ele no comando. Está isolado, perdendo apoio entre os empresários, no povo e em crise com as Forças Armadas.

Hoje Bolsonaro é refém do centrão. E se há algo que caracteriza esse grupo é a fidelidade única a seus próprios interesses. 

O centrão tem ministérios e emendas parlamentares, mas a essa altura o foco já é a reeleição. Se Bolsonaro se torna definitivamente tóxico, quem vai querer pagar o preço de estar com ele? Alguém acredita que o centrão estaria disposto a afundar junto com o governo? Seria inédito na história política nacional.

Por isso, a CPI pode ser só o primeiro passo. De fato, se a investigação tiver o mínimo de seriedade, os crimes de Bolsonaro serão expostos de forma retumbante, sobretudo em relação à saúde pública.

Aliás, nem precisaria de uma CPI. Qualquer busca no Google mostra que ele trabalhou contra a vacina, ignorando três ofertas do Instituto Butantan em 2020 e recusando 70 milhões de doses da Pfizer, também no ano passado. Preferiu gastar R$ 90 milhões em cloroquina. 

É notório, ainda, que ele boicotou medidas de isolamento sanitário. Irresponsavelmente, deixou também de investir R$ 80 bilhões, previstos no Orçamento, para combate à pandemia. A ficha corrida é longa.

O Senado está diante de uma decisão histórica. Ou lava as mãos num acordão costurado em cima de mais de 350 mil cadáveres. Ou aponta os crimes de Bolsonaro e abre caminho para um processo de impeachment. 

O Brasil não aguenta até 2022. (por Guilherme Boulos)

2 comentários:

SF disse...

Camarada Editor,
Desconfio que o genocídio não se aterá apenas ao Brasil, mas, como disse o Dalton, estende-se a todos os miseráveis do mundo que não produzem valor (O Capital é um Assassino Implacável).
Basta ir no worldometers.info/coronavirus.
Ou seja, não há nada que torne o Brasil um caso "excepcional", a não ser a propaganda partidária. Uma narrativa que busca retomar o poder executivo e que, você sabe bem, não resolve o problema.
Até esse nome pandemia é meio forçado. O certo seria dizer colapso do sistema de saúde pública devido a ambiguidade entre dois sistemas (planos de saúde e SUS), no qual a população fica desassistida, pois a lógica do capital não prevê eventos do tipo "cisne negro" nos seus cálculos autuariais.
A gripe espanhola matou 60 milhões de seres humanos em dois anos, o coronavírus ainda não chegou a 3 milhões e já temos vacinas...
Acredito no seu discernimento e espero que nos diga porque dá voz a uma narrativa tão panfletária.
A quem interessa bagunçar o livre curso das eleições?

celsolungaretti disse...

Caro SF,

não sei se foi ironia ou desconhecimento de sua parte, mas nós, da Geração 68, não usávamos o termo "camarada", por ser a saudação utilizada pelo PCB. Queríamos distância dos stalinistas e seu grotesco autoritarismo. A repressão à Primavera de Praga nos causou tanta repulsa quanto a repressão à Primavera de Paris.

O Brasil é um caso excepcional, sim, por ter um acréscimo de 40% a 50% na quantidade de óbitos por conta da sabotagem explícita do seu presidente demente e negacionista, que conseguiu ser o pior de todo o planeta diante da crise do coronavírus.

Eu não estou dando a mínima para a retomada do poder Executivo nos moldes da democracia burguesa. Quero é que diminua a contagem de cadáveres e que o Brasil recupere a boa vontade das demais nações para enfrentar com menos desgraceira esta depressão que indiscutivelmente será a pior de nossa História. Só isto.

Transposta esta crise terrível (e ela só o será quando o Bozo for expelido do Palácio do Planalto), aí ainda teremos de reconstruir a esquerda, que está em frangalhos. A caminhada é longa, por enquanto temos apenas de evitar o caos que se desenha.

A estimativa de mortos pela gripe espanhola é de 17,1 milhões, e não de 60 milhões. Já no Brasil a epidemia do século passado matou 30 mil e a atual está chegando ao meio milhão, acrescentados os aproximadamente 130 mil óbitos não lançados nas contagens de estados e municípios (o Consórcio de Imprensa só consegue impedir as fraudes nas totalizações, mas não tem como fiscalizar as fraudes na fonte).

O Boulos nada tem de panfletário neste artigo. Alinhava fatos. Aliás, Bolsonaro jamais preencheu os requisitos mínimos, inclusive legais, para disputar uma eleição presidencial.

Se isto aqui fosse um país sério, a Justiça Eleitoral lhe já lhe teria batido com a porta na cara pelo seu negacionismo anterior, o de que o regime militar não teria sido uma ditadura nem praticado torturas.

É como declarar que o Holocausto não existiu. Na Europa isto é crime. Há muito eu defendo a posição de que negar a ditadura deveria sê-lo também.

Por último: que se dane o "livre curso das eleições" se o preço a pagar for várias centenas de milhates de mortes de coitadezas a mais.

Eleições podem ser realizadas noutra data, se este país não explodir antes. Mas os mortos não ressuscitam. Prefiro urnas vazios do que caixões abarrotados.

Abs.

Related Posts with Thumbnails