paulo roberto netto
COMISSÃO DA OAB DIZ QUE BOLSONARO COMETEU CRIME
DE RESPONSABILIDADE E CONTRA A HUMANIDADE AO
FUNDAR 'REPÚBLICA DA MORTE' DURANTE PANDEMIA
Comissão criada pela Ordem dos Advogados do Brasil para avaliar as ações do governo federal à frente da pandemia de covid concluiu que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade e contra a humanidade ao fundar uma República da Morte no País.
Segundo o colegiado, Bolsonaro agiu deliberadamente contra medidas de proteção ao coronavírus e se omitiu em diversas situações que poderiam reduzir o número de óbitos causados pela doença.
A comissão foi presidida pelo ex-ministro do STF Ayres Britto e contou com a participação de Miguel Reale Jr., entre outros. Eis uma das conclusões do relatório desses dez juristas:
"A questão que se põe no presente momento é a seguinte: pode-se provar com segurança, e de acordo com as leis da natureza, que centenas de milhares de vidas teriam sido salvas, caso o presidente e outras autoridades tivessem cumprido com o seu dever constitucional de zelar pela saúde pública? A resposta é um retumbante sim".
O colegiado relembra três ocasiões em que omissões e ações do governo pesaram no combate à pandemia:
— a falta de interesse de Bolsonaro em negociar vacinas com a Pfizer no ano passado;
— as ações do presidente ao desautorizar o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello a comprar doses da Coronavac com o Instituto Butantan; e
— a resistência do governo federal em adotar medidas sanitárias que ajudariam a minimizar a transmissão do vírus, como o distanciamento social e o uso de máscaras.
"Não há outra conclusão possível: houvesse o presidente cumprido com o seu dever constitucional de proteção da saúde pública, seguramente milhares de vidas teriam sido preservadas. Deve, por isso mesmo, responder por tais mortes, em omissão imprópria, a título de homicídio.
Deve também, evidentemente, responder, em omissão imprópria, pela lesão corporal de um número ainda indeterminado de pessoas que não teriam sido atingidas caso medidas eficazes de combate à Covid-19 tivessem sido implementadas. Por óbvio, para fins de responsabilização criminal, esse número deve ser apurado."
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL – No plano internacional, a comissão da OAB afirma que há fundadas e sobradas razões para Bolsonaro responder por crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional.
Os juristas afirmam que o presidente utilizou a pandemia deliberadamente como instrumento de ataque e submissão de toda a população. E indaga:
"Acaso uma gestão governamental deliberadamente atentatória à saúde pública, que acaba por abandonar a população à própria sorte, submetendo-a a um superlativo grau de sofrimento, não poderia ser caracterizada como um autêntico crime contra a humanidade? Em outras palavras: fundar uma República da Morte não configuraria tal crime? Parece-nos que sim".
O relatório da comissão será levado para discussão no plenário do Conselho Federal da OAB, que reúne representantes das seccionais estaduais da entidade e o seu presidente, Felipe Santa Cruz. Com base no parecer, a Ordem poderá apresentar um pedido de impeachment contra Bolsonaro. Até o momento, a OAB não elaborou nenhum pedido de afastamento do presidente. (por Paulo Roberto Netto, no blog do Fausto Macedo)
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TOQUE DO EDITOR — Mandou bem o repórter, mas teve de se manter nos limites da grande imprensa, sem acrescentar o que, suponho, ele já soubesse: quando a OAB encomenda um relatório desses e vaza para alguém da imprensa, não é para ficar exposto no mural da sede, mas sim para ser utilizado no pedido de afastamento que ela haverá de lançar no momento propício.
E, seja pela via do impeachment, seja por incapacitação para o cargo em função de insanidade mental, seja porque o obriguem a renunciar, não há a mais remota possibilidade de o genocida iniciar o ano de 2022 como presidente. Hoje ele já não passa de um cadáver político à espera de que o rabecão o venha recolher. (por Celso Lungaretti)
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