domingo, 18 de abril de 2021

A SEMANA EM QUE O GOVERNO DERRETEU (E NÃO HÁ NADA PARA COLOCAR NO LUGAR!)

As charges são todas do Jota Camelo
E
u não gostaria de estar no lugar de Jair Bolsonaro. 

Para onde se olha no governo federal, são só: 
— crises, conflitos, ameaças, desencontros;
— derrotas no STF, que mandou instalar a CPI do genocídio e devolveu os direitos políticos a Lula;
— o centrão fazendo cara feia para o falido posto Ipiranga, de olho no cofre e nos ministérios;
— a pandemia se alastrando fora de controle;
— pressões internas e externas contra a política ambiental, e 
— o presidente ainda tendo de arrumar uma boquinha para o general Pazuello no Palácio do Planalto, para lhe garantir foro privilegiado nos tribunais. 

A semana que passou foi certamente a mais terrível para o ex-capitão desde a sua posse, sem saber por onde começar a apagar os incêndios, com seu governo derretendo a olho nu, e sem ter mais a quem recorrer. 

Essa história de meu povo e meu exército não assusta mais ninguém. Virou apenas mais um grito de desespero de quem não sabe como governar o país. 

Estou esperando a hora de agir, se o povo quiser, eu tomo decisões, prometeu a um grupo de devotos no cercadinho do Alvorada, em meio à tormenta que se abateu sobre seu governo. 

E por que não tomou decisões até agora, já percorridos quase 28 meses de mandato? 

Até hoje, não conseguiu apresentar um único programa de governo, nem nem mesmo sancionar o Orçamento de 2021, uma peça de ficção, assim como a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2022, que já enviou ao Congresso. 

Que Bolsonaro não nasceu para ser presidente, todos sabemos, não precisava ele dizer. Mas nem nos piores pesadelos poderíamos imaginar o tamanho da catástrofe que se desenhava no horizonte, já durante a campanha eleitoral e na formação desse ministério Frankenstein

Mentiroso compulsivo, desmente hoje o que disse ontem, especialista em se agarrar a fios desencapados e atravessar a rua para pisar em cascas de bananas, o capitão ainda se segura na cadeira porque, reconheçamos, não há nada para colocar no lugar neste momento. 

Nem impeachment resolve porque não temos um Itamar Franco à vista, como na época de Collor. E o vice, general Mourão, está mais para um Michel Temer de farda, que reza pela mesma cartilha golpista do capitão. 
Qual é a credibilidade que Bolsonaro ainda tem para falar por três minutos no encontro sobre clima e meio ambiente promovido por Joe Biden com os principais líderes mundiais, depois de promover deliberadamente a maior destruição da Amazônia sob o comando da boiada de Ricardo Salles? 

Sim, meus amigos, estamos literalmente no mato sem cachorro, no fundo do buraco, e o mato está acabando. 

Até o dia da eleição do ano que vem, sempre uma esperança renovada, só nos restará continuar arrastando essa procissão fúnebre, sem rumo nem norte, vendo gente morrer aos milhares todo dia? 

Mas falta uma eternidade até lá! 

Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)

Um comentário:

Anônimo disse...

Bola fora do mestre Kotscho: o impedimento do Facínora resolve, sim. Não somente por seu resultado, mas, principalmente, por seu processo. Arrisco a dizer que este seria um pouco mais relevante para a formação política que a troca do ocupante do Planalto. Mas a deposição do personagem nefasto teria um valor simbólico nada desprezível. Ecoam, nas palavras do tarimbado jornalista, os desejos eleitoreiros nada ocultos do Lula, os quais, se concretizados, resultarão em mais algumas centenas de milhares de mortes até a triunfal subida da rampa palaciana em janeiro de 2023. Esse será o preço que ser-lhe-á cobrado caso fuja da luta pelo impedimento do Facínora, como tem sido, até agora, sua posição.

Marco Aurélio, Rio de Janeiro

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