quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A LUTA PRINCIPAL DA HUMANIDADE É PELA SUPERAÇÃO DO CAPITALISMO. AS DEMAIS A COMPLEMENTAM, MAS NÃO A SUBSTITUEM!

"
A história de todas as sociedades até agora tem sido a história
das lutas de classe. Homem livre e escravo, patrício e plebeu,
barão e servo, membro das corporações e aprendiz, em suma,
opressores e oprimidos, estiveram em contraposição uns aos
outros e envolvidos numa luta ininterrupta, ora disfarçada,
ora aberta, que terminou sempre com a transformação da
sociedade inteira ou com o declínio conjuntos das classes
em conflito" (Manifesto do Partido Comunista)
Já lá se vão 172 anos que Marx e Engels produziram o panfleto mais importante da história da humanidade e muitas de suas análises, como esta da epígrafe, permanecem totalmente válidas.

Houve, sim, uma grande oportunidade para nós iniciarmos a construção de uma nova história, mas até agora ela continua sendo tragicamente desperdiçada.

Pois a disputa entre opressores e oprimidos se dava pela posse e desfrute de bens que não existiam em quantidade suficiente para que todos os seres humanos pudessem levar uma vida materialmente plena. Então, era preciso que muitos tivessem de menos para que uns poucos tivessem demais. Pois da repartição equânime resultaria a escassez para todos, embora a comunidade acabasse se acostumando a sobreviver assim.

Enfim, a escassez impulsionava os mais bem servidos de força e/ou inteligência a submeterem os demais às suas necessidades e caprichos, que eram priorizados à custa da preterição das necessidades alheias.

No entanto, o desenvolvimento das forças produtivas, ainda que em regime de desigualdade econômica e social, acabou superando, no século passado, a barreira da necessidade.

Ou seja, os seres humanos conseguiram desenvolver os processos produtivos a um ponto que se poderia proporcionar uma existência materialmente digna a cada membro da espécie, e reduzindo-se significativamente a quota de trabalho que caberia a cada um. 

Mas, os poderosos de então optaram por perpetuar artificialmente a desigualdade que os privilegiava. Não lhes bastava ter o suficiente que todos tinham. Queriam e lutaram com unhas e dentes para continuar sendo dominantes. 

Ora, a riqueza que não era distribuída para que todos tivessem suas necessidades satisfeitas, mas por eles em grande parte usurpada, lhes proporcionou poder suficiente para barrar os ventos de mudança. E a indústria cultural, cujas ferramentas tiveram enorme evolução tecnológica a partir, principalmente, da segunda metade do século 20, lhes permitiu estruturar um quase infalível sistema de lavagem cerebral em massa. 

O meio é a mensagem (Marshal McLuhan), já esqueceram? A indústria cultural vende muito mais que produtos. Introjeta em cada uma de suas mesmerizadas vítimas toda a escala de valores e desejos da sociedade do consumismo e da ganância. 
Resumo da ópera:
— já estão dadas todas as premissas para a abolição das classes, das nações e de todas as divisões artificiais que separam os indivíduos (brancos x negros, homens x mulheres, heterossexuais x homossexuais e infindáveis et cetera), dando lugar a uma comunidade universal dos homens plenos, em que a prioridade absoluta seja o bem comum e todos sejam livres para fazer tudo que não prejudique e seja consentido pelos demais seres humanos; 
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— mas, por enquanto, os poderosos estão conseguindo impedir a ferro e fogo tal transformação e, como disseram Marx e Engels em 1848, o que acontece, em escala mundial, é o declínio conjunto das classes em conflito, com a desestruturação de toda a vida em sociedade atingindo os extremos da barbárie e do genocídio;
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— e até mesmo a juventude rebelde, na qual teóricos como Marcuse depositavam grandes esperanças, está perdendo de vista o inimigo principal e dispersando suas forças na fixação obsessiva em bandeiras relevantes mas secundárias, como se o fim de alguns preconceitos e práticas fosse capaz de tornar paradisíaca nossa existência numa sociedade em processo de autodestruição acelerada.
Como Marx e Engels também previram, o capitalismo só permaneceria
saudável enquanto pudesse expandir-se continuamente, mas isto também se tornou impossível: ele gera tamanha desigualdade que não há mais como compatibilizar-se oferta e procura, já que é cada vez maior o número de pessoas vegetando em condições subumanas, sem poder aquisitivo para adquirir quase tudo de que desesperadamente carecem. 

O castelo de cartas já teria desabado se o capitalismo não recorresse ao fornecimento indiscriminado de créditos (para países tanto quanto para pessoas) que não existem para ser saldados, mas sim indefinidamente remanejados, empurrando-se com a barriga o crash inevitável para a frente. Mas, um dia a margem artificial de manobra chegará ao final, o que vai mergulhar o mundo inteiro numa depressão econômica de intensidade jamais vista.

Além de serem finitos os recursos naturais que estão sendo devorados pela compulsão de produzir-se cada vez mais para atender à tirania do lucro, ao invés de produzir-se o realmente necessário e só quando necessário (a troca, estimulada ao máximo pela propaganda mesmerizante, de geringonças a cada ano, usando como isca um ou outro aperfeiçoamento tecnológico, deveria ser considerada um crime contra a humanidade!). 

Vale lembrarmos: as alterações climáticas que geramos são a ameaça mais evidente e imediata de extinção da espécie humana, mas não a única. Estamos cavando nossas próprias covas.

Mais do que nunca, precisamos somar todas as nossas forças para superarmos o capitalismo antes que ele nos destrua. É simples assim. (por Celso Lungaretti)

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