quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O QUE É O PRESIDENTE DE UM PAÍS DE MARICAS, SE NÃO O ESCOLHIDO PELOS MARICAS COMO SEU REPRESENTANTE?

BOLSONARO, A DERROTA
Falas infames minam credibilidade da Anvisa
e semeiam desconfiança na vacinação
Quase ao mesmo tempo em que a multinacional Pfizer anunciava a eficácia de mais de 90% de seu imunizante, o presidente Jair Bolsonaro e seus apaniguados exibiam ao mundo mais uma lição de irresponsabilidade vacinal, ao politizar uma questão que deveria ser exclusivamente técnica.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária mandou interromper o ensaio clínico de fase 3 da Coronavac, a vacina de origem chinesa em teste no país que, se aprovada, será produzida em São Paulo pelo Instituto Butantan, como parte de um acordo costurado pelo governador João Doria. A medida atende a um protocolo.

Suspensões de ensaios ocorrem com alguma frequência e visam assegurar a qualidade do produto final e a ética no processo de testagem. A interrupção pode se justificar, entre outros motivos, por eventos adversos graves inesperados —como foi o caso aqui, com a morte de um voluntário.

Se claramente não estiver relacionado à vacina, um evento do tipo não precisa levar à suspensão dos testes —e, como se noticiou depois, considera-se que houve provavelmente suicídio ou overdose.

A Anvisa alega que recebeu informações incompletas do Butantan e que não tinha outra alternativa além de suspender a testagem; já o instituto diz que seguiu os protocolos. Em qualquer hipótese, urge que se retome o trabalho assim que a questão seja esclarecida.
Poderíamos estar diante de um mal-entendido ou um debate sobre procedimentos, não fosse a desfaçatez de Bolsonaro. O presidente foi às redes sociais celebrar o evento —originado por uma tragédia pessoal— e proclamar que vencera
mais uma. Em seu placar mental alucinado, teria imposto um revés à vacina chinesa do Doria.

Trata-se de mais que parvoíce e insensibilidade. O ato do chefe de Estado é de extrema gravidade por comprometer a credibilidade de uma agência reguladora, à qual cabe tomar decisões vitais com independência em relação ao governo de turno, e por semear a desconfiança na imunização.

Neste último aspecto, pesquisas realizadas pelo Datafolha em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Recife já detectaram sinais preocupantes de que diminuiu a disposição da população a vacinar-se, além de ressalvas, sem nenhuma base científica, à vacina chinesa.

Ainda nesta 3ª feira (10), Bolsonaro encontrou tempo para fazer bravatas a respeito do enfrentamento da Covid-19 e pregar que o Brasil
tem que deixar de ser um país de maricas

São todas suas, entretanto, a covardia, a omissão e a mesquinharia que sabotaram os esforços do país durante a maior crise sanitária global em um século. (editorial da Folha de S. Paulo de 11/11/2020)

Um comentário:

Henrique Nascimento disse...

Estou adorando acompanhar o povo "maricas" nas ruas de Macapá. Posso imaginar o que virá nessa década que daqui a pouco se inicia...

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