(continuação deste post)
Mas há as pressões externas, que confluem para a obsolescência desse modo de relação social que se desenvolve há milênios e agora atingiu o seu ponto de inflexão e declínio.
Devemos considerar que a sociedade poderia ter tomado um rumo diferente daquele que tomou, posto que o capitalismo não é resultante de uma inevitabilidade histórica; nada impede que, noutras circunstâncias, a evolução do saber social superasse o teor escravagista inicial das sociedades pre-modernas.
Mas tal não ocorreu e, como não há mal que dure para sempre, eis que ele está sendo atacado por todos os lados. Mason acerta quando afirma que alguns fatores externos ora existentes atingem em cheio nosso atual modo de ser social, cuja base é a negatividade.
Talvez o principal deles seja a sua análise sobre a insustentabilidade de emissão de moedas sem lastro para suprir necessidades de consumo populacional diante da paralisia econômica causada pela depressão de antes da pandemia e potencializada agora pela dita cuja.
É claro que a circulação de moeda sem lastro, além de provocar a inflação (que somente não atinge patamares mais exagerados por conta de deflação, que é ainda pior) responsável pela corrosão dos salários e pelo aumento dos lucros dos produtores e comerciantes, não resolve o problema social.
Trata-se apenas de um paliativo para que uma população exaurida continue sobrevivendo e não haja uma séria convulsão social.
Mas, como medida emergencial que é, a distribuição de dinheiro sem lastro não pode prosseguir indefinidamente, devido aos males que causa ao controle monetário da forma-valor, o qual é regulado pelas relações mercantis.
[Daí a insistência dos Trumps e Bolsonaros da vida em, ao custo de muitas vidas humanas, tentarem forçar a abertura temerária das relações mercantis sem as quais todo o universo do capital entra em colapso.]
[Daí a insistência dos Trumps e Bolsonaros da vida em, ao custo de muitas vidas humanas, tentarem forçar a abertura temerária das relações mercantis sem as quais todo o universo do capital entra em colapso.]
Tal qual uma semente que traz desde a sua concepção toda a carga genética que lhe formatará o futuro orgânico, o capitalismo traz no seu cerne genético toda a negatividade do seu itinerário de sangue e de dor (que, acreditamos, está bem próximo do fim!).
O envelhecimento populacional como consequência dos avanços da medicina se constitui noutro encurtador da sobrevida do capitalismo.
Mason acerta quando afirma que o envelhecimento da população é um problema exógeno antes inimaginável, uma vez que o capitalismo não existe para amparar as pessoas, mas para explorá-las.
É que o saber médico-científico geral, ao deixar os seres humanos vivos por mais tempo, mas com menor capacidade de esforço físico de produção e com maior necessidade de consumo de remédios e cuidados, está em contradição com uma lógica fundada na força de trabalho e, evidentemente, se transforma num impasse social. Trata-se, portanto, de mais uma contradição socialmente irresolúvel sob critérios capitalistas.
É que o saber médico-científico geral, ao deixar os seres humanos vivos por mais tempo, mas com menor capacidade de esforço físico de produção e com maior necessidade de consumo de remédios e cuidados, está em contradição com uma lógica fundada na força de trabalho e, evidentemente, se transforma num impasse social. Trata-se, portanto, de mais uma contradição socialmente irresolúvel sob critérios capitalistas.
Apesar de sua menor letalidade do que outras pragas (como a peste negra), a Covid-19 tem um grau de contaminação sem precedentes na história, graças à interligação de viagens entre os habitantes dos vários continentes. Isto tem provocado a paralisia da produção e consumo de mercadorias atingindo em cheio a vital e crescente necessidade de reprodução aumentada do valor.
Neste sentido, o coronavírus acaba sendo um gatilho que provoca tanto a morte de pessoas quanto a das atividades capitalistas, demonstrando o oportunismo do modo de ser dessa relação social que apenas usa a necessidade de consumo para segregar socialmente a maior parte da população mundial (e não para supri-la em suas necessidades de consumo).
Quanto à ligação de surgimento de pandemias por fatores ecológicos como o aquecimento global ou a poluição territorial, fluvial e oceânica, não podemos descartar tal possibilidade (que bem pode estar provocando, p. ex., a intensificação da procriação de gafanhotos), mesmo que ainda pendente de comprovação científica. (por Dalton Rosado)
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