segunda-feira, 25 de maio de 2020

CONSCIENTE DE QUE SEU MANDATO TEM OS DIAS CONTADOS, BOZO VAI ARMANDO MAIS AINDA SUAS HORDAS. MILITARES SE OMITEM

Uma Calamity Jane bolsonarista 
Por maiores que fossem as minhas restrições ao Reinaldo Azevedo que, na década passada, disputava com Diogo Mainardi a liderança do ranking de articulistas reacionários da veja, sou honesto em reconhecer que, desde 2016, seu trabalho tem sido impecável. 

Tão logo percebeu que a consumação do impeachment de Dilma Rousseff, para o qual tanto trabalhou, não faria dele o guru de uma direita civilizada que voltaria a ser a força dominante da política brasileira, tendo servido, isto sim, para alavancar a direita selvagem que prefere se nortear pelos delírios do astrólogo da Virgínia, o RA deu uma guinada de 180 graus.

Entrincheirando-se na letra da Constituição, passou a combater a trupe fascista do Bozo e o tenentismo togado do Moro com o mesmo furor e competência antes utilizado contra os que ele batizara de petralhas.

Mas, como talentoso indiscutivelmente ele é, tem feito muito mais do que boa parte dos articulistas de esquerda para barrar a escalada ultradireitista. Se ela agora está morrendo na praia e o Bozo em vias de ser apeado do poder, o RA, sem dúvida, merece parte dos louros da vitória que, não temo afirmar, há de ser tornar definitiva ainda em 2020.

Aliás, o RA é outro que, como eu, ousa correr riscos, não se escondendo embaixo da cama como muitos heróis de tempos amenos. 

Então, aplaudo e me associo à sua denúncia de um dos maiores crimes de responsabilidade confessados pelo Bozo no vídeo incriminador de 22 de abril: o estímulo a suas hordas de celerados para se armarem até os dentes, sem nenhum controle por parte das Forças Armadas.

Cauteloso mas canhestro, o Bozo fingiu na reunião que o objetivo seria dar à população meios para se defender de ditadores, mas o único aspirante a ditador em franca atividade hoje em dia é ele mesmo. Não colou.
E aqui vale repetir as advertências do RA e seu alerta às Forças Armadas, de que, com sua ultrajante omissão, não só estão semeando uma tempestade que atingirá em cheio a elas mesmas, como se deixando desmoralizar num grau inimaginável, sem precedentes em toda a sua história:
"...isso nada tem a ver com o enfrentamento de bandidos ou com a defesa pessoal. Raramente, ou nunca, as Forças Armadas passaram por tamanha humilhação.
...o presidente havia exonerado o general Eugênio Pacelli, do Comando de Logística do Exército. Ele teve de deixar a Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército porque Bolsonaro se zangou com o militar. Seu erro: ter criado regras para rastrear armamentos e munições nacionais e importados. Seu erro: ter feito a coisa certa. 
Bolsonaro não quer rastrear nada. Ele revogou as portarias. Assim, desaparece o controle de armas e munições no país. 
Fuzis apreendidos com um único miliciano, amigo de um dos acusados da execução de Marielle Franco
Mais: (...) o presidente dá ordem a Sergio Moro e a Fernando Azevedo e Silva para que baixem outra portaria multiplicando por 33 a quantidade de munição que pode ser comprada por um civil: de 200 unidades por ano para 55 POR MÊS. E, com efeito, no dia 23 [de abril, o dia seguinte], a portaria veio à luz. 
Generais conhecem muito bem a implicação de um eventual armamento generalizado da população, ao arrepio de qualquer controle. (...) Braga Netto [que estava ao lado do Bozo na micareta de 22 de abril] sabe mais do que outros: foi ele o interventor na segurança púbica do Rio de Janeiro.  
Já hoje, com algum controle, as milícias e o narcotráfico dão uma sova no Estado brasileiro — e não deixa de ser uma humilhação às Forças Armadas também, convenham — porque armados até os dentes. Imaginem sem controle nenhum.  
Mas Bolsonaro considera ser esse o caminho para preservar a liberdade... 
Duvido que haja qualquer estudo na biblioteca das Três Forças que justifique esse ponto de vista. Duvido que algum militar responsável consiga defendê-lo à luz da segurança interna. 
De combatentes contra a subversão, as Forças Armadas do Brasil se transformaram em promotoras passivas da guerra civil"
Repito: nesta questão específica, junto a minha voz à do RA, pois tudo de que não precisamos é de uma guerra civil, na qual as incríveis milícias Brancaleone certamente sairiam derrotadas, mas a um custo com o qual o Brasil não pode arcar neste momento, por si só delicado ao extremo. 

Que as Forças Armadas desta vez façam a coisa certa e cortem o quanto antes o mal pela raiz (por Celso Lungaretti)

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