domingo, 3 de maio de 2020

PRÓXIMO DA QUEDA, BOLSONARO COMETE NOVO ERRO CRASSO AO CONSTRANGER E PRESSIONAR AS FORÇAS ARMADAS

Chegando aos 70 anos, jamais havia visto um presidente brasileiro tão dividido entre a obsessão extremada de perpetuar-se no poder e os impulsos irresistíveis que o levam a cometer todas as besteiras capazes de acelerar a sua remoção do poder. 

Se o seu catastrófico governo tende a ser rapidamente esquecido, a forma como ele o terá abreviado tende a ser lembrada durante muito tempo por psiquiatras e psicanalistas, como um dos exemplos mais emblemáticos da esquizofrenia, também chamada de distúrbio da mente dividida – um transtorno marcado por surtos nos quais o mundo real é substituído por delírios e alucinações.

Não sei o que levou Bolsonaro a fase tão aguda de sua esquizofrenia a partir daquele domingo, 15 de março, no qual, tendo voltado contaminado pelo coronavírus de sua viagem aos EUA, saiu a esfregar-se desvairadamente em seus apoiadores durante uma patetada ultradireitista.

Desde então vem se comportando como um sabotador compulsivo do combate à pandemia, como um golpista trapalhão e como um presidente que afasta de si todos os auxiliares equilibrados, queima seu filme com os brasileiros sensatos e passa a ser mito apenas para os mais obtusos fanáticos.

Para encurtar a História, exonerou seu ministro da Saúde que conquistara a confiança dos brasileiros logo à véspera da fase mais aguda da pandemia, substituindo-o por um executivo de empresas médicas que há muito tempo salva mais os cifrões do que as vidas humanas.

Ou seja, permitiu que Mandetta conservasse intacto seu prestígio e atraiu para si todo o desprestígio decorrente da escalada anunciada de contaminações e óbitos. 

Logo em seguida, cometeu o erro capital de romper a aliança com o lavajatismo, que dava alguma aparência de idealismo a seu governo e, deslocando-se para o extremo oposto, comprou o apoio de corruptos com carteirinha assinada e condenações transitadas em julgado. 

Quem ingenuamente acreditou que Bolsonaro fosse livrar o Brasil da velha política está se dando conta de que ninguém é cria do Paulo Maluf e do Roberto Jefferson impunemente.

Agora  com a Justiça exigindo a entrega dos laudos  de exames de coronavírus que comprovarão que ele estava ciente de sua condição de contagiado quando expunha sofregamente seu rebanho de seguidores à doença e com Sergio Moro fornecendo ao STF provas devastadoras de seus crimes de responsabilidade , Bolsonaro resolveu assumir de vez os intentos golpistas, na mais grotesca de todas as suas patetadas dominicais.

E o fez da maneira mais desajeitada possível, ao envolver as Forças Armadas numa aventura que elas jamais emitiram sinais de que apoiariam:
"Tenho certeza de uma coisa: nós temos o povo ao nosso lado, nos temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia e pela liberdade. E o mais importante: temos Deus conosco".
Como espera obter a confiança dos altos comandantes militares, que já o haviam expelido da caserna e tinham carradas de razões para desconfiarem dele como governante, como líder de homens e como indivíduo mentalmente são, se ousa constrangê-los e pressioná-los grosseiramente em público?!

Há articulistas de esquerda que tremem diante desses blefes canhestros e se deixam contaminar pelo vírus da sinistrose, como se fosse um Hitler ou um Mussolini que estivesse mordendo nossos calcanhares, e não um patético rato que ruge...

Eu só vi nessa nova comédia de erros dominical uma tentativa desesperada de um político medíocre que já sabe estar nas últimas e tenta reverter a situação com um rompante kamikaze, só conseguindo acrescentar mais motivos à lista enorme das justificativas para seu afastamento, com a máxima urgência, de um cargo do qual em momento nenhum esteve à altura. (por Celso Lungaretti)  

Um comentário:

Daniel Henrickson disse...

Um dos problemas que enfrentamos é a superstição e talvez outros motivos que não deixam o Maia dar seguimento ao processo de Impedimento.

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