terça-feira, 23 de abril de 2019

O MUNDO ESTÁ PRENHE DE REVOLUÇÕES – 2

(continuação deste post)
A cena africana – o continente africano, com seus cerca de 1,2 bilhão de habitantes, padece com o aumento da incidência de doenças que poderiam ter sido erradicadas a partir da descoberta de vacinas e medidas médicas preventivas. Além disso, aparecem e se disseminam moléstias antes desconhecidas como a Aids e vírus como o ebola.

Os efeitos do aquecimento global se fazem sentir especialmente na África, seja pela desertificação de regiões inteiras ou pela intensificação de aguaceiros como os que ora atingem a região de Moçambique e países próximos, matando milhares de pessoas e desabrigando outras tantas. 


As ebulições africanas diante da intensificação da miséria generalizada provoca a queda de ditadores, mas não correspondem a evoluções emancipatórias que caminhem para a superação dessa mesma miséria; direcionam-se, isto sim, para a reprodução de governos autoritários militarizados, que tentam manter pela força a submissão dos desesperados. 

Boko Haram: de volta às trevas medievais.

É deste caldo de cultura que surgem organizações fundamentalistas político-místicas como o Boko Haram, negando todas as conquistas civilizatórias da humanidade e pregando a volta de práticas religiosas que remontam à chamada idade das trevas.

A África, mais do que qualquer outro continente, é atingida pela disparidade dos níveis tecnológicos mundiais de produtividade das mercadorias; tal desfasagem lhe retira qualquer possibilidade de competição no mercado internacional, a não ser com a exportação dos minerais existentes em seu subsolo, controlados por gangues governamentais aliadas às empresas internacionais que enriquecem indiferentes miséria do povo africano.


A África mãe, pode ser considerada como o mais pobre continente nesse mundo capitalista promotor da miséria, cujas poucas ilhas de prosperidade não deveriam servir de modelo a ser imitado, como ainda ocorre. 

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A cena asiática – o continente asiático, com sua imensidão territorial (corresponde a 1/3 das áreas sólidas da Terra e reúne 60% de toda a população mundial) e com características geográficas as mais variadas, também retrata a falência do modelo capitalista, hoje nos seus estertores.
O demônio que mais assusta os japoneses hoje é a recessão...

Ainda que se possa atribuir ao capitalismo e sua dinâmica os avanços havidos no mundo asiático, retirando da ignorância milenar e da opressão feudal mais atrasada muitos povos da região (o que é uma verdade relativa, não absoluta, diferentemente do que afirma Paulo Guedes), isto não significa que outro modelo social não pudesse fazer o mesmo, e de modo pacífico e humanizado. 


Dividido em seis grandes regiões geográficas (o Oriente Médio; o subcontinente indiano; o sudeste asiático; o centro-leste; o extremo oriente; e a parte asiática da comunidade de Estados independentes), a análise que podemos fazer é a de que, após o surto desenvolvimentista original decorrente do desenvolvimento do intelecto humano, observa-se o recrudescimento da miséria, atingindo a maior parte de sua população.


O saber tecnológico adquirido pela humanidade (embora impulsionado pelo capitalismo que atingiu todos os poros das sociedades mundiais, não oportunizando a existência de outro modelo) não deveria permitir a volta da barbárie e das opressões religiosas fundamentalistas ali existentes, mas o capital, que promoveu o resgate do atraso milenar e da ignorância, é o mesmo que ora dissemina a barbárie por força das contradições dos seus próprios fundamentos irracionais.

...enquanto o dragão chinês ameaça precipitar... 

Mesmo o Japão, considerado o mais desenvolvido dos países asiáticos, habitado por um povo culto e disciplinado, é exemplo da disfunção do modo de produção capitalista no atual estágio de incompatibilidade entre forma e conteúdo. 


O aumento do PIB do Japão em 2018 foi de 1,1%, um índice de crescimento quase nulo. Como a dívida pública e privada do Japão corresponde a 240% do seu PIB, orçado em USD 5,0 trilhões, a dedução lógica é que a sua dívida colossal é impagável sob os critérios estabelecidos e de curto prazo.


O Japão só sobrevive porque os juros incidentes sobre sua dívida são bastante reduzidos quando comparados àqueles cobrados aos países emergentes ou subdesenvolvidos. Mas a recessão japonesa fará com que, já e já, os credores internacionais, por precaução, retirem os créditos baratos concedidos; isto causará a elevação das taxas de juros, agravando o quadro recessivo.


A China, país com cerca de 1,4 bilhões de habitantes (que corresponde a 20% da população mundial) e detentor do segundo maior PIB mundial, é o país asiático mais representativo da realidade falimentar do capital, embora seja alardeado por muitos desavisados como locomotiva vitoriosa do capitalismo sob critérios chineses. Passa-se justamente o contrário.  

...a derrocada do capitalismo em escala mundial...

O desenvolvimento econômico chinês 
baseado no culto à riqueza abstrata; no endividamento público e privado; e na completa restrição de direitos trabalhistas e baixos salários médios, além da prática descarada de procedimentos não convencionais na guerra concorrencial internacional de mercado, antes de demonstrar a validade dos fundamentos capitalistas, atesta a sua irracionalidade. Como justificar, p. ex., a insuportável poluição em Pequim?! 

Ademais, com suas práticas contraditórias, a China impulsiona em ritmo caminho o capitalismo para o abismo.   

Trata-se de um dragão asiático que atingiu o seu limite externo de crescimento em padrões elevados, quando comparados aos padrões internacionais. Assim, como a roda do crescimento econômico tem de ser mantida numa mesma velocidade como forma de tornar saldáveis e saudáveis os compromissos financeiros assumidos, o emperramento do crescimento do PIB chinês e a ameaça de sua redução tem causado um frisson em todo o sistema de crédito mundial, igualmente ameaçado de insolvência. 

...fazendo a Grande Depressão parecer refresco.
A globalização da economia e a inserção da China dita comunista no mercado internacional, com sua produção de mercadorias cujo valor é dessubstancializado, tornou-a dependente da lógica capitalista, do mesmo modo que o capitalismo mundial se tornou dependente da China; ambos estão perplexos, como dois náufragos num mar revolto.

O tal comunismo chinês (rótulo hoje discutível) se tornou defensor do livre comércio mundial (liberal por excelência na economia e keynesiano no sistema de governo) e os Estados Unidos, outrora defensores do livre mercado, tornaram-se protecionistas e nacionalista, com restrições à economia de mercado (liberal no discurso e keynesiano na prática). 

Tal fenômeno sino-estadunidense é a prova mais evidente de que a política está subsumida ao capital, que tem regras absolutistas próprias e segregacionistas de funcionamento. 


A dívida pública chinesa corresponde a 140% do PIB e está assentada numa perspectiva de geração de valor advinda de lucros e extração de mais-valia (capitalismo puro) na produção de mercadorias que cada vez mais se tornam improváveis
(por Dalton Rosado).
                    (continua neste post) 

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