domingo, 21 de abril de 2019

O MUNDO ESTÁ PRENHE DE REVOLUÇÕES – 1

dalton rosado
VIVEMOS O MAIS ABRANGENTE E SIMULTÂNEO
DENTRE OS PERÍODOS DE RUPTURAS SOCIAIS 
"O desemprego do homem deve ser tratado como uma tragédia e não como estatística econômica" 
(papa João Paulo II)
Há momentos no itinerário da humanidade sobre a face da Terra que condensam toda uma carga de impulso para uma nova era em face da saturação do que está posto e que reclama por diferentes formas de convivências sociais expressas em novo modo de produção social. 

Entendo que vivemos um desses momentos, que são especialmente difíceis em razão da transição do que se tem e que não mais atende aos interesses sociais para o que necessita nascer, sob a circunstância de que é um fenômeno simultaneamente mundial.

Nenhuma das proposições políticas à mão são satisfatórias, então caminhamos de decepções em decepções político-econômicas sem que consigamos fazer a viragem necessária. Sofremos hoje as dores do parto; caberá a nós sabermos conduzir os movimentos desse parto de modo a preservarmos tanto a parturiente como o nascituro.

A história nos mostra períodos de obsolescência de modelos políticos gerados por mudanças nos modos da produção social. 

O que define o caráter de uma sociedade é o seu modo de produção social; as mudanças políticas são a consequência, o que demonstra que sempre há uma necessidade de adequação do modelo de organização política aos impérios da economia de produção.
"ensejando a ruptura das amarras político-burocráticas absolutistas"
As antigas sociedades comunitárias primitivas, baseadas na partilha, foram suprimidas quando: 
— o valor envolvido nas permutas quantificadas de produtos produzidos (que eram diferentes das antigas trocas de excedentes, sem mensurações quantitativas e qualitativas) passou a corporificar-se em dinheiro e mercadorias (gênese do forma-valor, cujo embrião se consolidou na Grécia antiga, cerca de 700 anos a.C.) e estabeleceu a ideia de escravização de numerosos contingentes de seres humanos por outros seres humanos, constituídos em castas;
 o Império Romano, escravista e militar, decaiu, ensejando o seu esfacelamento pelos bárbaros;
 quando o feudalismo monárquico nacionalista instituiu nações territorialmente estabelecidas com níveis de produção de subsistência sob critérios estabelecidos pelas servidões aristocrático-rurais;  
 o feudalismo monárquico se tornou um obstáculo ao desenvolvimento das forças produtivas e as relações mercantilistas de produção foram inspirando os ideais iluministas republicano-burguesas, ensejando a ruptura das amarras político-burocráticas absolutistas, monárquico-eclesiásticas, de então, que se tornaram obsoletas, dando origem aos estados burgueses militaristas; e
 o capitalismo dito democrático-burguês se consolidou, com o ascendente modo de produção capitalista tomando todos os poros das sociedades mundiais, aperfeiçoando os processos políticos ditados pela hegemonia do capital e instituindo a concorrência internacional de mercado.
"agora o modo de produção capitalista atingiu o seu limite interno de expansão"
Agora o modo de produção capitalista atingiu o seu limite interno de expansão na produção de mercadorias por força das contradições dos seus próprios fundamentos: a produção de mercadorias baseadas no valor tornou obsoleta (em maior parte) a sua substância primária, o trabalho abstrato, tornando impossível a mediação social sob tal critério. Ou seja, o capitalismo corta o galho sobre o qual está assentado (Robert Kurz). 

Daí decorre o imperativo de sua substituição por um novo modo de produção, uma vez que a contradição entre política e modo de produção insatisfatório se tornou evidente, ainda que ele (o capitalismo) insista em nos levar juntos para o abismo de sua autodestruição.

Vivemos um período de impasses sociais, aumento da miséria e tensão causada pela possibilidade, que cada vez mais concreta, da extinção da vida humana na Terra.

A duração dos processos históricos é bem mais alongada do que a extensão de uma vida humana. Daí alguns reacionários desinformados considerarem o capitalismo como um dado ontológico (portanto imutável) da existência humana, sem considerarem a sua natureza histórica, como se os acontecimentos sociais como se estivessem adstritos ao seu próprio e curto tempo de vida.  
"os acontecimentos e fatos demonstram diariamente a saturação do modelo de mediação social atual "
Isto ocorre embora a roda da história tenha alterado a sua rotação e ganhado velocidade nestes tempos de terceira revolução industrial da microeletrônica. É impressionante a velocidade com que os acontecimentos e fatos demonstram diariamente a saturação do modelo de mediação social atual e sua obsolescência, evidenciado nas contradições político-econômicas em curso.

A debacle interna do capital transcende o poderio bélico e seus resíduos econômicos conjugados com o poder informativo dos moderníssimos meios de comunicação, pois o que está ocorrendo é a desintegração dos fundamentos da própria natureza intrínseca do capitalismo, e não ações práticas e teóricas externas aquilo que provoca a ebulição social em curso, com graves e extremadas consequências iminentes.   

Para concluirmos esta digressão sobre a saturação do atual modelo, há que se considerar os acontecimentos político-econômicos do conjunto das populações dos cinco continentes, e não apenas exemplos isolados de sucesso.

O mundo é pobre e agora, após seu período de ascensão, está empobrecendo ainda mais. (por Dalton Rosado)

(continua neste post)

Um comentário:

SF disse...

***
Não o condeno por exercer a crítica severa ao capital.
De fato, deveríamos, como seres humanos que somos, agir de maneira racional, ou seja, voluntariamente cooperativa.
Porém, tal não se dá, posto que reina a animalidade egoísta entre os erroneamente denominados seres humanos.
Monstruosidades que ocupam corpos humanos, tem inteligência humana, mas que se comportam de maneira institiva valorizando a maldade, a feiura e a injustiça.
Digo monstros porque monstruoso é aquilo que sendo uma coisa degenera em outra. Veja-se as formas monstruosas e infecundas dos cactos do gênero Cereus...
Porém, seres humanos existem que conduzem a cáfila na direção de valores superiores utilizando, para tanto, de artifícios de adestramento: um deles é, justamenre, o dinheiro!
Outro, mais recente, são as plataformas de serviços.
Antes do Uber e que tais ninguém dava carona a um estranho que estivesse cadastrado num site de carona solidária. Bastou colocar dnheiro na jogada e o povo sai de madrugada para pegar um bebum e levar para casa.
Quando chegava uma visita em casa as pessoas colocavam a vassoura atrás da porta e sal grosso em cima do portal. Com o AirBNB abrem largos sorrisos e recebem com prazer completos estranhos. E não venha me dizer que a acomodação solidária não existia antes da plataforma!
A crítica deve ser exercida, mas a auto-crítica também. Os fatos mostram que, sim, há um movimento para tornar as pessoas humanas, mas, não, elas não fazem isso voluntariamente em sua maioria.
Assim, o mundo evolui. Caminhando entre o ideal e o possível.
Os arquitetos sonham e os engenheiros constroem.
O teórico demonstra e os cientistas criam experimentos para testar a teoria.
Atente-se que o as mentes mais brilhantes estão criando é algo muito próximo do ideal, o bicho homem é quem não colabora.

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