sexta-feira, 2 de novembro de 2018

FACE A UM GOVERNO MOLDADO PARA IMPOR MEDIDAS IMPOPULARES, NOSSA MISSÃO É A DEFESA DA VIDA E DA LIBERDADE - 1

dalton rosado
A INSUSTENTABILIDADE DO CAPITAL, A SACRALIZAÇÃO
DA CONSTITUIÇÃO BURGUESA E O PAPEL DOS
EMANCIPACIONISTAS
Mais do que nunca, está claro ter o capitalismo atingido o estágio do limite interno de expansão, por várias circunstâncias que convergem de modo acelerado, criando um impasse intransponível que evidenciar-se-á num futuro próximo (e que pode ter lapso temporal dimensionado em algumas décadas, mas com turbulências anuais e cada vez, ciclicamente, mais próximas e nefastas para a vida social).

São duas as principais circunstâncias desse ocaso irreversível:
— não há nenhuma fronteira mundial que já não esteja atingida pela forma de mediação social expressa na produção de mercadorias e, inexistindo a possibilidade de novas explorações de mercado, o limite populacional e territorial estão dados (a menos que se encontre outro planeta habitado por seres humanos passíveis de serem explorados...);
— o modo de produção tecnológico de mercadorias que reduz a massa global de valor e de extração de mais-valia, provocando como resultante inexorável a falta de sangue (dinheiro válido) no organismo econômico-político-social. 

Mas, mesmo diante de tal fato, o capital é incapaz de admitir que se constitui num modo social irracional de ser, porque isto representaria a consciência sobre a sua irracionalidade, algo que negaria a sua própria natureza ontológica. Somente uma teoria e ação de fora para dentro podem criar as condições de sua superação.
"o capital continuará com sua autofagia"

Os capitalistas e seus áulicos privados e institucionais, conscientes ou inconscientes da falibilidade e saturação do modo de produção capitalista, tentarão manter a qualquer custo a ordem capitalista, ainda que ela provoque a miséria social, a desordem, o retrocesso civilizatório e a agressão ecológica.  

A busca por um novo modo de produção social, ainda que se imponha como medida natural indispensável à coexistência saudável da humanidade, jamais será admitida por quem detém o capital agropecuário, industrial, comercial e financeiro.

O capital continuará, portanto, com a sua autofagia, apesar das crescentes dificuldades de realização do lucro, uma possibilidade que cada vez mais fica limitada àqueles que, por possuírem maior poder de fogo, monopolizam nichos de mercado. 

O mercado, tão adorado pelo liberalismo político e até por keynesianos de esquerda, faz crescer continuamente a acumulação da riqueza abstrata, em razão da guerra concorrencial que lhe é inerente. Cabe a nós, conscientemente, diante da impraticabilidade social do capitalismo, denunciarmos a sua irracionalidade e a necessidade urgente de sua superação. 

A economia de um país periférico do capitalismo como o Brasil, mas com dimensões continentais e imensas riquezas materiais, oferece-se como exemplo explícito da incompatibilidade entre a paz social e um modo de produção que se inviabiliza por seus próprios fundamentos.
Barbárie abjeta: o crime organizado hoje é o verdadeiro poder na periferia.
A vida social brasileira é um caos do ponto de vista do atendimento das demandas sociais: 
— na periferia reina a barbárie mais abjeta, a partir do crime organizado do tráfico e do roubo de mercadorias diante de comunidades reféns de assistência social básica eficaz pelo Estado;
— a administração pública brasileira é financeiramente deficitária, sendo tal situação agravada pela corrupção; 
— e tudo isto ocorre justamente porque o Brasil, como país periférico do capitalismo, não dispõe dos mecanismos de controles monetários que são oportunizados aos países dominantes e nem conta com a credibilidade do sistema de crédito financeiro internacional (o qual cobra juros altos de clientes como o Brasil, que consideram duvidosos em relação aos títulos que emitem no mercado). 

Do ponto de vista macroeconômico os números da nossa contabilidade financeira são até menos caóticos comparativamente aos dos Estados Unidos, União Europeia, China e Japão, com suas dívidas trilionárias em dólares estadunidenses  e insuficientes de serem honradas pelos respectivos PIBs, mas que se sustentam por meio do crédito barato e pelas emissões monetárias sem lastro. 
Combater a corrupção sob o capitalismo é como enxugar gelo

A nós cabe pagarmos o preço da debacle capitalista sob a forma do ajuste fiscal que sacrificará ainda mais o nosso povo já exaurido, e por não pertencermos ao restrito clube do Bolinha capitalista; fazem-nos acreditar que a culpa de tudo é apenas da corrupção com o dinheiro público e nas empresas estatais. 

O problema é que tanto a direita como a esquerda, por motivos políticos diversos, convergem para um mesmo objeto teleológico, qual seja o esforço para que o capitalismo possa ser viável (para os primeiros) ou bonzinho (para os segundos) a partir de seus projetos políticos diferenciados, mas que não representam nenhuma dicotomia de fundamentos básicos, igualando-se no oportunismo fisiológico cínico.

Mas, a alternância governamental cíclica, que se observa nos últimos desde o início da ditadura Vargas em 1930 até os dias atuais, seja pelas baionetas ou pelo voto, já não pode se dar de modo a acalmar os ânimos pelos parâmetros anteriores, justamente porque a terceira revolução industrial da microeletrônica impôs a necessidade um novo modo de produção social.

Ora, um novo modo de produção social implica um novo modo de organização social (ou seja, torna imprescindível a superação do capitalismo) e exige um novo tipo de oposição (que jamais pode ocorrer sob um norte fisiológico de poder político que é sempre submisso ao poder econômico). 
"o PT é incapaz de renunciar ao seu quinhão de influência"

Vide, p. ex., o apego ao poder político por parte do PT, incapaz de renunciar ao seu quinhão de influência. Ele não decorre de um sentimento de solidariedade aos empobrecidos pelo capital, mas sim de uma dependência fisiológica das tetas do Estado, a ponto de praticar o tráfico de influência para conseguir manter um minúsculo naco de poder (o poder político está satelizado ao poder econômico, do qual é dependente), até ser dele expulso sem reação popular significativa, dado o desencanto que semeou. É que o uso do cachimbo faz a boca  torta.

Por seu turno, a direita política defende o seu Estado a qualquer custo e busca sempre dirigi-lo, porque ele é o bastião da manutenção da exploração social pelo capital a que pertence de modo submisso e convergente. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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