"...não milito em nenhum partido, mas apoio a causa daqueles que pensam nos pobres e marginalizados, nos direitos das minorias políticas, e organizam políticas sociais de inclusão na sociedade.
Estou convencido de que é essencial que haja uma grande frente política plural que se comprometa com os direitos citados acima.
E que, tão imprescindível como essa, se constitua uma frente de valores ético-sociais utilizando ferramentas que eles não podem usar, como fraternidade; solidariedade; o direito de cada um ter um pedacinho de terra, já que essa é a casa comum na qual todos devem caber; ter um teto; a renúncia a toda violência real ou simbólica; o direito de ser feliz numa sociedade na qual não seja tão difícil o amor.
Sou a favor de uma espécie de colégio de líderes, vindos das várias partes de nosso país continental, para que as resistências e oposições tenham sua base em vários estados e não apenas naqueles econômica e politicamente mais relevantes."
2 comentários:
Oi Celso tudo bem com você neste feriado?
Hebert, do Rio.
Bem, sendo este um assunto que tem me interessado mais do que de costume, resolvi escrever mais sobre ele.
Observando o último parágrafo escrito por você em resposta a mim, no Texto sobre os erros da esquerda, sobre o choque de como muitos se deixaram iludir, por acreditar na ideia de algo novo na política, no anti-sistema, noto alguns componentes que contribuíram demais, pra eleição do novo presidente.
Conversando e ouvindo pessoas do povo ( empregadas domésticas, acompanhantes, porteiros, taxitas, caixas de supermercado, etc. ), quase todos são unânimes em dizer: "- ele vem aí, pra moralizar e acabar com a roubalheira".
Cidadãos de outras camadas sociais mais abastadas, se referem a ele como "o novo" ou o contra-ponto a um sistema corrompido por velhas políticas, bem de acordo com o que você escreveu.
Para pessoas de determinada faixa etária, noto que o Saudosismo, foi fator determinante que somado a insatisfação, foi critério de votação.
São pessoas que tem fascínio focado nos anos de 1970, em 74, ano do governo Ernesto Geisel ( e por coincidência ano em que nasci ).
Segundo o exemplar que tenho do livro Capitalismo pra principiantes ( de Carlos Eduardo Novaes ), medidas como FGTS, PIS/PASEP, Loteria Esportiva, e outras formas de arrecadação, ajudaram a consolidar uma ilusão do tal "Milagre econômico", frase adaptada por Lula ( milagre do crescimento ), em seu mandato, se não me falha a memória.
Somado a isso, existe tal "sensação de segurança" na época, o poder de andar de madrugada até o Sol raiar que sempre é sitado, por pessoas adultas na época.
No livro Psiquiatria para a vida prática ( Dr. Jean Rosenbaum ), Saudosismo significa sensação ilusória de felicidade, quando a realidade é época de incertezas e dúvidas angustiantes sobre o futuro.
Bem, somado a isso, a preferência pelo diabo ao partido dos trabalhadores, dá a noção exata da proporção de animosidade criada na última década, contrastando com a ida do atual presidente ao entro das massas, através de entretimento voltado para este público-alvo ( Ratinho, Casos de Família, Super Pop, Debates populares no Manhã da Rádio Globo, ect ), quando ele pertencia ao chamado baixo clero.
Creio que a panfletagem digital ( caricaturas de nazista no Photoshop ), tiveram um efeito contrário ao que se pretendia, acabou sendo publicidade gratuita, despertando curiosidade em quem não conhecia, e até mesmo em Ellen Page.
Abraço e bom final de semana.
Ver o povo cair no mesmo conto do vigário três vezes me dá um enorme desânimo.
O Jânio Quadros ganhou a eleição por goleada, com suas histrionices bem parecidas com as do Bolsonaro e o mote do combate à corrupção ("Varre, varre, vassourinha/ Varre, varre a bandalheira/ Que o povo está cansado/ De sofrer dessa maneira"). Não teve paciência para negociar com o Congresso, suas propostas eram barradas e ele quis romper o impasse com autogolpe amadoresco. O que fez foi colocar o Brasil no rumo do golpe de 1964.
Depois veio o Collor, o "caçador de marajás". Uma lenda fajuta, uma figura de galã (era sinhôzinho das Alagoas) e a promessa de trazer a modernidade para o Brasil, que estaria vivendo "no tempo das carroças". Enfim, depois de ele ser chutado, pelo menos o FHC (foi o ministro da Fazenda do vice que ascendeu ao poder, Itamar Franco), consertou as lambanças do Collor e o prejuízo acabou não sendo tão grande.
Agora o Bolsonaro, que por si só não duraria nem 6 meses no poder, mas agora dá para se perceber que tem um esquema bem profissional por trás dele. Mas, sem chance de dar certo porque o que se pretende é apenas encaixar o Brasil num esquema capitalista de nação subalterna. E a conta vai sair bem cara para nosso povo, pra deixar de ser otário.
O saudosismo é de uma fantasia, não de algo que realmente tenha existido. O tal milagre brasileiro durou até 1973, aí as Bolsas quebraram e a economia nunca mais se acertou. Os milicos devolveram o poder para os civis porque não tinham mais ideia nenhuma do que ainda tentarem para arrumar a casa.
Também a segurança é um mito. Lembro-me de que houve qualquer grande evento no Rio de Janeiro lá por 1969 ou 1970, e o único meio de as autoridades garantirem que os turistas nada sofreriam foi... uma negociação com os chefões dos morros! Patético: uma ditadura que só conseguia policiar a sua cidade mais turística com a ajuda dos que deveriam ser policiados...
Os bandidões mais poderosos prometeram barbarizar os bandidinhos pés-de-chinelo que atacassem turistas, estes temeram por suas vidas e tivemos uma Cidade realmente Maravilhosa por umas 2 semanas. Depois, tudo voltou ao normal. Nunca soube o que os chefões receberam da ditadura como contrapartida por terem salvado a imagem dela.
Enfim, a lição desta derrota é que nosso povo faria jus, com louvor, à qualificação de "analfabeto político" (de uma poesia do Brecht).
E, pior, adora ter uma bota esmagando-lhe a cara. Costuma gostar do, e querer o, autoritarismo, ao contrario da maioria dos hermanos latino-americanos.
Li recentemente "Tiradentes - uma biografia", do Lucas Figueiredo. Dá nojo. Havia condições para os inconfidentes ganharem a parada até com certa facilidade, mas a grande maioria amarelou. O Brasil ter permanecido colônia de Portugal por tanto tempo me evoca o Gulliver atado pelos liliputianos.
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