sexta-feira, 2 de novembro de 2018

LEONARDO BOFF PROPÕE A CRIAÇÃO DE DUAS GRANDES FRENTES: UMA POLÍTICA E A OUTRA DE "VALORES ÉTICOS-SOCIAIS"

"...não milito em nenhum partido, mas apoio a causa daqueles que pensam nos pobres e marginalizados, nos direitos das minorias políticas, e organizam políticas sociais de inclusão na sociedade. 

Estou convencido de que é essencial que haja uma grande frente política plural que se comprometa com os direitos citados acima. 

E que, tão imprescindível como essa, se constitua uma frente de valores ético-sociais utilizando ferramentas que eles não podem usar, como fraternidade; solidariedade; o direito de cada um ter um pedacinho de terra, já que essa é a casa comum na qual todos devem caber; ter um teto; a renúncia a toda violência real ou simbólica; o direito de ser feliz numa sociedade na qual não seja tão difícil o amor. 

Sou a favor de uma espécie de colégio de líderes, vindos das várias partes de nosso país continental, para que as resistências e oposições tenham sua base em vários estados e não apenas naqueles econômica e politicamente mais relevantes."

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Celso tudo bem com você neste feriado?

Hebert, do Rio.
Bem, sendo este um assunto que tem me interessado mais do que de costume, resolvi escrever mais sobre ele.

Observando o último parágrafo escrito por você em resposta a mim, no Texto sobre os erros da esquerda, sobre o choque de como muitos se deixaram iludir, por acreditar na ideia de algo novo na política, no anti-sistema, noto alguns componentes que contribuíram demais, pra eleição do novo presidente.
Conversando e ouvindo pessoas do povo ( empregadas domésticas, acompanhantes, porteiros, taxitas, caixas de supermercado, etc. ), quase todos são unânimes em dizer: "- ele vem aí, pra moralizar e acabar com a roubalheira".
Cidadãos de outras camadas sociais mais abastadas, se referem a ele como "o novo" ou o contra-ponto a um sistema corrompido por velhas políticas, bem de acordo com o que você escreveu.
Para pessoas de determinada faixa etária, noto que o Saudosismo, foi fator determinante que somado a insatisfação, foi critério de votação.
São pessoas que tem fascínio focado nos anos de 1970, em 74, ano do governo Ernesto Geisel ( e por coincidência ano em que nasci ).
Segundo o exemplar que tenho do livro Capitalismo pra principiantes ( de Carlos Eduardo Novaes ), medidas como FGTS, PIS/PASEP, Loteria Esportiva, e outras formas de arrecadação, ajudaram a consolidar uma ilusão do tal "Milagre econômico", frase adaptada por Lula ( milagre do crescimento ), em seu mandato, se não me falha a memória.
Somado a isso, existe tal "sensação de segurança" na época, o poder de andar de madrugada até o Sol raiar que sempre é sitado, por pessoas adultas na época.
No livro Psiquiatria para a vida prática ( Dr. Jean Rosenbaum ), Saudosismo significa sensação ilusória de felicidade, quando a realidade é época de incertezas e dúvidas angustiantes sobre o futuro.
Bem, somado a isso, a preferência pelo diabo ao partido dos trabalhadores, dá a noção exata da proporção de animosidade criada na última década, contrastando com a ida do atual presidente ao entro das massas, através de entretimento voltado para este público-alvo ( Ratinho, Casos de Família, Super Pop, Debates populares no Manhã da Rádio Globo, ect ), quando ele pertencia ao chamado baixo clero.
Creio que a panfletagem digital ( caricaturas de nazista no Photoshop ), tiveram um efeito contrário ao que se pretendia, acabou sendo publicidade gratuita, despertando curiosidade em quem não conhecia, e até mesmo em Ellen Page.

Abraço e bom final de semana.

celsolungaretti disse...

Ver o povo cair no mesmo conto do vigário três vezes me dá um enorme desânimo.

O Jânio Quadros ganhou a eleição por goleada, com suas histrionices bem parecidas com as do Bolsonaro e o mote do combate à corrupção ("Varre, varre, vassourinha/ Varre, varre a bandalheira/ Que o povo está cansado/ De sofrer dessa maneira"). Não teve paciência para negociar com o Congresso, suas propostas eram barradas e ele quis romper o impasse com autogolpe amadoresco. O que fez foi colocar o Brasil no rumo do golpe de 1964.

Depois veio o Collor, o "caçador de marajás". Uma lenda fajuta, uma figura de galã (era sinhôzinho das Alagoas) e a promessa de trazer a modernidade para o Brasil, que estaria vivendo "no tempo das carroças". Enfim, depois de ele ser chutado, pelo menos o FHC (foi o ministro da Fazenda do vice que ascendeu ao poder, Itamar Franco), consertou as lambanças do Collor e o prejuízo acabou não sendo tão grande.

Agora o Bolsonaro, que por si só não duraria nem 6 meses no poder, mas agora dá para se perceber que tem um esquema bem profissional por trás dele. Mas, sem chance de dar certo porque o que se pretende é apenas encaixar o Brasil num esquema capitalista de nação subalterna. E a conta vai sair bem cara para nosso povo, pra deixar de ser otário.

O saudosismo é de uma fantasia, não de algo que realmente tenha existido. O tal milagre brasileiro durou até 1973, aí as Bolsas quebraram e a economia nunca mais se acertou. Os milicos devolveram o poder para os civis porque não tinham mais ideia nenhuma do que ainda tentarem para arrumar a casa.

Também a segurança é um mito. Lembro-me de que houve qualquer grande evento no Rio de Janeiro lá por 1969 ou 1970, e o único meio de as autoridades garantirem que os turistas nada sofreriam foi... uma negociação com os chefões dos morros! Patético: uma ditadura que só conseguia policiar a sua cidade mais turística com a ajuda dos que deveriam ser policiados...

Os bandidões mais poderosos prometeram barbarizar os bandidinhos pés-de-chinelo que atacassem turistas, estes temeram por suas vidas e tivemos uma Cidade realmente Maravilhosa por umas 2 semanas. Depois, tudo voltou ao normal. Nunca soube o que os chefões receberam da ditadura como contrapartida por terem salvado a imagem dela.

Enfim, a lição desta derrota é que nosso povo faria jus, com louvor, à qualificação de "analfabeto político" (de uma poesia do Brecht).

E, pior, adora ter uma bota esmagando-lhe a cara. Costuma gostar do, e querer o, autoritarismo, ao contrario da maioria dos hermanos latino-americanos.

Li recentemente "Tiradentes - uma biografia", do Lucas Figueiredo. Dá nojo. Havia condições para os inconfidentes ganharem a parada até com certa facilidade, mas a grande maioria amarelou. O Brasil ter permanecido colônia de Portugal por tanto tempo me evoca o Gulliver atado pelos liliputianos.

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