Os três pilares do primeiro governo petista: mesmo infortúnio. |
Se eles fossem colocados na mesma cela, poderiam recordar as ocasiões em que se reuniram para tratar de assuntos governamentais y otras cositas más no Palácio do Planalto, quando Lula era presidente; Palocci, o ministro da Fazenda; e Zé Dirceu, chefe da Casa Civil.
Os três estiveram juntos no poder de 01/01/2003 (início do primeiro governo do PT) até 21 de junho de 2005 (quando Zé Dirceu se demitiu, sob suspeitas de envolvimento com a corrupção nas estatais).
Depois, em 27 de março de 2006, Palocci também teve de renunciar, face às evidências de que abusara do seu poder ministerial para forçar a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.
Lula sobreviveu às crises e se manteve presidente até o último dia (31/12/2010) do seu segundo mandato. Fez de Dilma Rousseff sua sucessora e continuou sendo personagem influente até que ela sofresse impeachment, mas finalmente caiu também em desgraça: está preso desde o último dia 7 de abril, condenado a 12 anos e um mês de reclusão e respondendo a seis outros processos. É praticamente inevitável que a Justiça Eleitoral impugne sua nova candidatura presidencial com base na Lei da Ficha Limpa.
Fico pesaroso por toda uma época, a do reformismo à brasileira, estar terminando de forma tão melancólica.
O princípio... |
De coveiro da desigualdade econômica e social passou a ser apenas seu gerenciador. E mesmo assim por mercê dos capitalistas, que em 2002 lhe delegaram tal papel, em troca de uma declaração de falta de princípios (a carta ao povo brasileiro); mas que em 2016 revogaram a concessão, aplicando-lhe um formidável chute parlamentar no traseiro.
Como cristão novo dos (agora louvados em prosa e verso) valores republicanos, o PT expurgou das suas fileiras os dirigentes e militantes mais devotados aos ideais igualitários e libertários, ao mesmo tempo em que abria as portas indiscriminadamente para carreiristas que apenas incharam o partido, descaracterizando-o ao invés de agregarem qualidade.
Como cristão novo dos (agora louvados em prosa e verso) valores republicanos, o PT expurgou das suas fileiras os dirigentes e militantes mais devotados aos ideais igualitários e libertários, ao mesmo tempo em que abria as portas indiscriminadamente para carreiristas que apenas incharam o partido, descaracterizando-o ao invés de agregarem qualidade.
...e o fim! |
E foi aos poucos trocando a priorização das lutas sociais, com a consequente organização combativa das massas, pelo empenho exclusivo em vencer eleições e assim conquistar nacos de poder no Executivo e Legislativo, até chegar à vergonhosa situação de perder para a direita a batalha das ruas durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Coerentemente mandou às favas também os escrúpulos, pois eram inspirados na moral revolucionária que caiu em desuso. Passou a pautar seu comportamento pelo utilitarismo; e, sendo os podres Poderes o que são, tal caminho o conduziu diretamente ao inferno dos mensalões e petrolões.
A prisão de Lula, Palocci e Zé Dirceu tem peso simbólico imenso: atesta a perda da inocência de um partido que nasceu imbuído das melhores intenções, mas foi abrindo mão de suas bandeiras ao longo do caminho, até nada mais restar-lhe de digno e puro para ostentar.
O PT não inspira mais a perspectiva de dias melhores, daí ter apelado para a satanização dos adversários como seu principal trunfo nas últimas campanhas eleitorais. Mas, os melhores seres humanos, aqueles que precisamos engajar na luta para a transformação da sociedade, são movidos pela esperança, não pelo rancor!
É hora de o PT e a esquerda brasileira repensarem o papel desempenhado neste século, efetuando finalmente a autocrítica da qual fogem desde o impeachment da Dilma.
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