O CAOS BRASILEIRO (E CARIOCA) NO
QUESITO VIOLÊNCIA E SUAS CAUSAS
O mundo vai mal. As estatísticas sócio-politico-econômicas atestam a tragédia global crescente e que está agora sendo agravada pela crise ecológica (secas, inundações, incêndios florestais, furacões mais intensos e frequentes, aquecimento global, etc.).
Isto salta aos olhos quando acompanhamos o noticiário nacional e internacional, tornando desnecessária a comprovação com os dados macroeconômicos e sociais que são publicados por órgãos pertencentes ao sistema que produz tal monstruosidade.
Chocante é liderarmos o ranking negativo inclusive num item que reduz a pó o tradicional chavão sobre a cordialidade brasileira: somos os campeões mundiais em números absolutos e relativos de homicídios por armas de fogo!
Foram 36.792 as mortes deste tipo ocorridas no ano de 2010, segundo o mapa da violência do Ministério da Saúde. O pior é que esta melancólica estatística vem sendo superada para maior a cada ano. O México, segundo colocado, registrou menos da metade de óbitos (17.561) em 2010. E a Unicef acrescenta que o Brasil é, no mundo, o país com maior número de assassinatos entre jovens de 10 a 19 anos.
É inadmissível que convivamos com mais mortes por armas de fogo em números absolutos do que a Índia e a China, países que possuem o sêxtuplo (ou mais) da nossa população.
Temos taxas de mais de 30 mortes anuais para grupos de 100 mil habitantes no Espírito Santo, Bahia, Paraíba e Pernambuco, enquanto no estado de Alagoas este número sobe para 55,3.
Resumindo: trata-se de uma verdadeira tragédia nacional macabra!
Temos taxas de mais de 30 mortes anuais para grupos de 100 mil habitantes no Espírito Santo, Bahia, Paraíba e Pernambuco, enquanto no estado de Alagoas este número sobe para 55,3.
Resumindo: trata-se de uma verdadeira tragédia nacional macabra!
AS RAZÕES PRIMÁRIAS DA DESMEDIDA
VIOLÊNCIA URBANA NO BRASIL
Somos um país cindido pela cruel desigualdade social que nos transforma no que se convencionou chamar de Belíndia: um pouco da Bélgica e muito da Índia. Os poucos ricos daqui são comparáveis aos ricos do chamado 1º mundo; os muitos pobres daqui têm níveis de vida semelhantes aos dos países mais pobres da África, da Ásia e da América Central.
A cisão social causada pela desigualdade de renda é flagrante, pois, apesar de sermos um país mediano em termos da relação PIB/população, a diferença entre as remunerações da elite dominante e o salário dos trabalhadores de pouca qualificação é um assombro. Um juiz, p. ex., ganha em média trinta vezes mais do que um trabalhador na faixa de salário-mínimo. Se fizermos a mesma relação com os salários dos parlamentares (corrupção à parte), a coisa atinge patamares estratosféricos.
A cisão social causada pela desigualdade de renda é flagrante, pois, apesar de sermos um país mediano em termos da relação PIB/população, a diferença entre as remunerações da elite dominante e o salário dos trabalhadores de pouca qualificação é um assombro. Um juiz, p. ex., ganha em média trinta vezes mais do que um trabalhador na faixa de salário-mínimo. Se fizermos a mesma relação com os salários dos parlamentares (corrupção à parte), a coisa atinge patamares estratosféricos.
Em razão dos baixos salários dos operários, deveríamos ter competitividade na produção de mercadorias voltadas para a exportação. Mas não a temos, e isto se deve ao chamado custo Brasil:
a) somos um país de trabalhadores pobres, com baixo nível de produtividade e, hoje, em mais de 10% desempregados;
b) temos uma carga tributária absurdamente variada e cara;
c) nossa concentração de renda e das mais exageradas, dificultando a circulação da riqueza abstrata;
d) somos um país burocratizado, no qual o cidadão é considerado, a priori, um criminoso em potencial;
e) somos um país que não compreende os mecanismos autofágicos da guerra concorrencial internacional de mercado (como a China o faz), o que nos torna pouco competitivos no mercado internacional.
A resultante disso é que apenas exportamos matérias-primas (ferro principalmente), produtos agrícolas (soja e carne) e pouca coisa de produtos manufaturados e tecnológicos que agregam alto valor econômico.
Já são bastante negativos os índices macroeconômicos e sociais do capitalismo, mas aqui nós ainda conseguimos piorá-lo, praticando-o de forma estúpida e elitista, sem tirarmos o devido proveito de nossas imensas potencialidades em recursos naturais e humanos.
O capitalismo, tendo como uma de suas características básicas a reificação (pois as coisas inanimadas, as mercadorias, dão ordens aos seus súditos incautos), impõe regras de comportamento ditatoriais, assassinas, que se não forem atendidas, causam a morte de tais súditos desavisados com intensidade ainda maior.
Mas, é na questão da impunidade histórica, seja quanto ao combate à corrupção com o dinheiro público, seja (principalmente) quanto ao combate ao furto e ao latrocínio que reside uma combinação explosiva de todos os fatores que culminam na vergonhosa tragédia nacional da violência urbana hoje existente.
O Estado, diante da escalada da criminalidade criminalidade, perdeu a capacidade de prender, uma vez que um preso é mais caro do que um professor. O problema vai desde a má qualidade do aparelho policial preventivo e punitivo até o mau aparelhamento do Judiciário (com poucos e caros juízes e promotores), além da infraestrutura precária da máquina judiciária. Esta é a radiografia da impunidade.
A CRISE NO TOPO DO APARELHO
JUDICIAL E DA JUSTIÇA
Disse o ministro que o governo estadual do Rio de Janeiro não controla a Polícia Militar e que o comando da corporação está associado ao crime organizado.
As graves acusações foram lançadas na véspera de uma data simbólica: a formalização do grupo de procuradores dedicados ao combate à criminalidade no Estado. O ministro da Justiça participou da cerimônia de assinatura de um protocolo de intenções do governo federal para enfrentar o crime organizado naquele estado.
É verdade que há um mau cheiro histórico na relação de combate ao crime no Rio de Janeiro envolvendo autoridades policiais civis e militares (vide assassinato recente de uma juíza por membros da Polícia Militar). Mas nunca se podem generalizar comportamentos profissionais atribuídos a uma corporação que conta com cerca de 50 mil homens, muitos dos quais vêm sendo assassinados na verdadeira guerra que se tornou o combate à criminalidade no Rio de Janeiro.
O ministro da Justiça é estrategicamente desastroso e administrativamente ineficaz.
O que se pode inferir dessa crise é que a tragédia da segurança pública no Rio de Janeiro, com balas perdidas resultantes de tiroteios envolvendo facções criminosas entre si ou com a polícia amiúde vitimando inocentes, deriva de uma verdadeira anomia social própria a um Estado falido: comércio volumoso de drogas e armas; desemprego estrutural e baixos salários (subemprego); e corrupção escabrosa com o dinheiro público.
Uma das cidades com maior beleza natural do mundo se vê sufocada pela barbárie da depressão capitalista, conjuminada com a corrupção; com os parcos recursos públicos; e com o tráfico de drogas e armas que se constitui como um Estado paralelo que dá ordens aos moradores dos morros que circundam a cidade.
A isso está reduzida a capital cultural do Brasil, 452 anos após sua fundação! A crise contrapondo o topo do aparelho policial e político do Rio de Janeiro ao ministro da Justiça é o mais eloquente exemplo do quanto pode decair uma sociedade sob o capitalismo, em países periféricos como o Brasil. (por Dalton Rosado)
Em 2016 já deixara de ser maravilhosa há muito. Me engana que eu gosto!
4 comentários:
Celso, reportagem fiel a atual conjuntura da cidade maravilhosa.Só nos resta o pleito. Tudo muito caótico, horrível de pensar.Abraço
Com certeza. A análise do Dalton é perfeita... e aterradora!
tudo começou a ferrar quando PMs começaram a ter aulas de direitos humanos (braço do crime organizado) e passaram a pensar como seus inimigos..daí se tornaram indefesos.( basta lembrar quando ha pouco tempo prenderam o cidadão americano que reagiu - americanos reagem - a um assalto..e a policia meio que se tornou babá de criminoso)
Valmir, a relação entre direitos humanos e crime organizado nunca existiu. É mera demagogia DESUMANA da extrema-direita. Hitler explica.
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