terça-feira, 20 de junho de 2017

RUPTURA À VISTA: ESQUERDA PETISTA COGITA CRIAR NOVA LEGENDA COM O BOULOS OU INGRESSAR NO PSOL

Era um partido sem patrões, hoje é dócil com os patrões. 
Lá se vão quase dez meses desde que o Senado Federal extinguiu o mandato presidencial de Dilma Rousseff, selando a mais vergonhosa derrota da esquerda brasileira desde o golpe de 1964 – uma nova destituição de chefe do Governo sem resistência minimamente significativa, com a agravante de que, se daquela vez os tanques saíram à rua para intimidar João Goulart, em 2016 bastou um piparote parlamentar para despachar Dilma. 

E só agora, apesar da insistência da cúpula petista em evitar que o partido efetue o imprescindível processo de crítica e autocrítica, o bloqueio começa a ser rompido: os quadros mais consequentes já se reúnem com outras forças para tirarem as conclusões que se impõem, discutindo as causas do fiasco e buscando novas linhas de atuação para substituírem as que fracassaram rotundamente.

A Folha de S. Paulo noticia que, na tarde e noite do último domingo (18), alguns petistas mais consequentes estiveram reunidos com dirigentes do PSOL e representantes de movimentos de esquerda a fim de traçarem "uma estratégia conjunta para a oposição". 

Segundo a repórter Cátia Seabra, o anfitrião foi Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que convidou, entre outros, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ); o ex-ministro da Justiça Tarso Genro; o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

Decidiram insistir na elaboração de uma plataforma comum da esquerda, proposta que já foi rechaçada duas vezes pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (uma delas ao discursar no recente Congresso Nacional do PT). 

Neste sentido, promoverão debates públicos e via internet, visando à formulação de um "programa mais à esquerda", que "vá além" da timidez dos governos petistas. A reforma do sistema tributário, uma auditoria do sistema da dívida e o controle da mídia serão alguns dos assuntos em discussão, de acordo com a notícia.

Também estaria sendo cogitada a possibilidade de a chamada esquerda petista deixar o partido, ou para formar uma nova agremiação juntamente com Guilherme Boulos, ou em direção ao PSOL.

A pá de cal parece ter sido a postura atual do Lula, de deixar tudo como está para ver como fica, tendo feito declarações do tipo "depois dos discursos inflamados, tem que chegar em casa e colocar na balança, para saber se ele é exequível". 

Lula chegou ao cúmulo de dizer que, para governar, é preciso fazer alianças com os eleitos – ou seja, prega a repetição dos mesmíssimos erros que conduziram aos infernos do mensalão e do petrolão, além da descaracterização e domesticação graduais que o PT vem sofrendo desde a desastrosa opção pela conciliação de classes.

E não poderia faltar a nota pitoresca: segundo Tarso Genro, os participantes da reunião teriam feito um acordo para evitar que sua realização vazasse para a imprensa. Mas vazou, como tudo vaza nos círculos políticos, governamentais e jurídicos. Somos o país da incontinência verbal... e de incontinências piores também.

Por último, como avaliarmos a iniciativa desses companheiros? A coisa ainda está embrionária, mas uma certeza existe: a esquerda chegou ao fundo do poço e, pior do que está, não pode ficar. Quaisquer mudanças de rumos têm, portanto, enormes chances de serem para melhor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ora ora O PSOL não é nada é uma esquerda pequeno burguesa

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