quinta-feira, 9 de junho de 2016

ECONOMIA DERRUBOU DILMA E PODE GARANTIR A CONFIRMAÇÃO DE TEMER

Por Fernando Canzian
TEMER COME O ALMOÇO DE DILMA
O ex-presidente Lula reclamou de Michel Temer nesta semana no Rio ao dizer que o interino "cortou até o almoço" de Dilma Rousseff.

Chamando a militância para o Fora Temer desta sexta (10), Lula falava dos gastos de Dilma no Alvorada (de R$ 54 mil após seu afastamento) e do "cartão de suprimentos" dela, que precisou de recarga.

Temer levou mais que o almoço de Dilma.

A presidente afastada fez a maior parte do trabalho sujo em 2015 quando cortou o gasto público contra o desejo de seu partido e acabou por provocar a atual recessão, que ajudou a conter a inflação.

Agora, Dilma, Lula e o PT ficarão ao largo da recuperação econômica que pode dar as caras em breve, mesmo que lentamente.

O país tem hoje 11 milhões de desempregados (42% mais que há um ano) e R$ 39 bilhões em saques na caderneta de poupança de janeiro a maio, um recorde na série histórica.

O mercado de trabalho continuará jogando contra, mas sondagens entre consumidores e empresas indicam que os demais 90 milhões de empregados podem começar a consumir um pouco mais. A tênue recuperação da indústria, com 11 dos 24 setores em alta, é sinal disso.

Se Temer se mostrou quase um fiasco do ponto de vista político (com demissões de ministros e recuos), sua equipe econômica agradou ao mercado e assumiu no momento em que a crise de Dilma havia chegado a um ponto de inflexão.

Infelizmente para ela, Dilma hesitou demais com suas idas e vindas em 2015. Ela própria rifou Joaquim Levy (Fazenda) no cargo e abriu o flanco para que o Congresso detonasse qualquer chance de aprovar mais medidas de ajuste, sobre as quais nem ela se convencia.

Com o PMDB e seus líderes enrolados na Lava Jato, nada também garante que Temer aprovará a base de seu ajuste, a regra de limitar à inflação o aumento dos gastos públicos.
Romero Jucá e Fabiano Silveira já caíram. Quem mais?

Mas a sinalização que sua equipe vem dando ao mercado com a troca de comando no Banco Central, o desejo de tornar novamente independentes as agências reguladoras e o discurso fiscalista ("arrecadar um e gastar um", diz Temer) têm surtido efeito sobre as expectativas gerais.

Muitos dos apoiadores de Dilma e críticos de Temer dizem que a economia foi para o buraco no ano passado por culpa do Congresso, que sabotou a petista.

Mas Dilma jamais admitiu seus erros e nunca disse o que mercado e setor produtivo estavam sedentos para ouvir.

Observação do blogueiro: reproduzi este artigo do bom jornalista Fernando Canzian, quatro vezes agraciado com o Prêmio Esso, porque destaca um lado quase sempre ignorado nos artigos e comentários da internet: a importância da correta interpretação dos movimentos da economia para antevermos os rumos da política.

Agora, p. ex., grassam soltos tanto o wishful thinking acerca de uma distópica volta de Dilma quanto o de uma utópica reedição das diretas já, ambos levando em conta apenas as farsas políticas encenadas na Praça dos Três Poderes.

Para os familiarizados com as ideias de Marx, contudo, o poder que realmente conta, sob o capitalismo, é o econômico, aquele que move os cordéis por trás dos panos.. 
Então, lamentavelmente (eu adoraria a eleição imediata de um novo ou nova presidente!), se Temer estiver satisfazendo as expectativas do grande capital, será confirmado. Pois, na hora H, conta mesmo é a vontade dos homens da grana e da indústria cultural que está a serviço deles. 

Podemos mudar esse jogo de cartas marcadas?  Podemos, com uma revolução. Aquela que o PT desistiu de fazer, preferindo apenas gerenciar o capitalismo para os capitalistas.

Um comentário:

Emilio Antunes disse...

Muitos petistas têm a esperança que Dilma volte á presidência com uma mudança de votos no Senado.

Alguns que petistas que conheço tem essa ilusória expectativa por não quer enxergar a realidade política e alguns por ter amigos, parentes que foram demitidos dos cargos comissionados ou estão sinalizados para irem para o olho da rua dia mais dia menos.

Como já foi analisado aqui pelo blog, pode ocorrer da situação econômica do país parar de piorar e o governo horrendo de Temer ainda não abriu as torneiras de verbas publicitárias para a mídia.

Brevemente isso ocorrerá, antes da votação do afastamento definitivo da Dilma.

Ora, por que Temer não faria isso? O PT, em 13 anos de governo não irrigou a Globo e suas afiliadas em bilhões de reais e a revista Veja em centenas de milhões?

Que se diga a verdade, esse pessoal do Temer, que está no poder, o exerce com eficiência maquiavélica, não dando espaço para o inimigo deposto respirar. Vide o corte imediato das verbas milionárias dos blogs chapas-brancas do governo petista.

O PT foi incompetente até para exercer o mínimo de poder permitido pelo capital com o qual associou-se na desastrosa política de conciliação de classes.

Ah! para chutar a boca, expulsar companheiros dissidentes, para boicotar novas lideranças do partido, para usar recursos meramente protelatórios de verbas indenizatórias de quem lhe incomoda [como a indenização do empastelamento do jornal Tribuna de Imprensa], para enganar o povo dizendo-se esquerdistas, para isso foram muito competentes.

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