— Alô, Dilma!
— Alô, Maduro!
— Alô, Maduro!
— Como vai?
— Não muito bem. Leva um tempinho pra passar a dor do chute. Ainda dói quando eu sento.
— Foi exatamente por isso que eu te liguei. Como você está mesmo sem nada pra fazer, por que não me dá umas dicas?
— Quer nome de analgésicos para ir comprando desde já?
— Não, quero saber o que você fez de errado no governo, assim evitarei cometer as mesmas lambanças.
— Ué, você já não fez todas que podia e mais algumas? O caos na economia, o racionamento de energia, as prateleiras vazias, tudo faltando e tudo parando. Nem voo para fora da Venezuela existe mais...
— Bem, se é para colocar nesses termos, pelo menos ainda não empossei economista neoliberal nenhum no meu ministério.
— Bem, se é para colocar nesses termos, pelo menos ainda não empossei economista neoliberal nenhum no meu ministério.
— É, o Levy foi mesmo dose de elefante. Eu não devia ter escutado o Trabuco (*).
— Você recebia maus conselhos e eu nenhum: todo mundo tem paúra de me aconselhar, sei lá por quê...
— E o Chávez? Ele não vinha falar com você encarnado num passarinho?
— E o Chávez? Ele não vinha falar com você encarnado num passarinho?
— Regrediu. Agora ele só pia. Estou procurando um ornitólogo que traduza.
— Eu também estou tendo problema com as aves. Os urubus não param de me sobrevoar.
— Tem gente ruim do lado de lá querendo falar contigo?
— Não, eu nem cheguei a conhecer o Brilhante Ustra. O Bolsonaro só diz besteira.
— Então, qual é o motivo?
— É que eu não consigo fazer os urubus entenderem que morte política é diferente de morte física. Acham que já estou virando carniça. São aves muito estúpidas, parecem até meus eleitores de 2014.
— Aqueles que acreditavam que você ainda fosse de esquerda?
— Esses mesmos! Eu e a Kátia, por dentro, morríamos de rir da cara deles. Às vezes tínhamos de nos beliscar, se não iam acabar notando.
— Ah, isso não é comigo. Não sou homem de fazer ninguém de otário.
— Homem?! Não foi bem isso que li. Tinha até foto sua.
— Aquilo foi uma montagem, Dilma. Você já devia saber que rola muito jogo sujo na internet. Lembra quantas mentiras cabeludas o João Santana utilizou pra te reeleger?
— Eu nunca notei. É uma injustiça quererem me envolver com todas as safadezas que ocorreram ao meu redor. Se eu não percebia, não cometi crime de responsabilidade nenhum. E torno a repetir: a usina de Pasadena foi um ótimo negócio para a Petrobrás!
— Bem, o que passou, passou. Está mais calminha agora?
— Sem dúvida. Já nem tenho mais pesadelos com o Cunha.
— Sortuda! Eu é que não estou conseguindo dormir direito. Sonho que serei você amanhã.
— Eu não queria te dizer isso, mas você está mesmo maduro para ser derrubado.
— Você acha? Então devo aproveitar melhor o tempo que me resta. Passar bem! (bate o telefone)
— Eu não queria te dizer isso, mas você está mesmo maduro para ser derrubado.
— Você acha? Então devo aproveitar melhor o tempo que me resta. Passar bem! (bate o telefone)
* Luís Carlos Trabuco, presidente do Bradesco.
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