Quando eu aqui posto filmes como Queimada, O último tango em Paris e Terra em Transe, não surpreendo ninguém. Ele são exatamente o que os leitores assíduos deste blogue esperam encontrar; atendo às expectativas.
Mas, de vez em quando eu consigo garimpar no Youtube uma obra-prima que não teve o merecido reconhecimento, como este Cão branco (d. Samuel Fuller, 1982). Aí, acredito estar prestando ao meu público um serviço bem mais relevante. Ainda mais ao se tratar de um filme boicotado, como este.
Jovem atriz (Kristy McNichol) atropela um belíssimo cachorro, socorre-o e resolve ficar com ele. Já afeiçoada, descobre tratar-se de um animal que o antigo dono treinara para atacar negros; não era somente a cor do seu pelo que fazia dele um cão branco.
Buscando uma saída para conservá-lo consigo, ela trava contato com um adestrador negro (Paul Winfield), que conhece a dificuldade para descondicionar um bicho desses, mas aceita a empreitada. Ele já tentara fazer o mesmo em outras ocasiões; é a contribuição pessoal que quer dar à luta contra o racismo.
São comoventes os esforços (exaustivos e arriscados) que desenvolve para salvar o animal da terrível doença que lhe inocularam: o ódio.
E, até por tratar-se de um cão magnífico, seu drama nos toca profundamente. Seria preciso um coração de pedra para ficarmos indiferentes -ainda mais com todo o clima criado pela primorosa trilha musical de Ennio Morricone...
Fuller é um diretor sui generis. Esteve como jornalista nos campos de batalha da 2ª guerra mundial... com a idade de 17 anos! Deve ter sido o correspondente mais jovem da História. Depois, aproveitou esta vivência para realizar um filme muito elogiado sobre o conflito, Agonia e glória (1980).
Quando a preconceituosa Paramount resolveu não lançar o Cão branco, ele ficou tão decepcionado que mudou-se com armas e bagagens para a França, onde acabou filmando bem menos.
Mas, restou-lhe o consolo de haver tido um canto do cisne à sua altura: seu trabalho derradeiro para o cinema foi Rua sem volta (1989), adaptação de uma ótima novela de David Goodis.
Mas, restou-lhe o consolo de haver tido um canto do cisne à sua altura: seu trabalho derradeiro para o cinema foi Rua sem volta (1989), adaptação de uma ótima novela de David Goodis.
Um comentário:
Nossa, Celso, nunca tinha ouvido falar deste filme. Vou assistir ainda esta semana. Até, porque, adoro animais e sobretudo cães. Obrigada por compartilhar tuas opiniões e "achados". Grande abraço!
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