terça-feira, 31 de dezembro de 2024

OS PATRULHEIROS CRICRIS NOVAMENTE TENTAM IMPEDIR CUCA DE TRABALHAR

A
gora no Atlético Mineiro, m
ais uma vez os justiçadores do teclado se mobilizam para negar ao idoso Alexi Stival, o técnico Cuca, o direito de exercer o seu ofício.

Mais uma vez tal campanha de estigmatização  é extemporânea, despropositada e, até, CRIMINOSA!

Refere-se a um talvez estupro de menor, talvez sexo consensual com menor, ocorrido em julho de 1987, em Berna. A menina entrou num quarto de hotel em que estavam atletas da delegação do Grêmio, tirou a blusa e acabou tendo sexo com alguns deles. Alegou depois que pretendia ganhar de presente uma camisa do time gaúcho.

Quatro jogadores foram presos, mas libertados em menos de 30 dias para voltarem ao Brasil.

Em agosto de 1989, ausentes e não defendidos por advogado nenhum, foram condenados a 15 meses de prisão. Após o transcurso de 15 anos sem que fossem detidos em território suíço e sem que a Suíça requeresse extradição de algum deles, a condenação prescreveu e o caso, para todos os efeitos legais, terminou em pizza.

O que eu concluo disto tudo? Primeiramente, que as autoridades suíças tinham os acusados ao seu alcance e permitiram que fossem embora. Provavelmente porque a diplomacia brasileira os terá convencido de que não valia a pena fazer do episódio um cavalo de batalha, criando um pequeno ruído nas relações entre os dois países. 

Quase todos os episódios desse tipo acabam assim: prisão dos estrangeiros por um tempinho, seguida da sua libertação assim que o assunto esfria. Caso dos torcedores corinthianos detidos por terem em 2013 disparado um sinalizador contra a torcida adversária em partida disputada na Bolívia, causando uma morte. 

Cem dias depois foram soltos porque um deles, que, por coincidência, ainda era menor de idade, assumiu a autoria do disparo.  

Os jogadores gremistas foram defendidos pelo Departamento Jurídico do clube até serem libertados e vazarem de lá. Depois, ninguém deu a mínima para o julgamento in absentia de 1989. Em 2004, o processo prescreveu. Virou arquivo morto.

É interessante notar que, tendo os jogadores sido condenados a míseros 15 meses de cana, isto nos permite concluir que prevaleceu o entendimento de que houvera relação consensual com menor e não violação. A sentença por estupro de menor poderia então chegar até a três anos.

Finalmente, alguns comentaristas esportivos se uniram em 2023 para uma ação concertada visando impedir que Cuca continuasse trabalhando como técnico do Corinthians. Fizeram muita estridência virtual, inclusive dando a público um exame segundo o qual o sêmen do Cuca teria sido detectado por exame de laboratório suíço.

Cometeram uma ilegalidade ao trombetearem uma peça processual que se encontrava sob segredo de justiça, mas valia tudo para impedir um cidadão prestes a completar 60 anos de exercer seu ofício em função de um episódio TOTALMENTE SUPERADO de quando ele tinha 24 anos (tanto que a suposta vítima já morrera e o parente que poderia pleitear a sequência do caso na Justiça abrira mão de tal direito).
Corinthianos na Bolívia: jeitinho brasileiro os salvou
A campanha de estigmatização deu seu fruto podre: após somente dois jogos dirigindo o Corinthians, mesmo sendo apoiado incisivamente pelos jogadores (que fizeram questão de festejarem com ele uma classificação obtida a duras penas), Cuca desistiu desse emprego.  

Agora os patrulheiros cricris voltam a requentar a mesmíssima acusação, ainda que a Justiça suíça, face ao pedido de novo julgamento apresentado por advogados do Cuca, haja declarado DEFINITIVAMENTE ANULADA a sentença de 1989 e confirmado a prescrição do caso. 

E com isto volta o jogo sujo de afirmarem que o exame de laboratório incriminou Cuca, embora ele tenha sucumbido ao mesmo desfecho do processo como um todo: tendo o julgamento de 1989 ocorrido sem defensor presente (!), foi anulado. Como peça processual, tal exame  teve idêntico destino (o arquivo morto), não podendo ser de nenhuma maneira invocado para alimentar a caça à bruxa ora movida contra Cuca.

Primeiramente, porque não foi levantado o segredo de justiça sobre ele e, portanto, não se sabe oficialmente se o sêmen consta mesmo do laudo do exame ou foi apenas papo furado de advogado adversário.

E depois porque, como Cuca não teve defensor no julgamento de 1989, ficou sem poder exercer o contraditório (teria o direito de contratar outro laboratório para fazer outro laudo, que talvez derrubasse o da acusação). Ou seja, tratou-se apenas da versão de um lado e não de uma versão com a qual ambas as partes devessem necessariamente  concordar.
O grande Jean Gabin foi o melhor Jean Valjean das telas

Finalmente: se o que houve justificava apenas uma sentença de 13 meses de prisão e prescreveu em 15 anos, faz algum sentido tentarem, por conta disso, impedir o Cuca de trabalhar
37 ANOS DEPOIS?!

Faz-me lembrar o Jean Valjean, que em Os Miseráveis de Victor Hugo, passa décadas submetido a trabalhos forçados como consequência de haver outrora roubado um pão... (por Celso Lungaretti)

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