quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

SAMBA DO MILICO DOIDO

A obra histórica...
Como resposta ao projeto Brasil: nunca mais, encabeçado por d. Paulo Evaristo Arns, a extrema-direita militar desenvolveu o Projeto Orvil, o chamado  livro negro da repressão, sistematizando as informações extorquidas dos resistentes mediante torturas inomináveis.

Como recentemente a revista Época apresentou --e não teve a honestidade de retificar-- uma versão espúria da morte de Juarez Guimarães de Brito (vide aqui), dando como verdadeiro um relato militar evidentemente falseado para destacar o trabalho de um vil agente infiltrado, é interessante vermos, p. ex., algo dito a meu respeito no tal Orvil, que o Exército decidiu não publicar mas o  torturador-símbolo do Brasil, Brilhante Ustra, acabaria disponibilizando no seu site:
"A mando da organização Antonio Nogueira da Silva Filho comprara uma fazenda no interior goiano, mas 'desbundou' (ou seja, desistiu da subversão) e pediu para sair. Julgado por um Tribunal Revolucionário, por pouco não foi justiçado, sendo expulso pela contagem de 2 x I, com o voto isolado a favor do fuzilamento. O tribunal, constituído por Celso Lungaretti, Ladislas Dowbor e Carlos Alberto Soares de Freitas, expulsou-o em 24 de setembro  de 1969. Com medo, Antonio Nogueira da Silva Filho , ainda em 1969, fugiu para Milão, na Itália".
...e a obra histérica.
Historinha interessante, não? Mas, na parte que me toca, totalmente inverídica.

Só vim a ter certeza da existência deste julgamento há dois ou três anos (*), quando contatado pela filha de Antonio Nogueira, a eminente psicoterapeuta Adriana Tanese Nogueira --que está disponibilizando as memórias da família, capítulo por capítulo, neste site e depois as lançará em livro.

Evidentemente, algum infeliz companheiro foi interrogado a respeito e, desconhecendo quem realmente cuidara do assunto, chutou um nome qualquer. Os inquisidores acreditaram e estão até hoje divulgando este  samba do milico doido.

*  A busca do Google já me conduzira a uma menção ao caso nos sites fascistas, lá por 2003, mas achei tudo tão estapafúrdio que acreditei tratar-se de completa invencionice. Quando a Adriana me procurou, constatei que o episódio era verídico, só o meu envolvimento sendo fictício.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails