quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

OS 35 ANOS DA CHACINA DA LAPA: EXECUTADOS "PORQUE HAVIA DE MATAR"


"A los hombres de la pampa
que quisieron protestar,
los mataram como perros,
por que había que matar"
(Luis Advis)

Em ato marcado para as 19 horas desta 4ª feira (14), a Câmara Municipal de São Paulo reverenciará a memória de dirigentes comunistas abatidos há 35 anos pela repressão ditatorial.

chacina da Lapa, em 16 de dezembro de 1976, encerrou a temporada de matanças  sistemáticas  de resistentes levadas a cabo durante os anos terríveis em que o Brasil esteve submetido ao terrorismo de estado. Episódicas, ainda haveria outras.

Assim como nos estertores da luta armada, três presos rendidos foram executados.

O primeiro a ser detido, João Baptista Franco Drummond, expirara durante as torturas, na véspera. Por  acidente de trabalho  (como Vladimir Herzog) ou deliberada e sadicamente (como Devanir de Carvalho)? Só os carrascos podem esclarecer --mas, claro, não o farão.

Assassinaram Angelo Arroyo e Pedro Pomar ao invadirem o aparelho no bairro paulistano da Lapa, em que se encontravam os membros do Comitê Central do PCdoB. Não houve qualquer reação. Balearam-nos "porque havia de matar" (como diz um verso da "Cantata Santa Maria de Iquique").

Aldo Arantes, Elza Monnerat, Haroldo de Lima, Joaquim de Lima, Maria Trindade e Wladimir Pomar foram presos e torturados.

Foi muito traumático, tanto o episódio em si quanto os augúrios sinistros que inspirou.

Temeu-se uma volta aos piores tempos, que pareciam haver sido superados quando o ditador Ernesto Geisel ordenou a desativação do centro de torturas do DOI-Codi/SP na rua Tutóia, por haver considerado um desafio à sua autoridade o assassinato do metalúrgico Manuel Fiel Filho (17/01/1976), nem três meses depois de ele haver determinado que se evitasse a repetição de episódios como o de Vladimir Herzog (25/10/1975).

Mas, se as mortes desnecessárias lembram a etapa final do combate à guerrilha urbana e rural, quando foi decidido e implementado o extermínio dos principais dirigentes e combatentes, houve também uma diferença: em 1972, p. ex., não sobraria ninguém vivo.

Então, há a possibilidade de que a  mão pesada  da repressão se devesse à relutância de setores extremistas em aceitarem a  distensão política  lenta, gradual e progressiva  de Geisel. Ou seja, outra provocação originada  dentro  do Estado, a exemplo da prisão de Herzog.

As provocações aparentemente advindas de  fora  (cujos autores, na verdade, eram de dentro...) foram o sequestro e espancamento de D. Adriano Hipólito, bispo de Nova Iguaçu (RJ); os atentados terroristas à ABI e à OAB; os incêndios de bancas de jornais nas quais eram vendidos veículos alternativos e a abortada tentativa de explodirem um petardo durante show musical no Riocentro.

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