domingo, 5 de junho de 2011

DILMA, DESTITUA PALOCCI!!!

Sou sincero: Antonio Palocci não me passa pela goela desde que deu um bico nos ideais revolucionários e assumiu o papel de intermediário entre o Governo Lula e o grande capital, em 2003.

Nunca fui exatamente um trotskista, mas li muito de e sobre Trotsky, um personagem histórico maior, que comandou a tomada de poder em 1917, salvou a nova república de inimigos militarmente muito superiores e não se vergou ao desvirtuamento totalitário da Revolução Soviética.

É inimaginável e extremamente repulsivo para mim alguém ter bebido nessa fonte e depois haver se tornado um reles queridinho dos banqueiros.

À minha repulsa pela política econômica que Palocci conduziu -- seguindo veladamente as orientações de Delfim Netto, o verdadeiro formulador de tal política -- acrescentou-se o inconformismo com o uso dos poderes do Estado para esmagar um mísero caseiro e, mais ainda, o não reconhecimento de uma CULPA GRITANTE E CLAMOROSA por parte do Supremo Tribunal Federal, noutra sentença em que a nossa mais alta corte decidiu politicamente e não como guardiã da Justiça.

Porém -- e sempre tem um porém --, o justificado desprezo por Palocci seria insuficiente para eu abrir mão do meu próprio senso de Justiça. Procuro ser justo até com o pior dos seres humanos -- e é este o conceito que tenho do homem que virou suco, quer dizer, do trotskista que virou limonada capitalista.

Desde o primeiro momento do novo escândalo por ele protagonizado, avaliei as acusações e defesas a partir do conhecimento adquirido quando atuei profissionalmente na área de comunicação empresarial, obrigada a sincronizar seu desempenho com a de consultoria no atendimento a grandes clientes; e também da minha passagem de 3,5 anos pela Coordenadoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes, quando fiquei sabendo tudo que se precisa saber sobre a promiscuidade entre os negócios públicos e os interesses privados.

Eu não tinha dúvida, por mínima que fosse, da incompatibilidade entre as  proezas  de Palocci e a compostura que deve ser exigida de qualquer ministro -- e muito mais de um ministro  teoricamente  comprometido com os trabalhadores.

Sem utilizar teorias conspiratórias e informações de bastidores (que nada mais são do que boatos), mas respaldando sua argumentação estritamente no que é de domínio público, Fernando Rodrigues demonstrou neste sábado, de forma cabal, que Palocci não pode ser mantido no Governo Dilma Rousseff, sob pena de pulverizar sua credibilidade.

E, se faltava um cravo no caixão de Palocci, Clovis Rossi acaba de o pregar, com sua coluna deste domingo: Uma confissão sub-reptícia. Leiam e avaliem estes parágrafos iniciais:
"A chave do esquema Palocci aparece na seguinte frase de sua entrevista à Folha: 'Quando a empresa [a que dava consultoria] tinha que lidar com órgãos públicos, não era a Projeto [a sua empresa] que fazia isso'.

Digamos que seja verdade, toda a verdade. Digamos também que seja legal. Mas é imoral, aético, indecente, não republicano.

Seria preciso não a boa-fé que Palocci cobrou na entrevista à Globo, mas uma supina ingenuidade, uma inocência totalmente fora da realidade para acreditar que não há nessa situação uma promiscuidade clara entre o público e o privado.

Vejamos como funcionam as coisas: uma empresa contrata a consultoria de um deputado que havia sido ministro da Fazenda, é um quadro importante no partido do governo e, logo, se torna ainda mais importante, ao ser designado coordenador da campanha da candidata favorita à Presidência da República, afinal eleita.

O deputado-consultor-futuro ministro dá as dicas que considera oportunas e, na hora em que a empresa que o contratou precisa 'lidar com órgãos públicos', dispensa os conselhos do consultor, esquece de dizer ao órgão público que tem contrato com Antonio Palocci?
 Você acredita nesse comportamento angelical?"
Noves fora, não sobrou nada para se discutir, só para se fazer.

Repito a exortação à minha antiga companheira de VAR-Palmares, que tem a responsabilidade de mostrar ao Brasil como age uma ex-guerrilheira quando ascende à Presidência da República:  Dilma, destitua Palocci!!!

6 comentários:

Anônimo disse...

Ou demites essa tralha (que nem deverias ter nomeado)ou assuma-se como um Gabeira de saias!

Teresa disse...

O Palocci não me desce pela goela já faz um tempo. Mas não acredito que sua antiga companheira vá tomar alguma providência, já que ela também tem que obecer algumas orientações do partido. E não estou falando mal do PT, só dos partidos.
A única maneira de se fazer alguma coisa nesse país é se esquivando do Estado.

Mas eu passei aqui pra te fazer um convite. Vc já voltou no Cinema Brazuca ultimamente? Voltei a escrever e botei link pra baixar todos os filmes (que encontrei). Passa lá e vê se vc acha alguma coisa que te interesse.

Abração,
teresa.

Laércio Raphael disse...

Delenda Palocci! Nova campanha de um jornalista íntegro. Concordo inteiramente. Aliás, depois do indecoroso episódio do caseiro, o Sr Antônio devia ter enfiado a viola no saco. Mas é bem capaz que o dinheiro ganho com suas 'consultorias' fosse justamente para voltar a ajudar os novos companheiros a ganhar concorrências e liberar verbas em Brasília. E o cargo de Min Ch Gab Civil é bem apropriado para isso. Ah, os políticos! Mas eu acho que esse aí, com sua tímida oratória, não vai longe.
Agora, Lungaretti, pq a mania de grafar o ministro com dois ll e não dois cc? Em italiano, se assim fosse, teríamos de acentuar a última sílaba do dito cujo
Abração!

celsolungaretti disse...

Não é mania, é distração mesmo. Corrigi.

Obrigado pelo toque.

Galvão disse...

Sem deixar de reconhecer a necessidade da presidente Dilma ficar livre do Palocci (que nem deveria ter sido nomeado), acho que é demais usar o Fernando Rodrigues e Clóvis Rossi, na sua argumentação: Tenho certeza que os motivos que nos move na peleja, não é o mesmo dos dois crápulas da FSP.

celsolungaretti disse...

O problema, no caso, não é a integridade das pessoas, mas sim a integridade dos argumentos. Não sou juiz do caráter alheio.

Então, quando alguém escreve coisa com coisa, não vou lhe pedir atestado de antecedentes.

Cito aqueles que trazem contribuições reais à discussão, abordando, de forma consistente, aspectos que até então ninguém tinha levantado.

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