Por esquivar-se da imprescindível autocrítica desde o impeachment de Dilma Rousseff, o PT até agora vinha se recusando a reconhecer quão ameaçador é o populismo de extrema-direita que:
- deu o ar de sua desgraça nas manifestações de rua de 2013;
- avolumou-se nas de 2016 e não cessou de acumular forças desde então;
- duas vezes esteve envolvido em ações concertadas para forçar o impedimento de Michel Temer;
- tentou aproveitar a paralisação selvagem dos caminhoneiros para provocar uma quartelada, e
- tem sido a força propulsora da candidatura de Jair Bolsonaro.
Desde o início, o objetivo último desses neofascistas é a tomada do poder, e lamento informar ao Zé Dirceu que eles, sim, têm chances de êxito.
Apesar de seus três principais expoentes na campanha eleitoral serem simplesmente ridículos —tenho comparado Bolsonaro, Mourão e Guedes aos Três Patetas, de tanto que batem cabeça e dão tiros no pé—, há um núcleo profissional na campanha deles que nada tem de trapalhão, aquele que infesta com fake news as mídias e redes sociais. Dá para se perceber claramente a batuta de atuais ou antigos integrantes da comunidade de informações regendo tal orquestra.
Com sua obsessão em fazer o povo brasileiro acreditar que o defenestramento da rainha louca teria resultado de um golpe e que Lula seria um prisioneiro político, o PT subestimou grosseiramente o risco Bolsonaro.
Desperdiçou esforços e afugentou possíveis aliados ao priorizar o acerto de contas do passado, quando deveria é estar garantindo que houvesse um futuro.
Inexistisse tanta soberba no PT e provavelmente a esquerda teria se unido em torno do candidato (Ciro Gomes, Marina Silva ou Guilherme Boulos) de um partido menor, mas que não carregasse consigo o desgaste de quem passou 13 anos no poder e acumulou altíssima rejeição.
E, claro, inexistisse tanta soberba no PT e provavelmente o candidato do bloco da esquerda buscaria o entendimento com as forças alheias dispostas a apoiá-lo, ao invés de bater-lhes com a porta na cara, como o Vinícius Torres Freire destacou (vide aqui).
Mas, para chegarem a isto, o PT e Lula teriam de haver percebido quão perigoso é esse neofascismo que há cinco anos procura uma brecha para assenhorar-se do poder; e precisariam ter a humildade de enxergarem as prioridades da esquerda e dos brasileiros civilizados em geral como bem mais importantes do que seus exclusivos interesses partidários.
Mas, para chegarem a isto, o PT e Lula teriam de haver percebido quão perigoso é esse neofascismo que há cinco anos procura uma brecha para assenhorar-se do poder; e precisariam ter a humildade de enxergarem as prioridades da esquerda e dos brasileiros civilizados em geral como bem mais importantes do que seus exclusivos interesses partidários.
A autocrítica agora terá de ser na prática |
Que os dirigentes petistas coloquem a mão na consciência e se compenetrem de que só eles podem agora barrar a escalada neofascista, mudando radicalmente o tom de sua campanha nas últimas três semanas e sabendo explorar os erros crassos que os três principais expoentes inimigos igualmente cometem (e em escala maior ainda!).
O liberticida apenas capitaliza o ódio despertado pelas gritantes mazelas do Estado brasileiro, escancaradas pela Operação Lava-Jato. Se trouxer a discussão para o plano das medidas a serem tomadas para tirar o Brasil da recessão e para pacificar nosso país antes que estejamos matando uns aos outros pelas ruas, Haddad calará o pregador do caos, cujo programa de governo é um amontoado de contradições, estultices e propostas irrealizáveis.
O desabafo e a catarse já aconteceram. Os cidadãos que estavam indo contra seus interesses movidos por um estado de espírito rancoroso e por um efeito-manada, podem agora cair na real, se tomarem conhecimento de que o preço por eleger-se um aventureiro desequilibrado como presidente é amargar mais recessão e turbulências ainda, como aconteceu depois da renúncia de Jânio Quadros.
O liberticida apenas capitaliza o ódio despertado pelas gritantes mazelas do Estado brasileiro, escancaradas pela Operação Lava-Jato. Se trouxer a discussão para o plano das medidas a serem tomadas para tirar o Brasil da recessão e para pacificar nosso país antes que estejamos matando uns aos outros pelas ruas, Haddad calará o pregador do caos, cujo programa de governo é um amontoado de contradições, estultices e propostas irrealizáveis.
O desabafo e a catarse já aconteceram. Os cidadãos que estavam indo contra seus interesses movidos por um estado de espírito rancoroso e por um efeito-manada, podem agora cair na real, se tomarem conhecimento de que o preço por eleger-se um aventureiro desequilibrado como presidente é amargar mais recessão e turbulências ainda, como aconteceu depois da renúncia de Jânio Quadros.
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