"Após as 121 mortes na operação policial do Rio, acusada de chacina pela esquerda, aplaudida pela direita e apoiada pela sociedade (segundo as pesquisas), a oposição se realinhou e ganhou novo ânimo e a bandeira da insegurança para superar a dependência de Jair Bolsonaro e enfrentar o favoritismo de Lula para 2026...
...tudo caminhava para um fim de ano festivo para Lula, mas 2025 pode terminar com a derrota acachapante da PEC da Segurança no Congresso e entrar o ano eleitoral enfrentando a CPI das organizações criminosas, comandada pela oposição e focada em martelar que a esquerda defende bandido, é contra a polícia e conivente com o tráfico."(por Eliane Cantanhede, no Estadão)
Trata-se de um copo meio cheio e meio vazio.
| Mortes nas operações policiais devastadoras de Cláudio Castro aproximam-se do milhar |
De um lado. o esvaziamento político do pior presidente brasileiro de todos os tempos, responsável último pela morte de algo entre 350 mil e 400 mil cidadãos que teriam sobrevivido à pandemia de covid se não fosse sua sabotagem tresloucada à vacinação, é uma evolução positiva dos acontecimentos.
Do outro, o copo meio vazio é que a direita se volta agora para a selvageria bestial do bandido bom é bandido morto. Com ínfimo repertório, troca o bolsonarismo que louvava o extermínio de presos políticos por parte do DOi-Codi pelo malufismo que endossava as execuções extrajudiciais de marginais por parte da Rota).
O retrocesso civilizatório parece ser o nosso melancólico destino.
E fica comprovado que Glauber Rocha, no seu primoroso Terra em Transe. estava certo ao indagar se a culpa pela rendição sem luta de 1964 era ou não do povo. Sim, a culpa maior por aquela quartelada foi da classe dominante (como sempre!), mas a falta de reação dos dominados não pode ser relevada.
Vale lembrar que, em 1936 na Espanha, o golpe de estado de conservadores, monarquistas e fascistas, apesar de sua enorme superioridade de forças em termos militares, foi rechaçado pelo povo, que se levantou espontaneamente, quando a esquerda ainda vacilava indecisa.
O que era para ser um passeio das Forças Armadas, bem treinadas nas refregas para manutenção das conquistas coloniais na África, acabou sendo uma guerra civil sangrenta de 2 anos e nove meses, decidida pelo apoio que a Alemanha nazista e a Itália fascista deram aos ultradireitistas, enquanto Inglaterra e França se omitiam vergonhosamente.
Diferença gritante com o golpe de 1964 no Brasil, com o governo de João Goulart esfarelando a partir de uma marcha de recrutas sob o comando de Olímpio Mourão Filho, de Juiz de Fora para o Rio de Janeira. Bastariam alguns caças da FAB disparando sobre as cabeças daqueles soldadinhos de chumbo para eles estarem correndo até hoje.
E, com alguma resistência popular, o desfecho poderia ter sido outro, mas a usurpação de poder foi facilitada pelo tradicional conformismo da (nem um pouco) brava gente brasileira... (por Celso Lungaretti)
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