O Brasil é pródigo em momentos patéticos, quando desperdiçou chances claríssimas de construir um futuro bem melhor para seu povo. Caso de 1792, quando delatores fizeram fila (Joaquim Silvério dos Reis estava longe de ser o único...) para delatar ao Visconde de Barbacena a Inconfidência Mineira.
Com isto, continuou por mais três longas décadas sendo colônia do minúsculo Portugal, que muito dele tirava, quase nada dava e teria sido facilmente derrotado nos campos de batalha se seus filhos não fugissem à luta.
E no século passado teve a chance de uma verdadeira redemocratização em 1984, mas, rejeitando a emenda Dante de Oliveira, saiu da ditadura militar pela porta dos fundos, entregando a faixa presidencial para um notório serviçal do regime que findava.
Tornou-se inevitável uma aguda recessão e, quando caiu para a Dilma a ficha de que seria este o seu legado para o governo seguinte, não teve sequer a humildade de reconhecer que não conseguiria desfazer a lambança. Fez questão cerrada de reeleger-se, pensando em salvar sua biografia.
Recorreu a um economista insignificante que servia ao inimigo de classe (Joaquim Levy) para consertar a lambança e, quando este previsivelmente fracassou, praticamente desistiu de defender seu mandato no front econômico, preferindo travar a batalha nos campos mais favoráveis ao inimigo (o político e o jurídico), nos quais sua derrota era certa.
Insistindo em permanecer presidente até o mais amargo fim, ao invés de renunciar para que a esquerda pudesse iniciar um contra-ataque, a mãe do fracassado Plano de Aceleração do Crescimento foi também mãe da vitoriosa escalada da extrema-direita, pois, nas manifestações de rua em prol do impeachment, os fascistas não paravam de acumular forças e nós, de perdê-las.
Como resultado estabeleceu-se a detestável polarização entre dois populistas nutridos pela cultura do século 20, ancorando o Brasil no passado ao invés de atualizá-lo para aproveitar as oportunidades do século 21.
Ademais, as sucessivas hospitalizações de Lula e Bolsonaro já convenceram respectivos esquemas políticos de que nenhum deles terá sequer vigor físico para aguentar mais um mandato. Então, as escaramuças internas nos esquemas políticos dos dois astros cadentes já visam à definição de quem os substituirá no pleito presidencial de 2026.
Tal disputa já começou quente e se prenuncia como uma verdadeira briga de foice no escuro... (por Celso Lungaretti)
12 comentários:
Caro Celso, não receie artigos longos. O 'Guardian' publica vários 'long read'
Discordo de que 'Nosso país, portanto, se ferrou pela última vez em 2012'
O período Temer foi de ferrar oportunidades com a 'Ponte para o futuro' e promoveu uma terraplenagem para o nada.
A eleições dos 4 Bozos do apocalipse. Ferrada que vinha correndo por fora até o páreo que deu na presidência et caterva (ou malta, bando, horda)(o Jair era conhecido, na caserna, por 'O Cavalão' (foi pentatleta militar...ou seria pentapateta?)
https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/f9/2020/03/26/bolsonaro-atleta-vira-brincadeira-nas-redes-sociais-1585225016502_v2_900x506.jpg
Na sequencia nos ferramos com o Aloysio Ignatius, outro bando e suas idioticriasias
Já se passaram 13 anos que estamos nos ferrando porque a gerentona pavimentou o caminho para a ascensão política da extrema-direita. A polarização travou e destroçou o Brasil.
Agora, com os sucessivos fracassos e cirurgias do Lula e do Bolsonaro, finalmente parece que vamos andar para a frente, deixando esses dois definitivamente para trás.
Quanto aos artigos longos, há algo que preferi deixar de lado para não parecer que eu esteja fazendo drama: o esforço para produzi-los está sendo cada vez mais penoso para mim.
Ainda faço alguns porque me empolgo e aí a adrenalina me empurra para a frente. E se surgisse outra luta como a que travamos em 2008/2011 contra a extradição do Battisti. tenho certeza que ainda encontraria ânimo para derrotar o inimigo de novo.
Mas em períodos sem perspectivas como o atual, a pasmaceira é veneno para mim.
Entendo. Acaba sendo assim. Ou a gente se preserva ou se envenena.
Por falar em estarmos ferrados: me assombra o governador de Sampa, outro inominável. O Zema me lembra azêmola. Caiado me lembra sepúlcro
Sepulcro mesmo! Ele surgiu na cena política como o líder da União Democrática Ruralista no Pontal do Paranapanema, aqui em SP. A UDR e o MST travavam uma verdadeira guerra, havia mortos de parte a parte. O Caiado, ou chegou a matar pessoas, ou comandava jagunços que matavam.
Quando eu afirmava que o Bozo era um bunda mole, era porque fazia muita onda mas ultradireitista perigoso ele nunca foi. Quem tinha tal perfil era o Ronaldo Caiado.
Mais uma eleição se aproxima e o próximo mandatário, não importa quem seja, sabe que terá de dar mais uma volta no torniquete no pescoço do povão.
E, assim, virá mais uma reforma da Previdência e menos direitos trabalhistas.
Ao Capital, não interessa o pleno emprego; então, qualquer ministro da Fazenda, junto com o BC, tem que gerar crise e desemprego e lucro pros banqueiros e subsídios pro agronegócio.
É o país dos rentistas, que garante a ordem com a ajuda da ex-querda.
Celso, você pode não gostar desse. Eu penso que vale a pena
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Bueno
VIVA MARINA - EDUARDO BUENO
https://www.youtube.com/watch?v=yceUY4L92fc
É uma atrás da outra.....
Estudo derruba alegação que liga BR-319 à crise do oxigênio em Manaus na pandemia
30 Mai 2025
Durante a crise de COVID-19 em janeiro de 2021, o governo federal alegou que o transporte de oxigênio pela BR-319 era a única opção para suprir Manaus, colapsada pela falta de insumos médicos. No entanto, dois estudos científicos publicados em periódicos internacionais refutam essa justificativa, demonstrando que o transporte fluvial pelo rio Madeira seria mais rápido, barato e eficiente, noticiou o Vocativo.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 29-05-2025.
O senador Omar Aziz (PSD-AM) usou a crise para defender o asfaltamento da BR-319, afirmando que vidas foram perdidas devido à falta de pavimentação, na audiência de hostilização à Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na Comissão de Infraestrutura do Senado, na última 3a feira (27/5). Na ocasião, Aziz desqualificou o discurso de Marina e afirmou que ela tinha desconhecimento da gravidade do ocorrido na capital do Amazonas, quando milhares perderam a vida na segunda onda de COVID-19 por falta de suprimento de oxigênio – sem citar, porém, a precária rede de saúde pública do estado.
De todo modo, estudos comprovam que a rodovia estava intransitável na época, enquanto o rio Madeira se encontrava em condições ideais para navegação, permitindo o transporte em até 52 horas, com custo significativamente menor.
A pesquisa revela que o comboio de caminhões levou 96 horas para percorrer a BR-319, mais que o triplo do tempo previsto, enquanto o transporte fluvial teria custado até R$ 195 mil, contra R$ 2,76 milhões gastos na operação rodoviária. Além disso, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitiu que a decisão foi política, vinculada à promessa de campanha do então presidente Jair Bolsonaro (PL) de reconstruir a rodovia.
Lucas Ferrante, um dos autores do estudo, destacou à Revista Cenarium que o governo Bolsonaro sabia, pelo menos desde novembro de 2020, que o oxigênio acabaria em Manaus, mas não tomou medidas eficazes como demonstram os estudos publicados nos periódicos científicos. Ferrante publicou no mesmo ano artigo sobre o tema, que depois passaria a integrar o estudo publicado nos periódicos Journal of Racial and Ethnic Health Disparities, Preventive Medicine Reports e Journal of Public Health Policy.
Os pesquisadores destacam que alertas sobre o colapso foram ignorados, incluindo notificações da White Martins, fornecedora de oxigênio, sobre a iminente escassez de oxigênio e recomendações técnicas para manter medidas sanitárias. A escolha pela BR-319 agravou desigualdades, pois famílias mais ricas conseguiram comprar cilindros, enquanto a maioria da população ficou desassistida.
Os estudos recomendam a revisão das audiências públicas realizadas durante a pandemia para licenciar a BR-319, além da investigação das autoridades por omissão e uso político da crise. A manutenção da rodovia também amplia riscos sanitários, como a propagação de malária e o aumento do desmatamento, que pode facilitar o surgimento de novas pandemias. Os entraves em relação à pavimentação da BR-319 são antigos, como detalhou O Globo, e se estendem em cabo-de-guerra há décadas. Na pressão atual, no início de abril o Senado já havia criado uma subcomissão para discutir o asfaltamento do chamado trecho do meio da rodovia.
BNC Amazonas, Amazonas 1 e Folha de Pernambuco repercutiram a disputa narrativa sobre a pavimentação da BR-319.
!!!!!!!!!!!!!!!
https://vocativo.com/2025/05/28/estudo-desmonta-alegacao-sobre-a-br-319-na-crise-do-oxigenio/
https://www.ihu.unisinos.br/652736-bolsa-familia-evitou-mais-de-700-mil-mortes-e-8-2-milhoes-de-hospitalizacoes-entre-os-mais-pobres-do-brasil
https://www.thelancet.com/journals/lanpub/article/PIIS2468-2667(25)00091-X/fulltext
https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(25)00008-7/fulltext
https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(24)00508-4/fulltext
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2452292924000614?ref=pdf_download&fr=RR-2&rr=947f35f7da234d42
Neves, não é que eu não goste desse podcast, mas eu não vejo podcast nenhum porque tenho má audição e não compreendo parte do que está sendo dito. Mesmo filmes, assisto quase que apenas os que têm legendas.
Entrementes:...do filme "Os Inomináveis".....El alumno más aventajado de Jair Bolsonaro
https://elpais.com/america/2025-05-30/el-principal-pupilo-de-bolsonaro-afirma-ante-el-juez-que-nunca-le-oyo-hablar-de-golpe-de-estado.html
https://elpais.com/internacional/2025-05-31/un-almirante-en-la-reserva-lanza-su-candidatura-para-la-presidencia-de-portugal-con-los-sondeos-a-favor.html
https://www.theguardian.com/environment/2025/may/31/brazil-environmental-movemen-lula-oil-industry
https://egrojworld.blogspot.com/2023/04/a-companion-to-federico-fellini.html
https://egrojworld.blogspot.com/2023/05/poster-art-from-classic-monster-films.html
Companheiro,
E o pior de tudo é ver propagandas políticas absolutamente idiotas, vendo políticos igualmente idiotas dizendo que sentem saudades do Bolsonaro.
E o pior de tudo, as "autoridades" não proibirem o próprio Jair Bolsonaro de aparecer naquelas propagandas ridículas.
Infelizmente o Brasil é um país medíocre e frouxo, já que "autoridades" igualmente medíocres e igualmente frouxas toleram cada trapalhada, sem grandes consequências, já que até crimes são negociáveis por trás de tudo, e os criminosos ainda conseguem sair pela porta da frente da justiça, após conseguirem comprar as "autoridades".
Sei que não são todas as autoridades que se vendem, mas infelizmente estas acabam pagando pelas "autoridades" emporcalhadas, que fazem absolutamente tudo por dinheiro, preferindo venderem o próprio caráter.
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