domingo, 18 de fevereiro de 2024

LULA TEM TODA RAZÃO SOBRE O MASSACRE ISRAELENSE A GAZA

 Netanyahu ficou furioso, dizem os jornais, com a declaração de Lula de que as ações do governo israelense na Faixa de Gaza se comparam às ações nazistas contra os judeus. Tal fala veio no meio de um discurso maior, e contundente, em que o brasileiro condenou a retirada do apoio humanitário por parte das nações ocidentais à agência da ONU para os refugiados palestinos - UNRWA - bem como a matança indiscriminada de civis. Não se trata de guerra, mas de massacre, enfatizou Lula. Em resposta, o abutre israelense convocou o embaixador brasileiro para uma reprimenda, naquilo que certamente será o início de uma longa e, cada vez mais profunda, crise diplomática. 

O discurso não foi improvisado, muito ao contrário, parecia bem decorado pelo presidente, e deve ter passado pela chancela de diversos assessores e mesmo do Itamaraty e, portanto, não é possível defender se tratar de um arroubo momentâneo, muito mais porque o petista não é dado a usar tais tipos de arroubos em questões tão sensíveis e, sobretudo, em aspectos de geopolítica. Além disso, está situado dentro de um processo de crescente tensão entre os governos brasileiro e israelense que se iniciou quando o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, se encontrou, em novembro, com Bolsonaro em um ato político na Câmara. Não é segredo as ligações do governo de Netanyahu com o bolsonarismo, seguindo seu alinhamento à extrema-direita mundial. 

Tudo a leva a crer que é tal apoio de Netanyahu ao bolsonarismo o principal motivo da crescente crítica de Lula às ações de Israel na Faixa de Gaza, ainda mais porque, à época do encontro entre o embaixador e o ex-presidente fujão, o governo prometeu uma resposta contundente assim que a situação dos brasileiros retidos na Palestina fosse resolvida. Pelo visto, tal resposta está chegando. 

Contudo, os motivos não importam muito. O importante é considerar que Lula, pela primeira vez em muito tempo, está dizendo algo verdadeiro e se posicionando de forma efetiva ao lado de uma causa absolutamente justa. Mesmo com todas as nossas críticas ao petista, não podemos deixar de registar nossa concordância e nosso apoio a ele por sua fala. (por David Emanuel Coelho) 


Um comentário:

celsolungaretti disse...

David, concordo totalmente contigo e com o Lula quanto ao fato de que a carnificina sionista na Faixa de Gaza é uma miniatura dos massacres nazistas na 2ª Guerra Mundial. Ambos têm o mesmíssimo espírito, o de encarar civis como vermes a serem exterminados, pouco importando se são homens, mulheres, pessoas idosas, crianças, estudantes na escola, doentes no hospital, loucos no hospício, etc.

Mas, já passou da hora de alguém explicar ao Lula que os exageros amplamente utilizados nos discursos populistas não podem sair da boca de um presidente da República, pois se tornam trunfos para os inimigos.

Assim, em vez vez de limitar-se ao xis da questão – extermínio como o ora praticado por Israel é inconcebível e inaceitável nos dias atuais, além de se constituir numa covardia extrema quando parte de quem tem tamanha superioridade de força –, Lula acrescentou um detalhe totalmente desnecessário (a comparação da bestialidade presente com a bestialidade do Holocausto) e forneceu uma saída pela tangente ao réu flagrado com as digitais na arma do crime e sangue nas mãos.

No Holocausto morreram uns 6 milhões de judeus, enquanto a sanha assassina de Netanyahu em Gaza até agora produziu cerca de 30 mil cadáveres de palestinos. Tal desproporção está sendo cinicamente utilizada pelo chanceler israelense Israel Kantz para desqualificar Lula e, inclusive, exigir que se desculpe.

O diabo mora nos detalhes: a incontinência verbal do Lula o colocou na defensiva, tendo de esclarecer que não é antissemita como a poderosíssima máquina de propaganda israelense o está apresentando ao mundo. Amadores não têm vez nas disputas com profissionais.

Related Posts with Thumbnails