domingo, 24 de dezembro de 2023

UM DESASTRE CHAMADO JOE BIDEN

 


Muitos chegaram a se iludir com Joe Biden quando ele tomou posse na Casa Branca em 2021. Substituindo Trump e vindo da conturbada tentava de invasão ao Capitólio pelos apoiadores do ex-presidente, acreditava-se que o novo líder colocaria fim ao trumpismo. Ledo engano!

Lançado candidato pelo Partido Democrata unicamente para impedir a vitória de Bernie Sanders, Biden é uma raposa velha do establishment ianque, ligado às oligarquias do país há décadas e representante do que há de mais reacionário e podre. Figura do status quo neoliberal, chegou ao poder com a missão de pacificar os EUA, remendando um país profundamente dividido. Nisso expressa a mesma missão de outros pacificadores da burguesia mundial, a exemplo de Macron, Fernandez, Lula, etc., bombeiros dos capitalistas que tentam impedir a implosão do capitalismo e a fatal guerra civil revolucionária que se seguirá. 

Já a extrema direita percebeu claramente a desintegração capitalista e busca canalizar toda a insatisfação popular para forjar um novo ciclo capitalista, ainda mais explorador e desumano. Por isso, seus líderes não posam de estadistas ou de bom moços, posam de irascíveis, rebeldes, indomáveis. À apatia e falta de tesão das lideranças tradicionais, trazem o fogo necessário à época urgente vivida por nós. 

Biden é a própria encarnação da apatia. É como se fosse uma mistura de advogado tributarista com burocrata de repartição pública. Sonolento, tedioso, sem imaginação, com uma péssima retórica e totalmente enquadrado na rotina palaciana do poder, não chega aos pés da capacidade performática de um Trump. 

Pior, pois a lei do valor não está sujeita à vontade particular de qualquer líder, mesmo sendo ele o presidente da maior potência mundial. A reprodução do valor está fundada na estrutura da propriedade privada, articulada globalmente de modo colossal e possui uma dinâmica objetiva, inflexível ao mero desejo político. Só é possível mudar a ordem capitalista mexendo na propriedade privada, o resto é ilusão. 

É patente que o capitalismo patina nos últimos anos, com o alastramento da miséria, o alto custo de vida, desemprego e o avanço da obsolescência de diversas profissões, engolidas pela automatização digital. O abismo entre trabalhadores e capitalistas cresce com a hiper concentração de riquezas, o aprofundamento dos monopólios e o achatamento dos salários. Ao mesmo tempo, a desregulação das leis trabalhistas e a introdução de vínculos flexíveis de trabalho - caso das plataformas digitais - leva à ampliação da concorrência no seio da classe trabalhadora, conduzindo à exacerbação do individualismo e dos conflitos. 

Na superfície, tudo isso se manifesta através daquilo que os analistas vulgares da mídia chamam de polarização. A verdadeira polarização, contudo, é entre capital e trabalho e o nome correto disso é guerra de classes. 

Os EUA, centro do capitalismo mundial, vive mais intensamente essa guerra de classes, com o país praticamente dividido ao meio entre aqueles capturados pela extrema direita e os que, mesmo de forma confusa, colocam a posição da classe trabalhadora de resistência, e mesmo ofensiva, contra o capital. 

Biden, igual Lula e outros, quer manter a exploração do capital, mas controlando os trabalhadores. Ele busca a unidade, a concórdia, a pacificação, que significam apenas continuar reproduzindo o capitalismo explorador e predatório, mas desinflacionando a insatisfação popular. Mas a lei do valor é inflexível e fatal! A concentração de riquezas, a hiper exploração, o desamparo e a degradação das condições de vida das massas segue em frente porque essa é a tendência do capitalismo. Por isso, Biden só pode ser um fiasco. 

Incapaz de melhorar as condições de vida do povo estadunidense, viu seus índices de popularidade desabarem, a ponto de hoje ser mais impopular que Trump antes das eleições de 2020. Seu programa de transição energética foi um fiasco, logo abandonado e esquecido como se jamais tivesse sido proposto. O trumpismo, apesar da prisão de alguns pobres coitados aqui e ali, seguiu firme  e o Partido Republicano foi engolfado pela extrema direita, ao contrário das previsões democratas do ressurgimento da centro direita por lá. 

Perdido, resolveu jogar a cartada da guerra no exterior e se esforçou ao máximo para impedir uma saída diplomática para a crise da Ucrânia. Com a invasão de Putin, acreditou poder mobilizar o povo estadunidense contra um inimigo externo e se beneficiar da economia de guerra, mas a avassaladora capacidade militar russa liquidou a parca resistência do regime de Zelensky, alcançando Moscou todos os objetivos traçados de anexar parte do território daquele país. A crise social estadunidense fez cair o apoio popular a qualquer ajuda a Kiev e os republicanos trumpistas, simpáticos a Putin, terminaram por impedir que mais dinheiro fosse para lá enviado. Mesmo a Rússia se saiu bem das sanções aplicadas e não está nem melhor, nem pior que os países europeus e os próprios EUA. 

Por fim, deu luz verde para o massacre israelense contra os palestinos, após os ataques do Hamas, ignorando que a maioria dos democratas hoje é pró-Palestina. Diante das pesquisas de opinião desaprovando suas ações e de divergências dentro do próprio governo, resolveu dar declarações patéticas em favor da defesa dos civis palestinos. Mas o estrago já está feito e são grandes as chances que a questão da Palestina tire muitos votos de Biden no próximo ano, sobretudo entre os jovens e a comunidade árabe. 

Hoje as pesquisas dão como certa uma vitória de Trump. Até por isso, o judiciário já entrou em cena para impedir sua candidatura no tapetão, algo com poucas chances de vitória dada a composição atual da Suprema Corte, majoritariamente republicana. Uma vitória de Trump mudaria completamente o quadro político em nível global, seria uma péssima notícia, por exemplo, para Lula, que deve muito de sua posse a Biden.

Por óbvio, dada a tibieza do presidente brasileiro, ele tentaria se compor com Trump, o servindo como já tinha feito com Bush. No entanto, restaria saber se o provável futuro ocupante da Casa Branca não teria outros planos para o Brasil, como o de ressuscitar o seu mais fiel fã, Bolsonaro. E não esqueçamos, inelegível ou elegível depende apenas de uma canetada e nossa justiça é apenas uma serviçal dos poderosos. 

Igual a Fernandez, o destino de Biden parece ser apenas o de preparar o caminho para uma extrema direita piorada, enquanto enfraquece e desmobiliza o resto da esquerda. (por David Emanuel Coelho)  


2 comentários:

Anônimo disse...

Biden’s economy vs. Trump’s, in 12 charts
https://www.washingtonpost.com/business/2023/12/23/trump-biden-us-economy-compared/

‘Did not ask for ceasefire’ in Gaza: Biden after phone call with Netanyahu
https://www.aljazeera.com/news/2023/12/23/did-not-ask-for-ceasefire-in-gaza-biden-after-phone-call-with-netanyahu

Anônimo disse...

Belo artigo. Acho totalmente possível a possibilidade Esboçada do futuro

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