quinta-feira, 12 de outubro de 2023

O IMPÉRIO EM RUÍNAS DO CAPITAL FICTÍCIO E DOS JUROS - PARTE 2

 

Continuação deste post.

Aos países de economia fraca, como o Brasil e tantos outros, com pouca representatividade de PIB, para os quais não acorrem mais facilmente o capital ocioso, somente se obtém recursos com ofertas de juros mais expressivos, circunstância que representa uma exploração inaceitável aos povos destes países pobres que se constituem como a grande maioria das populações humanas no Planeta Terra.  

É a famigerada lei do mercado expressa na regra da oferta e da procura na qual a mercadoria dinheiro tem preço e na qual a remuneração, para quem não tem crédito, representa maior risco e juros altos como aqueles pagos pelo Brasil, que somente em 2022 representou um total de R$ 586 bilhões. 

Se considerarmos que em 2022 houve um déficit da previdência social brasileira da ordem de R$ 270 bilhões, vamos facilmente concluir que retirar direitos previdenciários de quem passou a vida pagando contribuição é um crime, principalmente se estabelecermos relação com a extorsão bancária mundial à qual os governantes brasileiros se submetem sem altivez, por compactuarem com o sistema mundial de exploração sob o qual governam vaidosamente.  

Bolsonaro e Lula se ajoelham diante do capital mundial, e nisto se assemelham por não terem coragem de dizer a verdade e correrem o risco de represálias no confronto com um sistema que lhes garante poder político, cada vez mais decrépito.  

Mas a fatura de tal situação ainda está por chegar, e os sintomas de tal precariedade já se fazem sentir expressos na migração mundial em busca da sobrevivência junto aos países que exploram os emigrantes de muitas formas - vendendo armas e mercadorias, que são armas também -, mas principalmente pela via de cobrança de juros no presente: são os mesmos que exploraram ditos povos em suas colônias escravistas no passado.  

A hipocrisia é tanta que os ricos adoram fazer alguma benemerência aos países africanos enviando alguns alimentos, por exemplo, numa espécie de chá das cinco horas de dondocas elitistas que posam de caridosas. 

Acresce-se à incapacidade mundial de reprodução de lucros na produção de mercadorias, que por si só já denuncia a falência sistêmica que se observa hoje num processo mais acelerado do que antes, fatores outros que denotam a incapacidade de convivência sob os critérios atuais, quais sejam: 

- desemprego estrutural, que impossibilita a subsistência dos trabalhadores abstratos e a extração de mais-valia vital para a economia e para o Estado cobrador de impostos, fonte vital para a exploração pelo capital; 

-  queda na arrecadação fiscal

- inflação de preços das mercadorias

- emissão de CO² em volumes cada vez maiores na atmosfera que provocam o aquecimento global sem que a irracionalidade do sistema possa contê-la; 

- desespero fratricida da luta pela hegemonia de blocos econômicos na guerra concorrencial de mercado;  

- permanência das guerras bélicas - com anúncio de hecatombe nuclear cada vez mais presente nos discursos dos estadistas estatistas

- aumento da violência urbana e do crime organizado

- aumento da fome no mundo em meio ao anúncio de avanços tecnológicos antes inimagináveis.  

Não tenho dúvidas de que o passo mais próximo no sentido da saturação do modelo capitalista, cujo colapso histórico anunciado num tempo relativamente breve, se considerarmos o tempo histórico e as mutações sociais havidas ao longo da existência humana, vem sendo postergado permanentemente, será iniciado com a crash financeiro do sistema bancário mundial e correspondente colapso dos padrões monetários e seu poder de compra e venda - invenção histórica macabra que de tão usual parece natural como a satisfação das necessidades físicas. 

As febres que aparecem aqui e acolá em alguns grandes bancos e imobiliárias já denunciam as infecções no organismo financeiro, que somente sobrevive graças ao crédito que se dá às moedas oficiais falsas e fortes, porque sem conexão com a produção de mercadorias - fonte da inflação global -, e ao extermínio populacional pelas guerras - como no século passado com as duas guerras mundiais e outras localizadas que ocorreram e ocorrem permanentemente -, fome e pestes. 

 Veremos o colapso via consumo mediada pela compra e venda de mercadorias em face da inexistência de moeda capaz de promover o intercâmbio comercial, fato que nos impelirá a uma produção de bens destinada exclusivamente à satisfação do consumo, e tudo em meio a grandes convulsões sociais.  

Se sobrevivermos à barbárie atual, e estabelecermos outro modo de relação social baseada apenas na produção para satisfação do consumo, com o uso dos saberes tecnológicos aplicados a essa produção, de modo ecologicamente sustentável e sob outro ordenamento jurídico constitucional e de direito ordinário, então viveremos em outro estágio da civilização. 

 Mas será que continuaremos a correr para o abismo - como uma manada irracional de bois - seguindo cegamente o fetichismo da mercadoria sem questioná-lo e superarmo-lo?  

Sobreviveremos a isto?  

Esta é uma pergunta que não quer calar! (por Dalton Rosado) 

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