A entrevista de Carla Zambelli à Folha de São Paulo tem repercutido fortemente entre as forças bolsonaristas e é um sinal ou de que o navio está sendo abandonado ou houve sensível mudança de estratégia.
Zambelli é uma das mais diletas apoiadoras do ex-presidente fujão, tendo protagonizado dezenas de combates no Congresso e nas Redes Sociais em favor do líder. Possui uma ficha corrida de processos no STF e no TSE, sendo um dos mais notórios o de quando correu armada atrás de um homem no sábado anterior ao segundo turno da eleição presidencial de 2022.
Este último fato é atribuído por Bolsonaro como fator decisivo para sua derrota eleitoral, pois, em sua concepção, o ato de Zambelli teria afastado os eleitores moderados, jogando-os por completo no colo de Lula. Certamente, não deve ter sido algo tão crucial, mas com certeza foi impactante, e desde o acontecido a deputada tem sido afastada do convívio do genocida.
Neste caso, ela pode ter feito o cálculo correto e, por não estar mais nas graças do clã bolsonarista, ter considerado ser o melhor abjurar o antigo credo e excomungar o velho deus. Se a antiga religião não enche mais os cofres do templo, o melhor é pular para a nova. Por isso, seu aceno ao STF, nomeadamente a Alexandre de Moraes, e a busca por trilhar um caminho mais cordato.
Não é surpresa, pois a essência do bolsonarismo é ser formado por um arremate de oportunistas buscando cada qual seu próprio interesse e benefício. São os aventureiros de todas as épocas de crise que se assomam e seguem o vento para onde ele estiver soprando. Passado o sopro mais intenso, logo correm a desembarcar e protegerem o melhor possível suas posições conquistadas.
Contudo, podemos também estar assistindo a uma nova estratégia do bolsonarismo, o de distender o clima para salvar-se no período defensivo aberto desde o levante do dia 8 de janeiro. Não se pode esquecer a longa passagem da deputada nos EUA no começo do ano e seus encontros com figuras proeminentes da extrema-direita brasileira e internacional por lá, indicando, talvez, uma ação coordenada a partir do núcleo duro dos reacionários.
Seja como for, algo se movimenta no seio bolsonarista, seja para mudar ou para estabelecer um caminho diferente do já tomado. (por David Emanuel Coelho)
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