terça-feira, 10 de janeiro de 2023

DEPOIS DA BARBÁRIE FASCISTA, A HIPOCRISIA SEM IDEOLOGIA

As charges são todas do Jota Camelo

Por que a selvageria dominical ultradireitista foi rejeitada praticamente por todos os cidadãos que desfrutam de notoriedade e têm uma imagem a manter?

Porque ultrapassou as quatro linhas (um dos clichês favoritos do responsável nº 1 por essa ridícula tentativa golpista) e foi destruindo tudo pelo caminho, desde as cadeiras das arquibancadas até o estacionamento do estádio.

Os registros dessa barbárie explícita foram vistos no Brasil inteiro e chocaram os que se impressionam mais com fogos de artifício do que com disparos reais.

Pois infinitamente mais grave havia sido a tentativa de mandar pelos ares, no aeroporto de Brasília, um caminhão transportador de combustível. Eliminaria pessoas como moscas, ao invés de causar meros estragos e prejuízos materiais, quiçá simbólicos.

Mas, as projeções matemáticas de institutos confiáveis do exterior, segundo as quais cerca de 400 mil mortes na pandemia foram causadas pelo negacionismo e sabotagem à vacinação impostos por Bolsonaro, a poucos cidadãos comuns comoveu. São meros números. 

Incomodou a mim, pois já assisti a partidas de futebol com 100 mil torcedores e tenho uma boa noção do que sejam quatro vezes tal multidão. Afora haver tido, durante a vida adulta inteira, o hábito de caminhar pelas ruas das cidades onde estava, sempre interessado em saber como viviam as pessoas simples do meu país. Exatamente as que mais morreram, assassinadas sob as ordens do genocida.

Mas, os poderosos e os famosos não são iguais a mim. Nem de longe. Quase todos perseguem obsessivamente uma condição que os coloque bem acima do seu próprio povo.

Como poderiam ter verdadeira, já nem direi empatia, mas ao menos compaixão  pelos explorados suarentos, pançudos e mulambentos?

Hoje travam uma acirrada disputa para provarem que são mais democratas do que aqueles que competem pelos mesmos espaços no noticiário. 

Quando o Bozo assumiu e havia muito receio de que fosse deflagrada logo em seguida uma exterminadora Operação Jacarta, lembro-me muito bem de quão poucos ousavam rotulá-lo publicamente com os adjetivos que utilizam de boca cheia agora, quando até o engavetador-geral da República Bozóica resolveu exibir o muque contra os seus protegidos de setembro de 2019 até a semana retrasada...

Então, eu que não acompanho nenhuma onda que não sejam as do mar, tenho a dizer que:
— em nenhum momento houve verdadeira possibilidade de putsch vitorioso no domingo passado;
— foi mero vandalismo e demonstração destrambelhada de força, pois invadir prédios vazios e depredá-los não passa de ideia de jerico, só servindo para entregar preciosos trunfos propagandísticos ao inimigo que se pretendia atingir;
— o resultado óbvio foi tornar a bestialidade da extrema-direita execrada como nunca e dar ao Lula uma nova oportunidade de interpretar o seu papel predileto, o de homem providencial;
— a invasão estadunidense do Capitólio já demonstrara de forma cabal que hordas desmioladas e indisciplinadas, quando seu líder as abandona e delas se distancia por receio de responsabilização legal, descontrolam-se e cumprem mais o papel de bumerangue que o de aríete (ao invés de derrubarem as muralhas do inimigo, infringem pesados danos à causa que elas mesmas  defendem); e
— ainda que a incrível falange Bozoleone, como uma moeda caída em pé, reconquistasse o governo, não o conseguiria sustentar nem por uma semana, pois o principal do poder econômico e da institucionalidade burguesa já havia chegado a uma conclusão definitiva quanto àquele que ambos haviam impingido como fake presidente na fraudadíssima eleição de 2018.

E qual era? A de que urgia desbozificar o Brasil, em primeiro lugar por ele prejudicar negócios importantes com sua ciclotimia e surtos de loucura, comprometendo a estabilidade dos cenários que grandes investidores exigem para fazer grandes investimentos. 

Depois, por privilegiar vira-latas do capitalismo como os predadores ambientais em detrimento da imagem do país no exterior e da obtenção do retorno bem maior simplesmente mantendo as florestas como santuários ecológicos. Y muchas otras cositas más...

Agora finalmente se fará o que já deveria ter sido feito em 2020, quando ficou totalmente evidenciado que, caso o mico fantasiado de mito  não fosse impichado o quanto antes, o saldo em mortes de inocentes seria descomunal. Como acabou sendo.

Mas, a extrema-direita não está morta e, depois de reagrupar-se, reciclar-se e escolher um líder que não fuja na horas decisivas, tende a crescer de novo lá por 2024 ou 2025, se o povo não obtiver aquilo que desesperadamente anseia nesta recessão tão prolongada: a retomada do desenvolvimento econômico.

Nunca esquecerei como, da noite para o dia, o fugaz milagre brasileiro fez os brasileiros trocarem as piadas de baixo calão que faziam a boca pequena sobre os generais ditadores pelas aclamações ao carrasco Médici no estádio do Maracanã.

Será bom se os áulicos contarem isto ao Lula. (por Celso Lungaretti)

2 comentários:

Anônimo disse...

É cara de Bunda, ou seria maldade minha?
https://midias.jb.com.br/_midias/jpg/2023/01/10/468x311/1_ibaneis-712323.jpg

celsolungaretti disse...

Boa!

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