terça-feira, 10 de janeiro de 2023

GOLPISMO NÃO FOI OBRA SÓ DE BOLSONARO

 O plano do golpe germinou e cresceu com o apoio dos pastores evangélicos, policiais e supostos jornalistas.

O golpe vinha sendo alimentado há quatro anos pelos pastores nos púlpitos, congregações ou tendas evangélicas, agindo junto a pessoas simples e sem cultura. Uma grande maioria dos dirigentes protestantes, agora também conhecidos como evangélicos, aceitou aderir à extrema direita fascista para ter acesso ao poder político.

As igrejas, com cultos duas vezes por semana, escolas dominicais, reuniões semanais de jovens e idosos são hoje o setor mais politizador do país, porém de maneira discreta, mesmo imperceptível para os profanos. A grande imprensa desconhece esses lugares onde se abastecem os cérebros do gado bolsonarista.
 
Foram elas, as igrejas, com seu proselitismo, a base da vitória de Bolsonaro. A senadora
Damares Alves, eleita com mais de novecentos mil votos, é uma prova, e Michelle Bolsonaro poderá ir na esteira, caso o marido se torne inelegível.
 
Qual o segredo do crescimento político do evangelismo? Não há necessidade de uma plataforma de promessas econômicas, salariais, profissionais, de saúde, nada disso. Os pastores prometem o céu e as pessoas simples aceitam: serão felizes depois da morte.
 
Não podemos esquecer as pregações e os gritos golpistas de
Silas Malafaia, os apelos golpistas de Cláudio Duarte e de outros pastores usando de forma desinibida a Bíblia para justificar suas falas antidemocráticas e em favor de uma ditadura teocrática bolsonarista.
 
E quando não são os pastores, são os chamados formadores de opinião, da
Jovem Pan ou da Record e deve haver outras rádios e jornais e redes sociais na mesma linha. Há mesmo gente falando dos EUA, onde se sentem seguros para pregar o golpe. 

Ainda agora, descrevendo as invasões em Brasília, chamavam os vândalos criminosos de manifestantes e não de golpistas. Para eles, tudo é permitido em nome da liberdade, inclusive se pregar um golpe de estado e querer fechar o STF.

Lembram-se do quebra-quebra em Brasília, no 12 de dezembro, quando incendiaram carros e ônibus? Com a maior cara de pau e o maior cinismo, falavam terem sido petistas infiltrados e, agora, devem estar falando a mesma coisa…

Quanto aquele quebra pau, até o dia de hoje a polícia do governador recém afastado Ibaneis Rocha não prendeu ninguém! Ainda agora, no começo da invasão de milhares de bolsonaristas à Esplanada, não havia reforço policial e provavelmente também não haveria prisões, se não fosse a intervenção federal no DF. E diante dos estragos feitos, inclusive em obras de arte, nos ataques dos golpistas, o que fez ele? Escreveu uma carta de desculpas ao presidente Lula. Ora, deveria ter apresentado sua demissão!
 
Mas não foram só falsos jornalistas, mentores de redes sociais, pastores e governadores que vinham preparando o golpe na água morna nestes quatro anos. Também havia a participação de policiais, situação clara no flagrante de PMs de Brasília tomando água de côco enquanto se quebravam as portas do Palácio do Congresso ou do STF. Outros conduzindo mesmo os golpistas aos seus alvos.
 
Tudo disso poderia ter sido evitado se Augusto Aras ou sua substituta Lindora Araújo tivessem aplicado a lei. Porque não aplicaram?! Devem ter razões bem fortes…
 
E o responsável por tudo isso já foi para bem longe, de onde agora será difícil voltar. Jair Bolsonaro, o presidente instigador do golpe, que negociou o apoio com os pastores evangélicos, pensava ir pedir a nacionalidade italiana, que lhe daria imunidade. Mas a chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, embora sendo também de extrema direita, já criticou os ataques em Brasília, juntando-se na condenação aos golpistas feita também por Emanuel Macron e Joe Biden, entre outros, o que coloca um banho de água fria nas intenções do ex-presidente.
 
Ficará aos olhos do mundo a propaganda negativa após a ação deflagrada pelo bando de bolsonaristas e a depredação dos prédios governamentais. Nesta segunda-feira, 09, os jornais estrangeiros estampavam em suas manchetes o fato.  

Contudo, não é possível haver dúvidas que o golpe fracassado estava sendo gestado há quatro anos a partir da liderança perniciosa de Jair Bolsonaro, o qual agora refugia-se bem longe do Brasil em algum resort de Orlando. (por Rui Martins)

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails